Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O Centro Cultural da Romaria em Congonhas

(Por Arnaldo Silva) Distante 75 km de Belo Horizonte, a cidade histórica de Congonhas, com origens no século XVIII, conta com cerca de 55 mil habitantes e faz divisa com os municípios de Ouro Preto, Ouro Preto, Conselheiro Lafaiete, Belo Vale, Jeceaba e São Brás do Suaçuí.
          Em 2018, durante o Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial do Brasil, realizado em Goiás pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), especialistas classificaram Congonhas como referência nacional em gestão do conjunto histórico. A cidade é uma das 2 mil cidades brasileiras inseridas no Mapa do Turismo do Ministério do Turismo. (na foto acima do Nacip Gomêz, a Romaria de Congonhas)
          Em Congonhas está um dos mais expressivos tesouros do barroco não só do Brasil, mas de todo o mundo, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Um complexo arquitetônico e paisagístico, composto por uma igreja, um adro com os 12 profetas e seis capelas que retratam os passos da Paixão de Cristo. (na foto acima do Nacip Gomêz)

O Santuário
          No Santuário estão peças de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Mestre Aleijadinho, como os 12 profetas esculpidos em tamanho original e diversas outras esculturas como a Santa Ceia. Ao todo, são 78 peças esculpidas por Aleijadinho entre 1796 e 1805.
          O Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas construído entre 1757 e 1875. Sua conclusão final passou por várias etapas e teve a participação de diversos outros mestres, mas obras que mais se destacam e chamam atenção, são as de Aleijadinho.
          Todo o complexo do Santuário é reconhecido como uma das mais importantes, emocionantes e impressionantes obras do barroco colonial. As obras e o estilo arquitetônico de todo o complexo são únicas no Brasil. Não tem obra igual. Por esse motivo, todo o complexo foi tombado em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985. (na foto acima do Wilson Paulo Brasil, o adro do Santuário, onde estão as esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho com vista para a cidade)
A Romaria
          Desde 1770, no século XVIII, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos atrai romeiros e fiéis de todas regiões mineiras, de outros estados e até de outros países, principalmente entre os dias 7 e 14 de setembro, durante o jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, quando há um grande fluxo de peregrinação de fiéis ao Santuário. Para atender e abrigar a crescente demanda de fiéis, foi construído em 1932 a Romaria, na Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal.
          Trata-se de um conjunto de pequenas casas geminadas, inspiradas na arquitetura dos Passos da Paixão do próprio Santuário, em forma circular, com pórticos na entrada e em estilo colonial.
          Como hospedaria e local de recepção de romeiros e fiéis, o local funcionou até a década de 1960, quando passou para mãos de empresários cariocas que tinham a intenção de construírem um hotel no local. Como o projeto não vingou, em 1968, quase toda a construção foi demolida. Foi preservada apenas os pórticos de entrada, posteriormente tombado pelo Instituto Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), visando sua preservação. (fotografia acima de Gustavo Simões/@gustavosimoes.art a Romaria vista de cima e abaixo do Nacip Gomêz, os pórticos originais da entrada)
          Em meados da década de 1990, a Prefeitura assumiu a posse do imóvel e restaurou os pórticos mantendo suas características arquitetônicas originais, bem como reconstruiu as casas geminadas, com as mesas características da construção original.
          O imóvel foi reconstruído não mais para ser local de hospedagem, mas sim um espaço cultural público, visando a preservação da cultura e memória da história de Congonhas. No espaço foi instalado o Museu de Mineralogia e Arte Sacra, extensão do gabinete do prefeito, além de ser sede da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), centro de apoio aos turistas, o memorial da cidade, oficinas de artesanato e esculturas, espaço para exposições, lojas de souvenirs, auditório, salas de estudos e pesquisas, restaurantes, lanchonetes e sanitários. Além disso, o amplo espaço no centro do imóvel permite a realização de eventos artísticos e culturais da cidade.
          Em 2018, o espaço passou novamente por restauração e readequações, com verba oriunda do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As obras foram concluídas no final de 2020. Além da restauração do Centro Cultural da Romaria, foi construído no local o Teatro Municipal, integrando ainda o complexo ao Parque Ecológico da Romaria. (fotografia acima do Nacip Gomêz)
          O Parque é uma área ambiental com vegetação nativa, no entorno da Romaria, com áreas de lazer, sanitários, recepção, cobertura multiuso, relógio analemática, anfiteatro, trilhas, orquidário, borboleteio, além de ser um espaço de beleza naturais. É um espaço para lazer, entretenimento, além de atividades culturais paras os moradores da cidade e turistas, com área de 30.447,50 m².

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Situado no bairro Antônio Dias entre as praças Barão de Queluz e Praça Antônio Dias, em Ouro Preto MG, Região Central de Minas Gerais, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição tem sua história iniciada em 1699, no século XVII, quando o bandeirante Antônio Dias construiu uma pequena e singela ermida em honra a Nossa Senhora da Conceição, antes mesmo de Vila Rica (atual Ouro Preto) existir. Vila Rica foi fundada em 1711, no século XVIII.
          Em torno da pequena capela foi se formando uma pequena comunidade, formada por gente simples que vieram junto com o bandeirante Antônio Dias, para trabalhar na mineração. Dessa comunidade simples surgiu o que é hoje o bairro Antônio Dias. Neste bairro, além do santuário e de seu casario, se destacam o Chafariz da Marilia de Dirceu, construído em 1759 e a Ponte dos Suspiros, única ponte construída em estilo romano em Ouro Preto MG. (Na foto acima do Peterson Bruschi, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição e abaixo de Ane Souz, o altar-mor do Santuário)
As irmandades
          Durante o século XVIII, irmandades começaram a ser formadas em Minas Gerais, devido a proibição da Igreja Católica atuar em Minas Gerais, como instituição. Uma irmandade é um grupo de leigos religiosos criado com o objetivo de ajudar sua comunidade bem como prestar culto a determinado santo.
          A formação das irmandades no século XVIII foram de grande importância para manter a fé e religiosidade do povo mineiro devido a expulsão da Igreja Católica, como instituição, do território mineiro, pela Coroa Portuguesa, durante o Ciclo do Ouro. Nesse período, o Clero da Igreja Católica não tinha autonomia e nem presença em Minas Gerais. Somente as irmandades registradas e autorizadas pela Coroa Portuguesa tinham permissão para realizarem serviços religiosos e construírem igrejas, já que eram totalmente autônomas em relação ao clero.
          Quanto mais irmandades existiam, mais igrejas eram construídas. E quanto mais ricos eram seus membros, mais suntuosas e imponentes eram suas construções.
          Além disso, as irmandades assumiam os serviços sociais da comunidade, além da administração financeira e dos cultos, bem como a construção de igrejas onde e quantas quisessem, de acordo com a devoção a seus santos, mesmo que seja uma em frente a outra ou na mesma rua. Tinham ainda o poder de contratar padres, desde que devidamente autorizados pela Coroa Portuguesa.
          Na Igreja de Nossa Senhora da Conceição oito irmandades eram as responsáveis: a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição (1717), do Santíssimo Sacramento (1717), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de São Miguel e Almas (1725), de Nossa Senhora do Terço (1736), de São Sebastião (1738) e de São Gonçalo Garcia (1738). (fotografia acima de Ane Souz)
          Em conjunto, essas irmandades a atuavam no dia a dia do tempo como na manutenção, reforma, ampliação, adornos, ornamentação, bem como na organização das atividades e festividades religiosas, ao longo de suas existências.
A nova igreja
          Com o crescimento da comunidade em torno da pequena ermida, crescimento do número de fiéis e pela mesma ter sido elevada a matriz em 1705, houve necessidade de um novo tempo. As obras da construção da igreja de Nossa Senhora da Conceição começaram em 1727 e foram concluídas em 1746, no século XVIII.
          O projeto da nova igreja ficou sob a responsabilidade de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto, carpinteiro e mestre de obras português, natural da Freguesia de Jesus de Odivelas. Apesar da fama e por ter projetado e construído inúmeras obras em Ouro Preto como a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, o Palácio dos Governadores, pontes, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dentre outros, Manuel Francisco Lisboa se tornou mais conhecido devido a fama e talento do filho que teve com a escravizada Isabel, Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho.
          Foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição a sua mais monumental obra. É nessa igreja que pai e filho estão sepultados. Os túmulos de Aleijadinho e seu pai estão em frente ao primeiro altar, dedicado à Nossa Senhora da Boa Morte (na foto acima do Wellington Diniz). Ao todo, são oito altares que a igreja possui, referentes as irmandades presentes na Igreja.
          Além disso, na Sala da Sacristia e na Sala da Cripta, está o Museu Aleijadinho, criado em 1968 que reúne cerca de 250 obras do Mestre do Barroco Mineiro e documentos gráficos. (na foto acima de Ane Souz, o altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
Uma joia rara de Minas Gerais
          Considerado o marco do nascimento de Vila Rica, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é um dos templos religiosos de maior expressão em Ouro Preto e da arte setecentista e barroca mineira. Nessa igreja estão presentes as três fases do barroco colonial brasileiro que foram o Nacional Português, o Joanino ou Dom João V e o Rococó.
          O interior com suas talhas douradas da capela-mor, sacristia, corredores laterais, dos altares, imagens sacras, decoração e pinturas da nave, impressionam em cada detalhe além de revelar a impressionante riqueza e talento de Manuel Francisco Lisboa e outros artistas que participaram da ornamentação, pintura, entalhes e construção da igreja. (na foto acima e abaixo de Ane Souz detalhes da ornamentação e forro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição)
          A ornamentação típica do século XVIII do Santuário se mantém praticamente inalterado, mas sua fachada não. Foi modificada no século XIX e ainda nessa época, outras obras foram feitas em sua parte externa como torres, a escadaria, o adro, construído entre 1860 e 1863 e as grades, construídas em 1881.
Restauração
          Em 2005, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi elevada a Santuário Arquidiocesano. Devido a seu estado, houve necessidade de restauração completa da igreja. Em 2013, teve início a restauração do interior e exterior do templo. Durante o período de reforma, a igreja ficou fechada.
          Foram 9 anos de um minucioso, delicado e eficiente trabalho de restauração das imagens, talhas, pinturas, além da recuperação original das cores vibrantes da ornamentação e talhas douradas. A comunidade ouro-pretana e turistas, aguardavam com ansiedade a conclusão total das obras de restauro, concluídas em agosto de 2022. Os recursos da restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição foram obtidos junto ao junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Governo Federal.
          Rodeada por um riquíssimo casario colonial (na foto acima de Arnaldo Silva), o Santuário se destaca pelas cores vibrantes de sua fachada, em amarelo e branco e mais ainda, pela beleza e perfeição da restauração que devolveu suas características originais, bem como sua beleza única e singular. Uma beleza que fascina, encanta e emociona em cada detalhe, fiéis, moradores e turistas de todo o mundo. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Queijo caseiro feito na cidade

Você pode fazer queijo fresco em casa, na cidade, sem ter fazenda ou vaca leiteira e ainda, gastando menos. Embora não seja o tradicional Queijo Minas que tem como base o leite cru, o coalho, sal, pingo e as bactérias lácteas que dão cor, sabor, textura e características aos queijos, fazer esse tipo de queijo hoje, é uma boa opção.
INGREDIENTES:
.  2 litros de leite integral (o de caixinha não serve)
.  2 copos de iogurte integral e sem açúcar ou de preferência
. 1 colher (sopa) de coalho liquido..
. Suco de meio limão se for usar o iogurte. Se for usar o coalho, não precisa usar o limão.
. 1 1/2 colher (sopa) de sal
. Meio copo (americano) de água
Utensílios: 1 pano limpo, uma panela e uma fôrma redonda pequena, própria para queijos, encontrada de produtos agropecuários.
MODO DE PREPARO:
- Despeje os copos de iogurte (ou o coalho) em uma vasilha, em seguida a água, o limão (se não for usar o coalho) e misture até dissolver bem. Reserve.
- Leve o leite ao fogo e quando estiver começando a ferver, desligue.
- Despeje na panela a mistura reservada e deixe descansando por 2 horas.
- Após esse tempo, coloque o pano em um escorredor, despeje toda a mistura e vá espremendo, até sair todo soro.
- Pegue a massa do queijo, que ficou no pano e coloque-a na forma, apertando mais um pouco para sair o restante do soro.
- Espalhe por cima o sal, tampe com um pano e deixe descansando por 3 horas.
- Após esse tempo, coloque o queijo na geladeira e deixe de um dia para outro.
- Após esse tempo, já pode consumir seu queijo caseiro feito na cidade.
Primeira foto de Marluce Ferreira de Ipatinga MG e segunda imagem da Regina Rodrigues na Fazendinha da Regina/@reginasfarm

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Matozinhos e as ruínas históricas da Fazenda Jaguara

(Por Arnaldo Silva) Matozinhos é uma das mais tradicionais e importantes cidades de Minas Gerais. Tem origem no século XVIII e foi de grande importância para a cultura, história e economia mineira no século XIX. Essa importância para Minas, prevalece até os dias de hoje com destaque para a agricultura, pecuária e mineração.
          Cidade com boa estrutura urbana, conta com belas praças, igrejas, grutas e cavernas, o Museu Arqueológico Peter Lund, dentre outros atrativos e  comércio e setor de serviços variados. O município de Matozinhos conta hoje com cerca de 336.618 habitantes, segundo o IBGE em 2022. Está a 47 km de Belo Horizonte e faz divisa com Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Capim Branco, Esmeraldas, Baldim, Jaboticatubas e Funilândia. (na foto acima de Andréia Gomes/@andreiagomesphotoart, a Praça da Matriz de Matosinhos MG)
A Fazenda Jaguara
          É uma das mais importantes fazendas para a história de Minas Gerais. Formada no início do século XVIII, no auge da exploração do ouro em Minas, a Fazenda Jaguara foi um importante ponto fiscal, até 1765. A fazenda está localizada em Mocambeiro, distrito de Matozinhos MG (na foto acima do Thelmo Lins, a entrada da fazenda)
          Com o declínio da mineração, o posto fiscal foi desativado e a fazenda passou a produzir alimentos de subsistência, para abastecer a região, sendo construída o casarão sede, senzala, igreja e moinho. Era uma das maiores fazendas produtivas da região, com cerca de 1.200 alqueires e ainda, 750 escravos.
          Devido a riqueza hídrica da região, que favorecia a construção de pequenas usinas hidrelétricas, indústrias de tecidos começaram a instalar-se em Matozinhos e cidades vizinhas. Na Fazenda Jaguara, foi instalada uma dessas indústrias, com seu conjunto, passando a fazer parte da fazenda. Também em ruínas, o maquinário e galpões da antiga fábrica de tecidos, fazem parte da história e patrimônio da fazenda.
Arrependimento e promessa
          O destaque maior da fazenda são as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Era comum, no Brasil Colônia, a construção de pequenas capelas nas fazendas. Na Fazenda Jaguara, foi diferente, foi construída uma igreja. A iniciativa da construção do templo, foi do português, Antônio de Abreu Guimarães, que se enriqueceu contrabandeando diamantes e ainda, era sonegador de impostos.
          Arrependido de seus atos e disposto a mudar de vida, procurou o perdão divino, confessando seus atos, perante a Igreja. Como penitência, o padre determinou que  construísse, não uma capela, mas uma igreja na Fazenda Jaguara, além de doar os lucros da fazenda para obras de caridade e rezar muito.
          Decidido a se redimir, cumpriu sua penitência. Não economizou na construção da igreja que dedicou à Nossa Senhora da Conceição. Contratou para projetar e executar a obra, nada menos que Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o Mestre do Barroco Mineiro.
A igreja construída por Aleijadinho
          O templo começou a ser construído na década de 1780 e concluído na mesma década, em 1786. Os riscos externos, o coro, os púlpitos, os altares laterais e as ornamentações, seguiam à risca o estilo do século XVIII, bem como o altar-mor, que era muito semelhante com o altar-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, também do Mestre Aleijadinho.
          Dentro da igreja, uma placa em madeira, fixada abaixo de um anjo, colocada a mando do português, dizia: “Feito à custa de Antônio de Abreu Guimarães”.
          Considerada uma das mais expoentes e originais arquiteturas mineiras, seu estilo arquitetônico e ornamentações interiores, representavam o que existia de mais autêntico e genuíno da arte barroca do século 18.
          Era uma das principais e mais belas igrejas mineiras, mesmo estando em uma fazenda particular, justamente pelas talhas do Mestre Aleijadinho.
          Um fato interessante é que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, foi a única igreja feita totalmente por Aleijadinho. As demais foram em parcerias com outros artistas, como o Mestre Ataíde. A da Fazenda da Jaguará não. Do alicerce ao acabamento, obra do escultor, desenhista e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 
A compra da fazenda pelo inglês George Chalmers
          A situação e realidade da fazenda mudou no final do século XIX, quando a fazenda foi adquirida pelo inglês George Chalmers (Falmouth, Inglaterra, 1857 — Nova Lima, 1924). 
          Chalmers era minerador e também, diretor da Mina de Morro Velho, em Nova Lima MG, cidade distante 106 km da Fazenda Jaguara. O inglês era também Protestante. 
          Por estar numa área rural e distante da cidade, a igreja era muito conhecida, mas pouco visitada e carecia de manutenção e cuidados constantes com sua arquitetura, como toda obra necessita, principalmente as mais antigas. Assim, começava a entrar em decadência. 
         Chalmers optou em não cuidar e nem em reformar a igreja, ao contrário, mandou desmontar e retirar todas as peças e obras de Aleijadinho da igreja da Fazenda Jaguara.  
          A intenção do britânico em retirar as peças da igreja, podia ser a melhor possível, mas não se sabe o real motivo ou motivos, de tão drástica atitude. 
Destino das obras de Aleijadinho
          As obras de Aleijadinho foram levadas para Nova Lima, onde Chalmers residia e trabalhava. Acredita-se que uma parte das obras retiradas da igreja, foram parar nas mãos de colecionadores.
          Sem as ornamentações e talhas de Aleijadinho, a igreja perdeu seus atrativos. Abandonada, foi entregue aos cuidados do tempo, bem como as construções em redor e algumas até a desapareceram, como a senzala, que não restou nem vestígios. (fotografia acima de Thelmo Lins as ruínas da igreja construída por Aleijadinho na Fazenda Jaguara)
Obras do Aleijadinho na Igreja do Pilar em Nova Lima
          Tempos depois, o batistério, os altares laterais e as talhas do altar-mor retirados da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, bem como a imagem da santa, talhados por Aleijadinho, no século 18, foram doados por Charlmers, à Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Matriz de Nova Lima, uma construção do século 20. Uma igreja com arquitetura e estilo bem diferente, das tradicionais igrejas do século 18, com ornamentos e talhas do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
          Agindo certo ou errado, seja por quais motivos, ou intenções que teve, o fato é que boa parte das obras do Mestre Aleijadinho, foram salvas, pelo gesto de doação das obras, por Chalmers, à Matriz de Nova Lima, evitando que fossem parar, por completo, nas mãos de colecionadores. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, a Matriz de Nova Lima)
          Estão hoje bem conservadas e protegidas na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Nova Lima, aberta a todos, fiéis, estudiosos e amantes da arte e arquitetura do barroco mineiro. A cidade de Nova Lima está distante 30 km do Centro de Belo Horizonte. (na foto abaixo da Norma Bittencourt, o altar-mor, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Jaguara, ornamentando o altar-mor da Matriz do Pilar, em Nova Lima).
Bens tombados
          Por sua importância histórica para Minas Gerais, as ruínas do conjunto arquitetônico da Fazenda Jaguara, foram tombadas em 12 de janeiro de 1996, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). Compõe esse conjunto as ruinas da igreja, a Casa da Junta, galpões de maquinários, a casa sede, o moinho e o porto.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

As cidades mais altas de cada estado brasileiro

(Por Arnaldo Silva) Por ser um estado montanhoso, Minas Gerais é o estado de maior altitude do Brasil. Entre as 25 cidades brasileiras acima de 1.000 metros de altitude, 15 estão em Minas Gerais. Com área de 588.383,6 km2, correspondente a 7% do território nacional e dependendo da região mineira, a altitude de Minas Gerais varia de 600 metros a 2890 metros.
          As altitudes e coordenadas dos Estados e municípios brasileiros são calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). (na foto acima de Ricardo Cozzo, Monte Verde, distrito de Camanducaia a 1550 metros de altitude. O distrito de 6 mil habitantes só não é o mais alto de Minas Gerais por justamente ser distrito e não um município)
          A altitude oficial de cada município brasileiro tem como base o nível do mar, que é o ponto 0. A partir do nível do mar, a altitude é contada tendo como base a sede do município, basicamente a área central de cada cidade, não entrando nesse cálculo a altitude dos distritos, serras, morros e picos.
          Baseando-se na parte central de cada cidade, evita-se distorções na altitude real de cada município. Por exemplo, Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas está a 1550 metros de altitude acima do nível do mar, mas a sede, Camanducaia, a 1015 metros. Outro exemplo é a cidade mineira de Alto Caparaó, no Leste de Minas, que está a 997 metros de altitude e seu ponto mais alto, o Pico da Bandeira, a 2890 metros de altitude.
          O município de maior altitude de Minas Gerais é Senador Amaral, no Sul de Minas, a 1480,52. É inclusive, a segunda de maior altitude do país, atrás apenas de Campos do Jordão, o município de maior altitude brasileira, a 1628,16 metros acima do nível do mar. (na foto acima, Senador Amaral MG, a cidade mais alta de Minas. Foto/arquivo da Secretaria de Turismo local, enviada pelo Evanil Emiler)
          O mesmo caso é o de outros municípios brasileiros como exemplo Santa Isabel do Rio Negro, no estado do Amazonas. A altitude da cidade é 45 metros e seu ponto mais alto, o Pico da Neblina, está a 2993,78 metros.
            Com base na área central dos municípios brasileira, conheça a cidade de maior altitude, de cada estado brasileiro. A relação está em ordem alfabética.
Estado/Cidade                                            Altitude
- Acre/Jordão                                                342,79
- Alagoas/Mata Grande                               618,84
- Amapá/Serra do Navio                             152,00
- Amazonas/Guajará                                   180,73
- Bahia/Piatã                                                 1.271,27
- Ceará /Guaraciaba do Norte                     934,12
- Espírito Santo/Dores do Rio Preto           767,50
- Goiás/Alto Paraíso                                     1.211,67
- Maranhão/Sucupira do Norte                   479,80
- Mato Grosso/Alto Taquari                         875,69
- Mato Grosso do Sul/Chapadão do Sul    819,00
- Minas Gerais/Senador Amaral                  1.480,52
- Pará/Bannach                                              390,68
- Paraíba/Matureia                                        817,62
- Paraná/Inácio Martins                               1 220,09
- Pernambuco/Triunfo                                  1 010,03
- Piauí/Marcolândia                                       784,76
- Rio de Janeiro/ Teresópolis                       877,59
- Rio G. do Norte/Ten. Laurentino Cruz      738,05
- Rio G. do Sul/São José dos Ausentes      1.181,82
- Rondônia/Vilhena                                        604,50
- Roraima/Pacaraima                                    918,03
- Santa Catarina/São Joaquim                    1.353,45
- São Paulo/Campos do Jordão                  1.628,16
- Sergipe/Carira                                              368,80
- Tocantins/Arraias                                        712,63
          Brasília é o único município do Distrito Federal. A Capital Federal está a 1100 metros acima do nível do mar. Entre as cidades-satélites que formam o Distrito Federal: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Guará, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II e Candangolândia, a área administrativa de Ceilândia, a 1.285 metros, é a de maior altitude. Já o ponto mais alto do Distrito Federal é o Ponto do Roncador a 1.344 metros de altitude acima do nível do mar.

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores