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domingo, 18 de junho de 2023

Sotaque mineiro é o mais charmoso e atraente do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Que o sotaque mineiro é o mais atraente, cativante, charmoso e gostoso de ouvir do Brasil, isso é fato que todo mineiro sabe, mas agora, foi confirmado. Pesquisa realizada pela Preply confirma isso. E mais ainda, coloca o sotaque mineiro entre os mais inconfundíveis e desejado em falar do Brasil.
          A Preply é um aplicativo de aprendizado de idiomas e plataforma de e-learming. São mais de 50 idiomas ensinados com mais de 140 mil instrutores de 203 países. A sede é na capital da Ucrânia, Kiev. A empresa tem ainda escritório em Barcelona, na Espanha. (na foto acima de César Reis)
          Para elaborar o ranking a plataforma entrevistou 700 brasileiros de todas as regiões do país.
          Numa pontuação de 1 a 10, a empresa divulgou o ranking dos 8 sotaques mais votados nos 4 quesitos pesquisados: Charme, cativante, inconfundível e o mais desejado.
          Os entrevistados apontaram o sotaque mineiro o mais charmoso e cativante do Brasil, levando nota máxima, dez. Já o sotaque fluminense e mineiro foram apontados pela maioria dos entrevistados na pesquisa como o sotaque mais desejado em falar e o mais inconfundível. (na foto acima de Nacip Gômez, Conceição do Mato Dentro MG)
          Na avaliação da Preply, o jeito cantado de falar do sotaque montanhês (mineiro), bem como a tradição de usar palavras diminutivas contribui para tornar o jeito de falar dos mineiros charmoso, desejado, inconfundível e cativante.
A lista dos sotaques mais charmosos do Brasil:
Posição              Sotaque              Pontuação

                     Mineiro                  10
                     Baiano                    8.6
                     Fluminense            8.3
                     Gaúcho                   7.4
                     Paulista                  6.2
                     Pernambucano      5.2
                      Catarinense            4.8
                     Cearense                4.5
A lista dos sotaques mais cativantes do Brasil:
Posição                Sotaque             Pontuação

                         Mineiro                 10
                         Baiano                   8.5
                         Cearense               5.2
                         Fluminense           5
                         Pernambucano     4.3
                         Gaúcho                  3.8
                         Catarinense           3.4
                         Paulista                 3.1
          Em termos de sotaque inconfundível, o sotaque fluminense foi o mais pontuado, seguido pelo sotaque baiano e mineiro.
A lista dos sotaques mais inconfundíveis do Brasil
Posição                 Sotaque             Pontuação

                          Fluminense         10
                          Baiano                  8.8
                          Mineiro                 7.4
                         Gaúcho                 6.9
                         Paulista                5.8
                         Cearense              4.2
                         Pernambucano    3.4
                         Catarinense          2.6
          No quesito sotaque mais desejado, aquele sotaque que todos sonham em falar um dia, se pudessem escolher, o sotaque fluminense levou a primeira colocação, seguido pelo sotaque mineiro e gaúcho
A lista completa dos sotaques dos sonhos
Posição             Sotaque                     Pontuação

                      Fluminense                 10
                      Mineiro                        9.8
                      Gaúcho                        8
                      Baiano                         7.3
                      Catarinense                5.5
                      Paulista                       5.4
                      Pernambucano           3.3
                      Cearense                     2.2
Fonte das informações: Pesquisa da Preply

quarta-feira, 17 de maio de 2023

12 principais identidades mineiras - Segunda Parte

(Por Arnaldo Silva) Dando sequência ao tema sobre as principais identidades mineiras, essa é segunda parte com mais 12 identidades mineiras. A parte anterior, também com 12 identidades mineiras, somada com a segunda, formam um conjunto de 24 identidades mineiras formada pela cultura, culinária, folclore e religiosidade mineira. 
01- Esmaltados
          Bule, chaleira e principalmente canecas esmaltadas não faltavam nas casas mineiras. Era um luxo só! Estavam presentes nos currais para tomar leite ao pé da vaca, no bule, para tomar aquele cafezinho feito na hora. Mesmo hoje com tanta coisa nova, os esmaltados não saíram de moda e continua sendo sonho de consumo e luxo nas casas mineiras, usadas até como enfeites. É uma identidade mineira que realça a beleza da nossa cozinha. (foto acima de Chico do Vale)
02 - Viola Caipira 
           A viola faz parte da alma mineira, é uma das nossas identidades culturais, presente em Minas desde os tempos do Brasil Colônia. Presente na vida das famílias mineiras seja no campo ou na cidade. Uma cena comum e tradicional são as rodas de viola á beira de uma fogueira, entoando canções que retratam a vida do povo do interior. Na cidade, era instrumento imprescindível nas românticas serestas ao luar. Viola é tão importante para Minas que foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Minas. Viola é a alma musical do mineiro. (na foto acima de @arnaldosilva_oficial, viola caipira feita de bambu pelo luthier Cabral de Bom Despacho MG)
03 - Doce de leite
          Minas sempre foi destaque na produção de leite no Brasil. Atualmente é o maior produtor e claro, produz o melhor doce de leite. Ainda estamos numa briga danada com os argentinos, sobre quem inventou o doce de leite. Nós mineiros ou os Hermanos. Eu tenho certeza que fomos nós, isso faz tempo, desde o século 18 o doce de leite existe em Minas. Mas deixa essa briga pra lá, o importante é que doce de leite é uma das mais antigas e fortes tradições da nossa culinária. Saiu das senzalas das fazendas mineiras para nossa mesa. Doce mineiro é o melhor do Brasil, sem dúvida e combina perfeitamente com o nosso queijo Minas. Mineiro sentado numa mesa com queijo e aquele docindileite, tudo a ver.
04 - Carro de bois
          Antigamente, carro de bois era um trem que servia pra tudo. Era carro funerário, transportava mercadorias, servia de lotação e nas fazendas, era pau pra toda obra. O ouro de Minas ia para o porto de Paraty em carros de bois. Com o surgimento da indústria automobilística, foram com tempo caindo em desuso, se restringindo a poucas atividades nas fazendas. Mas é uma das mais nostálgicas identidades mineiras, tanto é que todos os anos, praticamente em toda Minas, as carreadas de carros de bois estão presentes. (foto acima de Wilson Fortunato)
05 - Queijo com goiabada
          Há mais de 200 anos que queijo com goiabada faz parte da nossa identidade. Nossa mais importante sobremesa. A partir da década de 1960 o Brasil e o mundo passaram a conhecer melhor nossa sobremesa e foi só provarem para coloca-la no cardápio. Hoje está presente em todos os cantos do mundo. Há mais de 200 anos que nós mineiros sabemos disso. O melhor queijo do Brasil com a goiabada mineira é fenomenal. É a cara de Minas! (Foto acima de Lucas Rodrigues/Queijo do Dinho de Piumhi MG)
06 - Tacho de Cobre
           A cena de fazer doces nos tachos de cobres é comum até os dias de hoje nas cozinhas das fazendas e até em casas na cidade mineiras. Sabe por que a preferência do mineiro pelo tacho de cobre? Porque ele preserva a cor original da fruta. Ou seja, o doce de mamão fica verdinho, de laranja da terra, amarelo. O doce de limão fica da cor do limão. O doce de figo fica da mesma cor quando os frutos foram colhidos.
          Por isso que nossos doces são feitos no tacho de cobre, que além de manter a cor original, preserva o sabor original das frutas também. Não são a toa que nossos doces sempre foram considerados os melhores. Pronto, contei nosso segredo.
07 - Mancebo 
          Mancebo é uma armação maior em madeira ou ferro que sustenta o coador. Nesse caso, o bule é grande e o coador também. Isso porque as famílias antigamente eram numerosas. Para as famílias pequenas existe a mariquinha, que é mesma coisa do mancebo, mas só que bem menor, com um pequeno coador e uma caneca esmaltada, no lugar do bule. 
          Seja num mancebo ou numa mariquinha, coar café no coador de pano é identidade de nosso povo do interior, desde os tempos antigos até os dias de hoje. Em minha casa, na cidade, o café é coado num coador de pano sobre esse mancebo que vê ai na foto. Sou mineiro, uai!
08 - Panela de Ferro
             Além da panela em pedra sabão, outra panela é uma de nossas identidades. É a panela de ferro fundido. No final do século 19 e início do século 20, os famosos caldeirões de ferro já dominavam as cozinhas mineiras. Era raro não serem encontradas nas cozinhas das casas na cidade e das fazendas. 
          As panelas são resistentes, duram décadas e muitas delas passam de geração a geração. Em Minas tem famílias que tem essas panelas e caldeirões com mais de 150 anos de uso. Uma cozinha mineira sem panela de pedra sabão e de ferro, não é cozinha mineira. Elas dão mais sabor à nossa rica gastronomia e nos identificam.
09 - Festa do Reinado
            As cores vivas dos estandartes e das roupas coloridas dos reinadeiros revelam a mais pura identidade religiosa mineira, já incorporada à vida do nosso povo (na foto acima em Bom Despacho MG)
           As comemorações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, que começa em julho e se estende até outubro, por todas as cidades mineiras, teve origem no século 18, com o escravo Chico Rei, em Ouro Preto. Antes uma festa de origem negra, hoje é festa de todo o povo mineiro, expandida para outros estados brasileiros. As congadas com seus cortes são uma das mais belas manifestações folclóricas e religiosas de Minas. Uma das mais fortes identidades mineiras.
10 - Goiabada Cascão
           Uma das mais gostosas identidades mineiras. A receita saiu das senzalas para nossa mesa. Eles faziam o doce cremoso de goiaba normal, com a polpa da, para os senhores. E nas cozinhas das senzalas, eles aproveitavam a casca inteira e a polpa e fazia para si o doce que chamavam de goiabada. Pela grande quantidade de cascas grandes da fruta que ficavam à mostra no doce, acrescentaram a palavra cascão. Assim ficou, goiabada cascão, mais apreciada que o doce comum de goiaba. 
          Quer conhecer a original e única goiabada cascão? Conheça São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG (na foto acima, Dona Doquinha, uma das mais antigas doceiras de São Bartolomeu, batendo a goiabada cascão no tacho). Lá é a terra desse doce. Experimenta a Cascão com doce de leite mineiro e queijo Minas. É divino. Mineiro tem bom gosto não é?
11 - Bolo de fubá assado na brasa
           Num tempo em que não existia trigo no Brasil, no início da colonização, o fubá e o polvilho eram o ingredientes para tudo. Do fubá surgiram várias receitas tradicionais mineiras, como as broas e o bolo de fubá na brasa. Além do trigo, não existia fermento, mas existia bicarbonato e fogão a lenha. Não tinha forno de barro ainda não. A criatividade mineira se sobressaiu. A massa era feita, colocada numa panela de ferro e ia para o fogão em brasa. Por cima colocavam uma chapa de ferro e brasa ardente.
          Quem já experimentou bolo assim sabe o quanto é saboroso. E o cheiro exala pela casa toda e fica guardado em nossa memória aquele cheirinho bom. Bolo assado na brasa é uma identidade mineira marcante, pela delícia que é.
12 - Café no coador de pano
           E por fim, termino com café porque é minha bebida café. Minas sozinha lidera a produção de café no Brasil com a qualidade dos grãos reconhecida internacionalmente, com várias premiações nos principais concurso internacionais de café. (foto acima de Chico do Vale) A bebida desde o século 18, quando os primeiros grãos de café foram plantados na Zona da Mata Mineira, virou tradição. É uma bebida imprescindível no dia a dia do mineiro. 
          Mesmo antigamente, indo pra roça trabalhar, o mineiro levava seu cafezinho numa cabaça. Hoje leva na garrafa térmica. Tem uma história que diz que entre paciência e café, o mineiro prefere a paciência porque se der café a ele, com certeza, vai tomar tudo, de tanto que adora café.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

A venda do Zé de Lagoa da Prata

(Por Marina Alves/Lagoa da Prata) A venda do Zé tem tudo. As coisas mais impensáveis? Lá tem. E parece que existe desde sempre, tão compridas são minhas lembranças. A venda do Zé é um armazém, e essa palavra armazém é aquela que dá um aconchego bom quando a gente fala, ouve e experimenta. É a venda do recurso. Aquela onde você pensa ir, quando quer um trem diferente — assim mesmo, um “trem” que não tem em outro lugar. E lá tem “trem” porque é uma venda que fica em Minas Gerais, num lugarzinho do interior, “bão dimais da conta” de morar — pra quem mora — e “bão dimais da conta” de passear, pra quem não mora.
          A venda do Zé resistiu ao tempo. É daquelas que ficam numa esquina com portas abrindo para duas ruas. Tem letreiro na parede, que se avista de longe. Tem coisas que da banda de fora já chamam a gente para entrar, só pra ver mais de pertinho E entrando, a gente vai ver, por exemplo, panela, socador de alho, chapéu, lamparina, filtro de barro, pomada para sapato, agulha pra máquina de costura, marmita, torrador de café, colher de raspar coco, xaxim, baleiro giratório, esmaltados, vassouras, moringa em barro decorado e tudo mais que se precisar.
          Dentro da venda há coisas empilhadas daquele jeito bonito de antigamente. Há balcão, prateleiras atravessadas, contando de um tempo que não volta mais. Na verdade, quando o tempo de outras épocas percebeu o perigo que corria de se perder, ele pediu guarida na Venda do Zé. O tempo mora lá. É por isso que a gente vai lá quando quer encontrar uma peça de outro tempo. E é só lá que tem — todo mundo da cidade sabe disso.
          Prova que tudo é verdade é um lampiãozinho que dia desses precisei de última hora. No sufoco, meu amigo Sebastião me disse:
— Uai, só se for no Zé Tem Tudo.
          E na venda tinha! E ainda pude escolher entre o vermelho e o amarelo. Graças a Deus e graças à Venda do Zé, pude levar minha ideia adiante.
          Faltou alguma coisa? Corre lá! Venda do Zé, patrimônio já consagrado na história desta bonita cidade chamada Lagoa da Prata MG.
Imagens: acervo do Armazém Zé Tem Tudo (celebração de seus 50 anos de existência

terça-feira, 14 de março de 2023

A influência caipira na identidade mineira

(Por Arnaldo Silva) Em sua origem, caipira é uma região histórico-cultural que surgiu no final do século XVI e início do século XVII, com os sertanistas e bandeirantes paulistas quando passaram a adentrar pelo interior do território paulista. Foram os índios Guaianás, antigos habitantes do que é hoje a região do Médio Tietê Paulista, que deram o nome caipira aos portugueses, bandeirantes e sertanistas que adentravam nas matas , abrindo clareiras para passagem. Cortavam o mato para abrir caminho, por isso eram chamados pelos indígenas de caipiras, que na linguagem tupi significa “cortadores de mato”.
          Os bandeirantes, principalmente os capitães das bandeiras eram formados em sua maioria por descendentes da primeira e segunda geração de portugueses e outros povos que vieram para o Brasil no início do descobrindo, se instalando em São Paulo.
Inicialmente atuavam na captura de índios para escravizá-los ou eliminá-los, na destruição de quilombos e mapeamento de territórios na busca de prata, ouro e diamantes. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes e suas bandeiras passaram a atuar como mineradores e suas bandeiras, como se fosse uma empresa de mineração. (imagem acima de morador de Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG, feita por Lucas Carvalho/@elclucas)
O início da Paulistânia Caipira
           Na medida que ia entrando pelas matas e abrindo espaço para passagem, começaram a ultrapassar as fronteiras da capitania. Começa assim a influência paulistas nos territórios nas divisas de São Paulo, formando assim uma região geográfica de influência bandeirante, em termos culturais, sociais, históricos, gastronômicos e claro, de expansão domínio territorial. (foto acima de Lucas Carvalho/@elclucas em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
          Essa região geográfica compreendia o estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais, principal no Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Região Central que compreende o Oeste Mineiro, Centro-Oeste Mineiro e o Quadrilátero Ferrífero, principal região de mineração em Minas Gerais, desde os tempos do Ciclo do Ouro.
          São regiões de influência de sertanistas, bandeirantes e de forte presença tropeira, principalmente em Minas Gerais. Com a descoberta de ouro em Minas, a migração de bandeirantes e suas bandeiras, além da presença constante e crescente de tropeiros, trouxe e solidificou em Minas Gerais a cultura e estilo de vida Caipira a partir de meados do século XVII, se intensificado a partir de meados do século XVIII. (na tela acima do artista plástico mineiro Rui de Paula, retrata descanso de tropeiros em Ouro Preto MG)
A região da Paulistânia
          A nominação da influência bandeirante e sertanista nesta região é chamada de Paulistânia. O topônimo tem originem no nome Paulo + o sufixo latino “ista” que é a definição do povo originário de São Paulo + “ia” do latim que significa “terra”. Ou seja, “terra dos paulistas”, por isso o termo Paulistânia.
          Esse termo segue a mesma ideia, por exemplo de outros povos expansionistas como Germânia, “Terra dos Germanos”, Luzitânia, “Terra dos Lusitanos”, etc. Esse nome surgiu na época de expansão da influência dos domínios paulistas além das divisas da antiga Capitania de São Vicente, se tornando em constante e em grande número em Minas Gerais, a partir da descoberta de ouro.
O que é a Paulistânia
          A Paulistânia não era apenas uma expansão territorial da influência paulista no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, mas a expansão de uma cultura, de um estilo de vida, gastronomia, tecnologia agrária, mineração, linguajar, vestimenta e estilo musical.
O estilo caipira não é o estilo sertanejo
          Vale frisar que o estilo caipira não tem nada a ver com estilo sertanejo, embora todos pensam que são a mesma coisa.
          Embora a região tenha recebido a partir de meados do século XVIII e XIX a presença de bandeirantes e tropeiros, que ampliaram a influência Paulistânia na região, foi a partir do início do século XX, com a politica de abertura de estradas e povoamento do Governo que o estilo sertanejo começou a se solidificar como região cultural, quando a região, principalmente Goiás e o Planalto Central, passou a receber um fluxo migratório enorme de mineiros. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Bom Despacho MG)
          Em termos de cultura, estilo de vida e tradição, o estilo caipira e sertanejo tem muitas diferenças. O estilo sertanejo reflete a cultura e tradição dos povos originários do Centro-Oeste do Brasil e não do caipira tradicional de São Paulo e Minas Gerais, formado entre os séculos XVI, XVII e XVIII, bem antes do surgimento do sertanejo como cultura própria do Centro Oeste Brasileiro.
Nem todo caipira é um caiçara
          Outro erro é referir-se ao caipira em geral como caiçara. Não é, e nem pode. Isso porque o caiçara é um povo formado pela miscigenação de portugueses, africanos e indígenas do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Os caiçaras viviam da pesca litorânea e devido a influência da Paulistânia em suas origens, incorporaram ao seu estilo de vida a cultura caipira. Ou seja, o caipira mineiro não é caiçara, não temos litoral em Minas Gerais. A influência da Paulistânia caipira entre os caiçaras se estendia de Paraty até a faixa litorânea do Paraná.
          Caipira e Caiçara são culturas regionais diferentes, não apenas na música mas na sua origem e estilos de vida.
Caipira com estilo próprio
          Em Minas Gerais a Paulistânia Caipira passou a ser apenas Caipira, isso porque não houve a aculturação completa da cultura caipira original paulista entre os mineiros, devido a forte identidade mineira, avessa a mudanças radicais desde suas origens. (foto acima de Lucas Carvalho/@elclucas em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
          O mineiro preservou sua fala, sotaque, dialeto, tradições, vestimentas, culinária, dança, música, religiosidade e também sua arquitetura caipira, diferente da arquitetura caipira paulista. Ou seja, o caipira mineiro é diferente do caipira paulista. Mesmo sendo a mesma região de influência, em Minas Gerais prevaleceu o estilo caipira próprio.
          Ao contrário até do próprio estilo da caipira paulista, que recebeu forte influência da cultura europeia, com a chegada de imigrantes à São Paulo a partir de meados do século XIX, principalmente de italianos. A imigração europeia em Minas foi em menor proporção, em relação a São Paulo, por isso a influência europeia na cultura caipira, gastronômica, social, econômica e cultural mineira foi pequena.
          Isso porque a influência do estilo caipira não se refere apenas ao modo de falar e vestir do povo das regiões de influência da Paulistânia, mas também na moradia, na religiosidade na ligação do caipira com comunidade em seu redor, na culinária, nos ritmos musicais, no estilo único das moradias caipiras. Essas são as bases da cultura caipira que se manteve intacta em Minas Gerais, devido a pouca presença de imigrantes, se mantendo a tradição da miscigenação portuguesa, africana e indígena originais nas tradições caipira mineira.
A influência caipira na música mineira
          Em termos de música, a música tradicional caipira continua do mesmo jeito como surgiu. Vale frisar mais uma vez que música caipira não é a música sertaneja do Centro Oeste do Brasil. São estilos e origens diferentes. (fotografia de Lucas Carvalho/@elclucas em São João Del Rei MG)
          A música sertaneja hoje é chamada de Sertanejo Universitário, devido a evolução natural desse estilo musical, desde sua origem. Já a música caipira, continua sendo música caipira, não tem evolução. Ou seja, a música sertaneja atual não é a sucessora e muito menos evolução da música caipira. Música sertaneja é música sertaneja e música caipira é música caipira, são estilos e características diferentes. Simples assim.
          O que difere a música sertaneja e a caipira são os instrumentos, o estilo de voz e os ritmos. Enquanto o sertanejo evoluiu para segunda voz, uso de instrumentos não tradicionais como baterias, teclados, guitarras e composições românticas, a música caipira preserva a originalidade em seus ritmos e nas composições musicais, que retrata a vida do caipira, de suas tradições, sotaques e religiosidades, além de preservar seus vários ritmos musicais.
          Em Minas Gerais os ritmos caipiras são preservados em sua origem, desde a influência Paulistânia em Minas Gerais no século XVIII e XIX.
          São ritmos caipiras presentes até os dias de hoje em Minas Gerais da mesma forma como em sua origem: a moda de viola; o arrasta-pé, dança de São Gonçalo, querumana, cana-verde, caiapó, recortado mineiro, cururu, toada, catira, cateretê mineiro, curraleira, inhuma, batuque de viola, batuque, fandango mineiro, mangagá, vai de roda, pau de fitas, xote, ludovina, catrumano, ladainha, quatro, lundu, moçambique, congo, seresta, e cantigas de roda. Esses são os ritmos caipiras preservados em Minas, nas outras regiões de influência Paulistânia existem outros ritmos e estilos musicais caipiras preservados, de acordo com a região,
          Além disso tem os folguedos presentes não só em Minas mas nos estados e regiões de influência da Paulistânia como a Folia de Reis, o Congado, as Cavalhadas, as músicas dos festejos da Festa do Divino, Festa de São Gonçalo, Festa de São João, Festa de São Benedito, Festa da Santa Cruz e Festa de Santo Antônio.
          São esses os ritmos e estilos da música caipira mineira, com origens nos séculos XVIII e XIX. Isso porque os ritmos musicais da influência da Paulistânia são diferentes nos estados de influência regional, como por exemplo, os ritmos musicais paulistas e mineiros são diferentes, embora sejam ritmos caipiras.
Orgulho de ser caipira
          O conceito errado disseminado a partir de meados do século XX do que é a cultura caipira, foi baseada no personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato, posteriormente caracterizado na telona nos filmes de Mazzaropi. (foto acima de Lucas Carvalho em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
          O artista paulista era descendente de italiano e se inspirou no personagem de Monteiro Lobato e no estilo de vida do caipira paulista do interior de São Paulo, na região em que vivia, Taubaté.
          Mazzaropi apresentava o caipira do interior como sendo um tipo ingênuo, chegando a ser bobo, rude, rústico, desajeitado, usando roupas, botas e chapéu surrados, vivendo isolado em uma tapera velha e sotaque bem diferente dos que viviam nas cidades. Isso gerou conceito errado de que o caipira em si, era igual ao Jeca. Essa caracterização da literatura e cinema, além de promover uma ridicularização do caipira nas cidades grandes, dava a entender pelas elites, que este estilo de vida, era uma vida de atraso cultural, econômico e social.
          Ao mesmo tempo outros estilos de vida regionais, como o sertanejo e gaúcho eram manifestados com orgulho, tanto na música, na culinária, na vestimenta e no sotaque. Ao contrário do caipira, que se envergonhava de seu estilo e música, devido à visão urbana errada do que é ser caipira.
          Realidade que começou a mudar a partir das últimas décadas do século passado diante da tecnologia e facilidades de comunicação, acesso a educação básica e superior, que passou a aproximar as pessoas de suas realidades, modificando e acabando com esses conceitos, preconceitos e entendimentos errados sobre a cultura caipira. Além da própria consciência do caipira em valorizar sua identidade e origem caipira roceira.
          Hoje, morar no interior, na roça, vestir-se e falar como caipira não tem mais o sentido pejorativo do século passado, muito pelo contrário, hoje é normal a manifestação de sotaques, do modo de vida caipira, da cozinha com fogão a lenha. Antes era atraso, hoje restaurantes finos tem fogão a lenha, fornos de barro nas grandes cidades e inclusive em construções que retratam as típicas casas caipiras, além de ornamentações que lembram a vida do povo caipira.
          Além disso, as rádios das grandes cidades tocam música caipiras ao longo de sua programação. Antes eram apenas rádios AM que tinham programação de música caipira e ainda assim, de madrugada.
          Ser do interior hoje é entendido como estilo e qualidade de vida saudável, valorização das tradições e identidades locais. É chique!
          O caipira hoje não se envergonha do seu sotaque, da sua cidade, de seu estilo de vida, da sua cozinha com fogão a lenha, de morar, ser, viver e vestir-se como caipira, ao contrário, se antes era vergonha falar e ser caipira, hoje é motivo de orgulho.
          Ser caipira mineiro é falar, sentir e viver o estilo caipira em sua vida. É se orgulhar de suas origens roceiras, de sua música, seu jeito de falar e vestir-se, de sua casa simples, em estilo colonial, com fogão a lenha e forno de barro.
          Calça larga, bota, espora, camisa com peito aberto, cinturão, chapéu de couro, uma viola nas costas e fala mansa e rápida, com seu sotaque típico, que é diferente de falar errado por falta de conhecimento da língua portuguesa. Sotaque é uma coisa, falar errado é outra coisa.
          Uai sô, isso é ser caipira mineiro e com orgulho sim senhor!

sábado, 4 de março de 2023

Bons tempos aqueles!

(Por Lucas Carvalho) Eu vi minha avó fazer sabão de bola. Vi uma casa movimentada, pessoas chegando e chamando por ela toda hora. Vi fazer rapadura tendo antes o caldo da cana extraído de um moinho cujo o mesmo era girado por uma mula.
          Brinquei com uma lamparina passando o dedo em sua chama, dormíamos cedo, depois de rezar o terço, colchões de palha nos esperavam na cama.
          Bolinhas de gude, polícia e ladrão, rodar um pneu com a mão, pique esconde, acampamento e pescaria. Como é dito em uma canção: "Eu era feliz e não sabia."
          E num futuro distante espero que alguém por ler estas linhas mal escritas, olhe pra seu passado e reflita repetindo pra si em voz alta uma frase por mim muito dita: "Bons tempos aqueles…
Lucas Carvalhos/@elclucas é fotógrafo e natural de São João Del Rei. Fotos de personagens de Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG

sábado, 23 de abril de 2022

Mineiridade é diferencial turístico em Minas

(Por Arnaldo Silva) O turista vem à Minas Gerais atraído pela apreciada cozinha mineira, pelas cidades históricas, pelas montanhas, rios e cachoeiras, cultura, religiosidade e também pelo mineiro. O sotaque considerado o mais charmoso do Brasil, o jeito de viver e ser do mineiro, além de sua tradicional hospitalidade, é um dos atrativos turísticos de Minas.
          “Senta aqui sô, vamos tomar um cafezim, comer um pão de queijo e prosear um tiquim”. Um convite irresistível que todo mineiro faz às visitas, seja conhecido ou não. Não é exagero algum dizer que o melhor de Minas, é o mineiro. (imagem acima de de Ane Souz a Festa de São Bartolomeu, em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG)
Isso chama-se mineiridade!
          É com foco na mineiridade que o turismo em mineiro vem crescendo a cada ano. Tanto é que foi criado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), o Ano da Mineiridade.
          O objetivo é valorizar o orgulho de ser mineiro, evidenciar as raízes mineiras, a cozinha mineira, as serras e montanhas, os queijos artesanais, as tradições, o artesanato, os costumes, a hospitalidade e a simplicidade do estilo de vida do povo mineiro, presentes em cada região, cidade, distrito e vilarejo mineiro. Ou seja, a mais pura e autêntica mineiridade. (foto acima de Saulo Guglielmelli em Oliveira MG, Oste de Minas)
"Minas são muitas"
          São 22 milhões de mineiros, vivendo em 853 municípios, 1772 distritos e milhares de subdistritos e povoados. É como diz Guimarães Rosa “Minas são muitas. Porém são poucos aqueles que conhecem as mil faces das gerais”.
          Cada em cada canto de Minas encontra-se uma diversidade cultural, religiosa, folclórica e gastronômica, mas em comum, em todas as cidades, está a mineiridade, a hospitalidade e a simplicidade do mineiro, presente em toda Minas. (na foto acima a cozinha da Regina Kátia/@reginasfarm, mineira natural do Vale do Aço)
          A mineiridade faz com que Minas Gerais seja um dos destinos mais procurados do país e uma das regiões mais acolhedoras do mundo, confirmada pela Traveller Review, que divulgou em 2021 a lista das 10 regiões mais acolhedoras do mundo. Minas Gerais está na seleta lista entre os 10 destinos mais acolhedores do mundo, confirmando assim o reconhecido protagonismo hospitaleiro e acolhedor do povo mineiro.
          Seja em qual região de Minas Gerais estiver, da Zona da Mata ao Sul e Sudoeste de Minas, do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ao Noroeste, do Norte de Minas ao Vale do Jequitinhonha, do Vale do Mucuri ao Vale do Rio Doce, do Centro Oeste ao Oeste, da Região Metropolitana de BH à Região Central, o turista é sempre bem vindo e muito bem acolhido. (na foto acima de Elvira Nascimento, a cidade de Mariana, na Região Central, primeira capital de Minas Gerais e abaixo de Arnaldo Silva, o artesanato mineiro em Tiradentes MG, Campo das Vertentes)
          Em todas essas regiões, encontrará traços da genuína mineiridade expressadas na hospitalidade, nos costumes, música, culinária, artes, na religiosidade, nas tradições, artesanato, no café, nas quitandas, no fogão a lenha e no montanhês, o nome original do dialeto ou sotaque mineiro. (na imagem abaixo do Robson Gondim/@robsongondim, a beleza das montanhas mineiras vista da Vila Relicário, no Morro São João, em Ouro Preto MG, Região Central)
          Ah, Minas e esses mineiros! Quem te conhece, não esquece jamais!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Ah, Minas!

A verdade de Minas
é de quem
nunca saiu de lá
mesmo que os sonhos
tenham engendrado voos
para as grandes capitais
onde não se ouve o rorejar das águas cristalinas
despencando do alto
virando rio
buscando outras águas
pra alimentar o Velho Chico.

Quem não sabe de Minas a verdade
por certo não sabe do pó
da terra
da pedra
da limalha de ferro
que vai entrando pelos pulmões
sufocando vozes
no seu grito de liberdade
ou vira arte bela
nas mãos dos artesãos....

Quem nunca andou pelo solo mineiro
quem não parou pra ouvir o sotaque brejeiro
que é assim meio caipira
meio poesia
não sabe das angústias de um povo
que tem o horizonte encurtado pelas montanhas
as alterosas tão lindas
que impressionam o visitante
mas não revelam o grande segredo
dessa terra gigante
desse estado-diamante.

Quem sabe de Minas a verdade?
A que se esconde nas fissuras gigantescas
abertas por mãos ávidas de lucro
que transformam rejeitos tóxicos
em lama avassaladora e faminta
que a tudo devora num minuto
sem fazer distinção de nada?

É preciso ser mineiro
de coração ou de nascença
pra entender a verdade possível
a que escapole por uma pequenina fresta
quando um olhar mais atento
aquele que sai do fundinho do coração
olha assim de soslaio
e apreende o tesouro escondido.

Minas não é evidente!
Não. E nunca será.
E pra saber de Minas
é preciso intenção
e pernas pra andar.
Bom também ter ouvidos desejosos de prosa boa
e um olhar perscrutador
Se tiver ainda poesia na alma,
aí sim
a verdade de Minas se revelará
não de forma escancarada
mas aos poucos
como água saindo da nascente
à espera do tropeiro-viajante.

As riquezas de Minas
as que provocam rompimentos de barragens
explosões, inundações
vidas interrompidas
são fantasias capitalistas

O essencial
a verdade mais bonita
Ah!
É preciso ter olhos pra ver e sentir
todos os nossos Brumadinhos
Bentos Rodrigues
Marianas
tudo tão pequenino
lembrando presépio a céu aberto
e soberbo a um só tempo.

Minas é um grande mosaico
costurado de amores
Nenhum retalho é igual ao outro
mas essas sutilezas
só quem sabe da verdade de Minas
vai decifrar.

Poema de Amarília T. Couto
Imagem ilustrativa de Marselha Rufino em Itumirim MG

terça-feira, 27 de abril de 2021

Mineiro é um poema escrito na lousa da simplicidade

 Ser mineiro
 É despertar antes do sol pra clarear vidas
 E fazer dueto com o som dos animais no quintal
 E no meio do dia
 Ter um tempinho para ser verdadeiramente feliz.
 É rezar quieto
 com o quarto fechado
 E o coração aberto
 Uai,
 ser mineiro
 É ir logo ali
 E de repente, entrar no coração de tanta gente!
 É ter paz na fé
 E a companhia do café
 É perder as horas proseando na praça
 Deixando pegadas e saudade na estrada (...)
Giovani Arantes - @gioarantes_
As fotos que ilustram o poema, são de autoria de Luís Leite e foram todas feitas na Serra da Canastra em Vargem Bonita MG

É Minas

 Minas que não tem mar, mas tem riacho
 Entre a correnteza e o moinho canta a saudade sincera
 Na porteira alguém espera,
 a estreia de um doce “bão”.
 A avó prepara o carinho
 Enquanto o amor ferve no bule
 Toda estrada encontra
 Um cantinho de fé
 E em todo caminho
 Mora uma prosa boa
 Bença, Intercessora!
 Diz que vai logo ali
 Mas é cheio de distância
 Vestida de simplicidade elegante
 Cercada de montanhas
 A subida é dura
 Mas a visão é linda, é minas!
Poema de Giovani Arantes
Foto 01 de César Reis no povoado de Caixa D´água da Esperança, em Tiradentes MG
Foto 02 de Chico do Vale em Itumirim MG
Foto 03 de César Reis em Tiradentes MG

quinta-feira, 11 de março de 2021

12 vendas, botecos e mercearias antigas em Minas

(Por Arnaldo Silva) Populares no século XIX e principalmente no século XX, as antigas vendas, armazéns, mercearias e botecos estavam presentes nas cidades em cada esquina, em cada bairro, em cada vilarejo mineiro. Tinham de tudo e um pouco, desde fumo, bolas, produtos de limpeza, carnes, querosene, bebidas, sucos, fermentos, carne na lata, inseticidas, roupas, sapatos, utensílios domésticos, enfim, uma infinidade de utensílios.
          Mesmo os espaços pequenos das vendas, geralmente ocupando um cômodo das casas de seus donos, davam um jeito de colocar tudo lá dentro. Na foto acima e abaixo a Mercearia Carvalho, fundada na década de 50, no distrito de Santo Antônio do Alto Rio Grande, Bocaina de Minas, no Sul de Minas na foto acima do arquivo de Rodrigo Carvalho.
          Eram espaço sociais, de encontro de amigos e de família, numa época que se podia comprar fiado, com tudo anotado em caderneta, sem preocupação alguma do dono dos estabelecimentos.
         E mesmo com toda a modernidade do século XXI, as nostálgicas vendas e os pitorescos botecos ainda existem da mesma forma como antigamente. (na foto acima do Sérgio Mourão/@sergio.mourao, uma tradicional venda em São Geraldo do Jataí, distrito de Curvelo MG)
          Para reviver essa boas lembranças, conheça 12 antigas vendas, armazéns, mercearias e botecos em Minas Gerais. A lista está em ordem alfabética.
01 - Armazém São João em Bom Despacho
          Bom Despacho, no Centro Oeste de Minas, distante 150 km de Belo Horizonte, é uma cidade moderna, nos seus quase 300 anos de existência. Do passado antigo, restaram a tradição das antigas vendas, presentes nos povoados e vilas rurais, como no Engenho do Ribeiro, Garça e Passagem. São pequenas vendas e armazéns, que ainda resistem à modernidade e ao tempo.
          O Armazém São João, popularmente chamada de Venda da Passagem, foi fundado, como dá para ver na foto que fiz, Arnaldo Silva, de uma foto pendurada na parede do armazém, em 1 de junho de 1935, por João Cardoso. Como todas as vendas, ficava na esquina e fazia parte da casa do proprietário. De 1935 para cá, parece que o armazém parou no tempo. Pouca coisa mudou. De diferente, a energia elétrica e uma geladeira, para guardar as bebidas, além do arroz, óleo, sal, açúcar, feijão e café, que não são mais vendidos a granel. Mas o estilo e charme das vendas interioranas, continua o mesmo. E ainda, na mesma casa, com a mesma fachada, tudo igual. Casa simples, com telhado, sem forro, balcão para os fregueses tomarem uma pinga, feita na região ou uma geladinha e claro, balas, doces, queijos, utilidades domésticas, miudezas e tudo mais.
          Sem contar a simpatia do “Seu” Zé, como eu o chamava, esse senhor da foto acima, que infelizmente não está mais entre nós. Estive no povoado da Passagem em 2016 e tirei várias fotos. Era um senhor alegre, de fala mansa, gentil, atleticano, feliz com a vida, muito simples e se orgulhava de ter herdado a venda de seu pai, que hoje, está com seus filhos. Uma tradição maravilhosa e linda. Um lugar bem pitoresco e acolhedor em Bom Despacho.
02 - Armazém do Zé Totó em Belo Horizonte
          Fundado em 1943, no bairro Aparecida, em Belo Horizonte, bem no coração da capital mineira, está uma das mais tradicionais vendas de Minas. O Armazém do Zé Totó. A modernidade e o colossal crescimento de Belo Horizonte, não mudou em nada a vida da família do Zé Totó. Sua venda continua do mesmo jeito e no mesmo lugar, como antigamente. 
          Foi fundada por José Alves dos Santos, o Zé Totó, falecido em 1950. Como todas as vendas tinha o nome do dono, a venda era conhecida como Venda ou Armazém do Zé Totó. Seu filho mais velho, mesmo ainda menino na época, cuidou da venda do pai, após seu falecimento. Por isso é carinhosamente chamado por todos de Zé Totó. Está hoje com mais de 90 anos. 
          É um senhor alegre, cordial, simpático e fica feliz em ver os filhos e genros cuidarem de seu armazém, um ponto de encontro dos amigos que se debruçam no balcão para tomar uma tradicional pinga, com tira gostos ou mesmo, aquela geladinha no capricho.
          Zé Totó garante que o freguês encontra de tudo em sua venda, desde miudezas, brinquedos, doces, produtos de limpeza, utensílios domésticos, ferramentas, etc. Se não encontrar na hora, encomenda. Assim cativa a freguesia e ainda, faz questão de dizer que mesmo na capital mineira, preserva o hábito das vendas no fiado, com tudo anotado na caderneta, que se orgulha de mostrar. Como podem ver na foto acima.
          Se orgulha em dizer que é feliz pelo respeito e amizades que conquistou ao longo de décadas, sobre o balcão de sua pitoresca vendinha, numa tradicional construção da década de 1940. Abre todos os dias, das 8h até as 21 horas, mas faz questão de dizer que só não abre na Sexta-feira da Paixão.
          Estive na Mercearia do Zé Totó, fotografei e o entrevistei. Infelizmente, dois anos após a minha ida, "Seu" Zé Totó nos deixou.
03 - Mercearia Carvalho em Bocaina de Minas
          Mercearia Carvalho, fundada na década de 50, no distrito de Santo Antônio do Alto Rio Grande, Bocaina de Minas, no Sul de Minas na foto acima de Rodrigo Carvalho.
          Passada em 1973 às mãos de Ailton Afonso de Carvalho, (1951-2006), e posteriormente para seu filho, Ailton Rodrigo de Carvalho, onde trabalhou desde os 10 anos de idade, hoje com 38.
          
Em 2023 Mercearia Carvalho completou 50 anos. Além de comércio de cereais e armarinhos, funcionou simultaneamente como Posto Telefônico, pela antiga Telemig, e como ponto de coleta de leitura rural e distribuição de contas de energia pela Cemig.
          Passados 50 anos, mesmo com a modernidade e reformas, foram mantidas boa parte das características originais do imóvel, como o balcão, algumas prateleiras, balança e máquina de frios manual. A velha mercearia é motivo de muito orgulho da família.
04 - Mercearia Israel em São João Batista do Glória 
          Em São João Batista do Glória, no Sudoeste de Minas, distante 374 km distante de Belo Horizonte, uma charmosa mercearia, é um dos mais pitorescos e visitados lugares da cidade.
          É a Mercearia Israel, fundada em 1961, localizada próximo a Praça do Cruzeira. A Mercearia faz parte da história e desenvolvimento da cidade, embora se mantenha da mesma forma como antigamente, preservando suas característica, bem como sendo um dos mais charmosos pontos comerciais da cidade. (fotos acima do Amauri Lima)
          No pequeno espaço da mercearia, encontra-se de tudo e mais um pouco, desde miudezas, a utensílios para casa, ferramentas, enlatados, bebidas, secos e molhados, frutas, balas, corda, bolsas, canecas, panelas, chapéus, arame, doces, pimenta, produtos agropecuários, tudo junto e misturado. Sem contar, claro, muita prosa, histórias e antigos fregueses e novos, que estão sempre presentes na mercearia.  
05 - Mercearia Paraopeba em Itabirito
          Está na ativa desde o ano de 1884, na cidade de Itabirito a 50 km de Belo Horizonte, perto de Ouro Preto MG. Essa venda é a Mercearia Paraopeba, no mesmo endereço desde o século XIX, bem no centro da cidade.
   Nesse espaço que parece pequeno, na foto acima do Judson Nani, você encontra de tudo e mais um pouco. E tenha ainda a caderneta, para os fregueses mais antigos. Uma prática saudosa, preservada. O mais antigo freguês, anotado em uma das cadernetas da Mercearia, data de 1884. Registro histórico!        
          Na mercearia, encontra desde produtos de higiene a doces, queijos, bebidas, utensílios domésticos, frutas, artesanato, brinquedos antigos, quitandas, quitutes, enfim, tudo que precisar. Se não encontrar o que precisa, é porque ainda não foi inventado. Na foto acima mostra um pouco do que tem na Mercearia Paraopeba, só um pouco mesmo.
06 - Venda Alto Minchillo em Guaranésia
           Fundada em 1908, na cidade de Guaranésia, Sul de Minas, pelo casal Luiz Minchillo e Josefina Minchillo, a venda é uma das maiores preciosidades do Sul de Minas e um clássico exemplo de como eram os antigos comércios no interior de Minas Gerais, no início do século XX. (foto acima do Luís Fernando) Vendia de tudo o quanto você pode imaginar como, miudezas, brinquedos, doces, pólvora, farinha, queijo, querosene, fubá, ratoeiras, naftalina, açúcar, sal, roupas, botas, sapatos, cereais a granel, café, ferramentas, carnes, banha, toucinho, aguardente, etc. Encontrava-se de tudo.
          A venda foi construída num sítio de 5 hectares e ocupa uma área construída de 120 metros, com pasto, roça de milho, pomar e estacionamento. De 1908 para cá, pouca coisa mudou. É uma das poucas vendas existentes atualmente, que preserva suas características originais. (foto acima e abaixo de Luís Fernando)
          Desde a fachada, o teto, o balcão, o estilo de colocar os produtos, está tudo do mesmo jeito, como há 112 anos. Até mesmo, a marca de um tiro de fuzil, disparado durante os confrontos entre Minas e São Paulo, durante a chamada “Revolução Constitucionalista de 1932”, está preservada na venda.
          De diferente mesmo foram construído dois banheiros e uma cozinha, já que a venda passou a servir bebidas e tira gostos, além de organizar eventos culturais e preservar uma antiga tradição, que vem desde a origem da venda. É a reza do terço de São Pedro e a tradicional festa junina, em 29 junho, dia do santo (foto acima de Isis Minchillo). A festa é uma das maias antigas e mais populares da região. Atualmente, a Venda Alto Minchillo está abrindo somente às quintas-feiras. (foto acima do Luís Fernando)
          Segundo Cauê Minchillo, a venda “foi passada de pai para filho. Começou com Luiz Minchillo e Josefina Minchillo, depois para meu bisavô, Adalberto Minchillo e depois para meu avô, Adalberto Minchillo Filho e mais dois irmãos, Domingos e José Roberto. E agora eu, Cauê, da 5ª geração, estou no comando”, finaliza.
07 - Venda da Dona Inês em Chapada do Norte
          Chapada do Norte é uma cidade histórica, do Vale do Jequitinhonha. É uma das poucas cidades mineiras onde podemos encontrar, não algumas, mas várias vendas, pelas esquinas das ruas da cidade. Uma dessas vendas é a da Dona Inês, como podem ver a fachada, na foto acima da Viih Soares e abaixo, de Thelmo Lins, o interior da venda.
          São casarões coloniais e outros, na arquitetura eclética, do século XX, mas com a beleza, charme e nostalgia das vendas antigas, de Minas Gerais. É uma das poucas cidades do Brasil, onde pode-se conhecer de fato, como era o comércio no século XIX.
08 - Venda do Seu Lidirico em Araçuaí
          Em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, está uma das mais pitorescas e famosas vendas de Minas Gerais. É a Venda que leva o nome de seu dono, Lidirico José Almeida, nascido em 7 de agosto de 1927, em Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha. Conhecido como Seu Lidirico, mudou-se de sua cidade para Araçuaí, na década de 1940, montando seu próprio negócio nesta cidade, em 1948, com o nome de "Casa Almeida". Como era comum na maioria das vendas antigas, o nome do estabelecimento passou a ser associado ao nome do dono. Assim, popularizou-se como Venda do Seu Lidirico.  Até hoje, preserva suas características arquitetônicas originais, bem como a tradição das antigas vendas do interior mineiro.
          Seu Lidirico abre a venda todos os dias, com a mesma alegria, simplicidade, gentileza e simpatia de antigamente, tendo sempre a companhia de sua esposa, dona Iaiá, de 88 anos, com quem é casado há mais de 70 anos. Dessa união, resultou em uma prole grande. São 15 filhos, criados com o trabalho duro e diário em sua venda. Completa a família, dezenas de netos e bisnetos e um tataraneto. A família já está na quarta geração. (foto acima e abaixo de Ernani Calazans, da parte externa da venda)
          Sua venda, é uma das mais tradicionais de Minas Gerais, onde os fregueses encontram de tudo um pouco, principalmente, acolhida e gentileza. Além disso, na venda podem ser encontradas relíquias bem conservadas do século passado. O casal é muito simpático e carismático. (na foto acima fornecida pelo Fabiano Versiani, "Seu" Lidirico atrás do balcão de sua venda)
          São pessoas simples, muito gentis e acolhedores. Sempre atendem bem seus fregueses e estes o retribuem com muita amizade. É uma das mais originais, pitorescas, charmosas e famosas vendas, não só da cidade, mas de Minas Gerais. A venda do “Seu” Lidirico, faz parte da história da cidade.
          É hoje uma das referências em Minas Gerais para quem quer conhecer profundamente, como eram os pequenos comércios nas cidades mineiras. O sucesso da Venda do “Seu” Lidirico é tanto que é constantemente visitada por veículos de comunicação, como rádios, jornais e TVs. 
          Já foi inclusive tema de música, composta por Miltino Edilberto e Xangai, apresentada pela primeira vez no programa Sr. Brasil, de Rolando Boldrim. O título da música: é “La na Venda do “Seu” Lidirico”. 
          Seu Lidirico faleceu em junho de 2023, aos 96 anos.
09 - Venda do Gordo em Franceses
          Franceses é distrito da cidade de Carvalhos, no Sul de Minas. Cidade famosa por suas trilhas e cachoeiras, é tradicional na produção de cachaças e morangos. Carvalhos tem origem no nome de uma família judaica, estabelecida na região no final do século XVIII, bem como o distrito de Franceses, que teve em suas origens, famílias de franceses, que viviam no Rio de Janeiro, no século XVIII e se mudaram para a região, dando origem ao distrito. (foto acima e abaixo de Mônica Rodrigues)
          Em Franceses, está a venda do Gildo Landim, conhecido por todo como Gordo. Sua venda foi fundada em 1958 e além de vender gêneros alimentícios e miudezas, serve as típicas bebidas produzidas na cidade, bem como deliciosos tira gostos. É ponto de encontro dos moradores da pacata e charmosa vila colonial, sul-mineira.
10 - Venda do Zeca em Jaboticatubas
          Ficam em Jaboticatubas, uma histórica e acolhedora cidade tipicamente mineira, distante 60 km de Belo Horizonte, na Serra do Cipó.
          Fundada por Felicíssimo dos Santos Ferreira, já falecido, a venda está presente na história da cidade e de Minas Gerais, desde os primeiros anos do século XX, hoje administrada por seus netos, Carlos e Marcos, a terceira geração do seu fundador. É uma das mais tradicionais e charmosas vendas de Minas. Ir à Serra do Cipó e não conhecer a Venda do Zeca, é um sacrilégio. (foto acima de Edson Borges)
          Funciona num acolhedor e charmoso casarão colonial, com uma ampla área externa, cercado pela exuberante beleza da Serra do Cipó, à sombra de flamboyants (na foto acima da Alexa Silva). Tem de tudo e mais um pouco que os fregueses procuram e claro, a nostálgica tradição do encontro entre amigos, nos balcões e mesas das vendas.
          A Venda do Zeca é uma das nossas mineiridades e um dos lugares mais visitados na Serra do Cipó. Além dos utensílios para uso do dia a dia, na venda tem os petiscos, tira gostos, porções e bebidas.
          Na estufa do balcão da venda, ficam salgadinhos, torresmo e outras delícias, mas as porções são feitas neste belo casarão da foto acima, da Alexa Silva. Fica em frente, alguns passos da venda.
          É movimentadíssima a venda, sempre tem gente que vai lá comprar miudezas ou mesmo, conhecer, já que a região é muito visitada por turistas, que vem à Jaboticatubas, aproveitar as cachoeiras, trilhas e belezas impactantes da Serra do Cipó. E se encantam com a simplicidade do lugar, com a acolhida e simpatia dos proprietários e funcionários.
          Funciona todos os dias, das 8h às 20 horas e ainda, tem estacionamento. Dá gosto estar na Venda do Zeca, entrar na mercearia ou mesmo, sentado numa mesa no lado de fora, degustando os deliciosos petiscos e tira gostos, bem tradicionais. (foto acima da Alexa Silva)
          O acesso à Venda do Zeca é pela Rodovia MG-10, no km 95. Fica na Rua do Campinho, número 45.          
11 - Venda do Zé Alvino em Alfenas
          Em Alfenas, no Sul de Minas, distante 335 km de Belo Horizonte, no bairro Gaspar Lopes, está uma das mais antigas vendas em funcionamento no Brasil. Fundada no século XIX, a venda está presente na cidade há mais de 150 anos. (foto acima e abaixo do Luis Leite)
         Além de sua história e de fazer parte da história de Alfenas, foi nesses anos todos, pontos de encontros de amigos, fregueses e personagens ilustres como Milton Nascimento. Sempre que o cantor e compositor vem à Três Pontas MG, onde tem casa, visita a venda do Zé do Alvino. 
          Inclusive, sua presença no local está registrada em fotos. Na venda, se encontra de tudo que você imaginar, além de tradição, histórias seculares e nostalgia. 
          Estamos falando da charmosa venda do Senhor José Aureliano de Mesquita, o popular, Zé do Alvino. Geralmente, as vendas são passadas de pai para filho, mas nesse caso, foi diferente. José Aureliano de Mesquita, herdou a venda de seu sogro, o Zé do Alvino. Como a venda era associada ao nome de seu sogro, herdou também, o apelido. (foto abaixo do Luís Leite)
          Um senhor simpático, de boa prosa, que cativa com seu carisma, toda a freguesia, que fazem questão de estar na venda, não só para comprar, mas escutar os causos e as histórias do Zé do Alvino e dar boas risadas. São histórias contadas e ouvidas na venda, que sobrevivem ao tempo e cativam a todos, bem como a própria venda, em si. Ninguém entra na venda e não encontra o que procura.
          Um detalhe diferente na Venda do Zé do Alvino chama a atenção. No forro da venda pode ser ver notas de vários valores presas em tampinhas de garrafas, fixadas no forro por tachinhas. Esse dinheiro é doado pelos fregueses, que doam a quantia que puderem. Depois de um tempo, o dinheiro é retirado e encaminhado à Associação Vida Nova, que assiste pacientes com câncer. (foto abaixo do Luis Leite)
          Uma atitude nobre, enaltecida por todos, mas esperada, já que Zé do Alvino, é uma pessoa muito querida e respeitada por todos do bairro. A venda fica aberta todos os dias, tradicionalmente das 6h30 às 19 horas.
12 - Venda do Jorginho em Guaranésia
          Guaranésia fica no Sul de Minas e está distante, 457 km. Conta com pouco mais de 20 mil habitantes. Muito tradicional, a cidade guarda relíquias de seu passado. Entre essas relíquias, está a Venda do Jorginho. (fotografia acima e abaixo de Luís Fernando)
          A história da tradicional Venda é contada pelos próprios proprietários: “Miguel Gibrim, imigrante árabe vindo da Síria, abriu as portas da venda em Guaranésia pela primeira vez em 1918. Desde então, já se vão mais de 100 anos em que a família honra o compromisso de repetir o gesto e abrir as portas de madeira da venda todos os dias para atender fregueses amigos.
          Nessa jornada centenária, a esposa de Miguel Gibrim veio da Síria com a pequena filha Anice, depois nasceram Gibrim Miguel e Jorge Miguel. Jorginho, o caçula, assumiu a venda por volta de 1950. Dessa década até os anos 80, a venda foi ponto de intenso movimento dos trabalhadores das roças de café e cana, da vizinhança do alto da cidade que começava a se expandir. Tempos áureos da velha e boa caderneta de fiado.
          Com a padronização dos mercados e supermercados, a venda se reinventou e nas mãos da esposa do Jorginho, Dona Floripes, manteve firme e altiva a simplicidade e o acolhimento. Em 2018, a venda ganhou a direção da terceira geração. Agora, os filhos do Jorginho e da Floripes mantêm a essência e a identidade, mas inovam: a Venda do Jorginho é uma venda mineira de secos e molhados em geral, que tem o orgulho de ter nas prateleiras, uma seleção dos melhores produtos que Guaranésia e o Sul de Minas produzem.
          Reconhecidamente tradicional, a Venda do Jorginho é empresa Parceiro Guardião dos Produtos da Região do Queijo da Canastra. E tem tudo mais, a tempo e a hora. Ah, sim, aceita cartões que convivem muito bem com a velha e boa caderneta de fiado.
          Venda do Jorginho, Honestidade e Cortesia desde 1918.”

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