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sábado, 29 de fevereiro de 2020

A história Santuário de São José em Belo Horizonte

(Por Arnaldo Silva) Sua arquitetura, tanto exterior quanto interior é belíssima, um dos marcos da capital mineira. É a Igreja de São José, elevada a Santuário em 19 de março de 2021 pelo arcebispo de Belo Horizonte Dom Walmor Oliveira de Azevedo, devido sua grande importância histórica e pelo grande número de fiéis que visitam o templo diariamente, principalmente nos fins de semana, quando o templo chega a receber entre 1500 a 5 mil fiéis. Fica bem no Centro da Capital mineira, Belo Horizonte.
          Construída pelos Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas), foi projetada pelos engenheiro Edgard Nascentes Coelho. O construtor foi o holandês Gregório Mulders e as escadarias monumentais foram projetadas e executadas pelo holandês, Verenfrido Vogels. (na foto acima de Chico do Vale, o altar da Igreja de São José)
           A construção foi iniciada em 1902 e concluída em 1910. A pintura no interior da igreja foi feita pelo artista alemão, natural de Munique, onde estudou belas-artes, Guilherme Schumacher entre 1911 e 1912. No interior da igreja, há um retrato de Shumacher. (na foto acima de César Reis, detalhes do altar da Igreja de São José)
        Muito requisitada para casamentos e permanentemente aberta para receber fiéis, que entram no tempo para rezar e sentir a paz que emana de seu silêncio é um dos mais belos templos católicos da América Latina. (na foto acima de Rogério Salgado, forro e lateral da Igreja de São José)
          A Igreja de São José não é apenas uma igreja, é uma obra de arte. Pinturas, esculturas e as imagens em seu interior impressionam. Muitas dessas imagens são enigmáticas, como a pintura de três lebres unidas por uma das orelhas, formando um triângulo. 
          A pintura enigmática pode ser vista ao entrar no templo, ao lado direito, acima do painel de José do Egito. É a única igreja no Brasil com este símbolo, que intriga padres, fiéis e estudiosos do tema, mesmo sem chegar a alguma conclusão do significado desse símbolo. Até hoje, ninguém conseguiu entender ou explicar o que o artista querida expressão com esse símbolo.
          Sua arquitetura foi inspirada no estilo arquitetônico manuelino, desenvolvido no reinado de Dom Manuel I (1495 – 1521), em Portugal. Construída em forma de cruz latina, possui 60 metros de comprimento e 19 metros de largura. A igreja vista do alto dos edifícios no seu entorno, principalmente do Edifício Acaiaca, dá a impressão que está em cima de um cálice, formado pelas escadarias e acessos laterais.
          Suas dimensões, as torres, os detalhes na pintura externa e interna, cuja decoração retrata a historia da Cristandade, é uma perfeita simbiose da arte com a fé. (fotografia de César Reis)
          A riqueza de detalhes nos templos católicos, bem como a beleza de seus vitrais, que sempre mostra cenas bíblicas era muito comum na Idade Média, devido ao grande número de analfabetos.
          Com arte, figuras e detalhes das passagens bíblicas nas paredes e vitrais, fazia com que as pessoas que não soubesse ler, entendessem um pouco da Bíblia, da vida dos santos e da história do Cristianismo. 
          A ideia dos arquitetos que projetaram a igreja era representar a grandeza da Igreja de Cristo na terra. E conseguiram. 
          O templo é de uma grandeza impressionante. Impossível, quem entrar na Igreja de São José pela primeira vez, não ficar extasiado e impactado diante de tamanha grandeza e beleza arquitetônica e artística. (fotografia de Elvira Nascimento) 
          No interior da Matriz encontra-se 28 figuras de santos e santas, de um lado os homens e do outro, as mulheres. O altar é ornamentado com a imagem de São José, o patrono da matriz, tendo no alto do arco-cruzeiro a inscrição: “Rogai por nós”. Os quatro evangelistas são retratados, Maria Mãe de Jesus e também há pinturas dos símbolos do zodíaco. 
          A Igreja de São José em Belo Horizonte é uma das grandes obras no estilo manuelino na América. Outra obra manuelina, que se destaca no mundo, é o Mosteiro dos Jerônimos em Belém, em Portugal. Cada detalhe da igreja de São José tem uma história e o povo belo-horizontino, tem sua história ligada à Igreja de São José.
          Todos os meses, milhares de pessoas passam pela Igreja para meditar, rezar, fotografar ou mesmo contemplar sua beleza. No dia de São José, 19 de março é o dia que a Igreja recebe mais fieis.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O queijo vai na mala

(Por Arnaldo Silva) Minha avó era queijeira de mão cheia, aliás, na cozinha não tinha igual. Nunca experimentei queijo tão bom quanto ela fazia e nem conheço queijo melhor que o dela. Ao lado da cozinha na fazenda, tinha uma dispensa onde fazia os queijos. Eram muitos, já que era a renda da família. A dispensa ficava abarrotada de queijos em mesas e em tábuas penduradas no teto. Na dispensa também ficava sacos de arroz, de feijão e café. A produção da fazenda. Tudo junto e misturado exalava um cheiro gostoso, delicioso, pra mim melhor que o melhor perfume do mundo. Nunca esqueço! O cheiro inconfundível e a visão daquele lugar rústico, sem iluminação, de madeira gasta pelo tempo e uso, emocionam.
          Quando chegávamos da cidade para as férias era uma festa. Nem trocávamos de roupa, íamos logo para a cozinha tomar café e comer queijo, pão de queijo, bolo. (foto acima queijo do César Reis, Queijo Meia Cura das Vertentes de Minas, em Tiradentes MG) O café estava quentinho, na chapa do fogão a lenha que sempre tinha lenha queimando. (foto abaixo de Marselha Rufino)
          Aprendi a fazer queijos com minha avó. Não só a fazer mas amar o jeito de fazer queijos. Na verdade a receita é igual para todos, o que muda na qualidade de um queijo é o amor, o jeito, a paciência, a qualidade do leite e o clima da fazenda, o ar das montanhas mineiras e o carinho ao colocar a mão na massa.
Se quer aprender a fazer queijo você precisará de:
. 10 litros de leite in natura (não pode ser pasteurizado) 
. 10 ml de coalho 
 . Sal a gosto 
Pra fazer o nosso queijo é assim: 
- Assim que meu avô tirava o leite da vaca, era peneirado, eu colocava o leite no balde e despejava o leite numa panela no fogão a lenha, apenas para aquecer e não ferver;
- Já aquecido eu tirava do fogão e esperava esfriar bem.
- Em seguida eu fazia uma mistura de duas colheres de sal porque eu gosto de queijo mais picante com o coalho e dissolvia em meia caneca de água, que eu pegava na moringa. A água vinha direto da mina  e era ótima! (foto acima do Mestre Queijeiro Roberto Soares em São Roque de Minas)
- Despejava a mistura no leite e mexia com uma colher de pau.
- Depois eu colocava um pano branco por cima e deixava o leite coagular por mais ou menos 40 minutos.
- O leite ficava grosso, com aparência de iogurte natural. Com uma faca eu fazia cortes na massa para ela dessorar. Tem que tirar bem o soro senão o queijo não irá ficar bom.
- Corta e esperava mais uns 20 minutos.
- Depois eu colocava balde de madeira na mesa, com o pano que cobria o balde, eu colocava a massa e ia apertando, até sair todo o soro.
- Já sem o soro, eu pegava a massa, colocava numa cuia de cuité e levava para o cômodo da dispensa, onde tinha várias tábuas com várias fôrmas. 
- Colocava a massa na fôrma para queijo, apertava bem mesmo e espalhava mais sal por cima.
- Assim deixava por 8 horas. A tábua era um pouco inclinada e na chão, colocava uma cuia de cabaça. O soro ia saindo aos pingos e caia na cabaça. 
- Depois desse tempo, virava a forma e espalhava mais sal e continuava pingando.
- No dia seguinte, desenformava e colocava numa tábua acima, ainda na dispensa. Se tivesse muito queijo na dispensa, colocava numa tábua que ficava amarrado nos caibos dos teto sobre o fogão a lenha
Tem gente que gosta de queijo fresco, aquele branquinho bem molinho. Eu prefiro o meia cura e o curado, pra mim são os mais saborosos.
A receita do queijo é a mesma em qualquer lugar. O que dará o sabor diferenciado ao queijo dependerá do prazer que você tem em fazer um queijo gostoso, gostar do queijo e amar esse modo artesanal de fazer queijos. A textura, sabor, cor e firmeza vai variar de região por região, do local e do tempo de maturação.
          A receita do queijo é a mesma desde quando começou a produção de queijos em Minas, há mais de 300 anos. Hoje está industrializado, feito em série. Mas ainda nas fazendas do nosso interior se produz o bom e velho queijo à moda antiga, naturalmente, preservando a receita original de nosso queijo mineiro e seu principal ingrediente, o amor pela nossa culinária. (foto abaixo de Lucas Rodrigues do Queijo do Dinho em Piumhi MG)

          Quando saímos da roça, de volta para a cidade, na mala não podia faltar queijos. Fazíamos muitos queijos mesmo e enchíamos a mala de doce de leite, de figo, laranja da terra, carne na lata, café torrado e claro, de queijos, muito, mas muito queijo mesmo.
          Na verdade mesmo, colocávamos poucas roupas nas malas justamente para caber tudo que a gente iria trazer da roça, principalmente queijos. Dava prazer, já que na cidade não se encontra igual. Dava também muitas saudades da roça, de ir de novo, com as malas vazias, fazer biscoitos, doces, bolos, queijos e encher a mala de todas as gostosuras. Levávamos não apenas comidas, mas um pouco de nossos doces momentos que vivíamos ao lado dos avós e tios. 

Maria da Fé: a cidade mais fria de Minas

(Arnaldo Silva)  Maria da Fé, no Sul de Minas, é a cidade das oliveiras, terra do azeite, da batata e das cerejeiras. A sede do município, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), é a mais fria de Minas Gerais. (fotografia acima de William Siqueira/Epamig) Com cerca de 15 mil habitantes, a cidade tranquila, aconchegante, arborizada, com belas praças, um charmoso casario e propicia aos visitantes eventos típicos de uma cidade do interior de Minas como culinária típica, festival de viola, festival de inverno, Noite do Livro, Folia de Reis, Dança de São Gonçalo, Dança de Catira e um artesanato feito com fibras das folhas da bananeira valiosíssimo. A cidade oferece aos visitantes aconchegantes pousadas, bem como bons restaurantes.
          O grande destaque de Maria da Fé (na foto acima de Rinaldo Almeida) é seu povo de bom coração, atencioso e caloroso. Frio na cidade é apenas do tempo mesmo. Seu povo é cheio de calor humano, além de Maria da Fé, ser uma cidade apaixonante, com belezas arquitetônicas atrativas em seu casario e tendo como destaque a bela Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, com pinturas do artista plástico italiano Pietro Gentilli, (na foto abaixo de Gislene Ras)
          Este artista tem ainda trabalhos em Mariana MG. Ainda como atrativos, a cidade tem a Casa do Artesão, a Praça da Estação onde tem uma lembrança da Maria Fumaça, o Centro Cultura onde o visitante tem a disposição informações sobre a histórica e pontos turísticos do município.
          O intenso frio de Maria da Fé atrai turistas vindos de todo o Estado e também do Brasil, quem vem à cidade para contemplarem a beleza dos campos cobertos de branco pelas geadas rigorosas no inverno e brincar com o gelo. Dá para fazer até boneco como pode ver na foto acima, do Willian Siqueira/Epamig. Mas porque faz tanto frio em Maria da Fé?
          Maria da Fé está a 1258 metros de altitude, na Serra da Mantiqueira, sendo o seu ponto mais alto o Pico da Bandeira com 1623 metros de altitude (homônimo do outro pico, em Alto Caparaó MG), A paisagem é montanhosa, com 88% da área do município formada por “mares de morros”, sendo boa parte constituída por rochas sedimentares formadas ao longo dos milhões de anos por areia, argila, calcário, arenito e granitos. (foto acima de Rinaldo Almeida e abaixo de Pedro Henrique Moura/Epamig)
          A localização de Maria da Fé está entre as zonas de convergências climáticas entre São Paulo e a região Sul do Brasil. Quando a massa de ar frio se desloca do Sul do país para o sudeste, chegando pelo Norte de São Paulo, na região de Campos do Jordão, se desloca para Minas a partir dessa região. O primeiro município mineiro nessa convergência é Maria da Fé que graças ao seu relevo, altitude e montanhas rochosas, tornam as condições propícias para que a massa de ar fria se mantenha inalterada por um bom tempo, prolongando o frio.
          Ou seja, a massa de ar fria chega sem muitas alterações, no seu ponto de convergência em Minas, Maria da Fé (na foto acima de Cássia Almeida). Por isso que é a cidade mais fria de Minas Gerais. Quando essa massa de ar frio se desloca de Maria da Fé para outros municípios, a temperatura vai reduzindo um pouco, mesmo assim, bem baixas no restante da Região da Mantiqueira e Sul de Minas, chegando abaixo de zero nos municípios próximo a Maria da Fé. (fotografia abaixo de Pedro Henrique Moura/Epamig)
          A menor temperatura registrada em Maria da Fé foi em 21 de agosto de 1981, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou - 8.4° C. Não foi somente a menor do município, mas de Minas Gerais, registrados até os dias de hoje.
          A segunda menor temperatura, registrada em Minas Gerais, também foi em Maria da Fé, quando os termômetros, registraram na cidade, -6.3° C em 14/06/2016 e -5° C, em 25/07/2021. (fotografia acima de William Siqueira)
          No dia 14 de junho de 2016, os termômetros marcaram -6.3º C, a mais baixa temperatura do século 21, em Minas Gerais, até o momento. (foto acima de Cássia Almeida)
          O clima frio de Maria da Fé permite plantar cerejeira, árvore nativa do Oriente, cujo cultivo requer altitudes acima de 1000 metros e clima bem frio. (fotografia acima de Cássia Almeida) Como em Maria da Fé tem esses dois fatores, uma das dezenas de variedades da planta se adaptou muito bem ao município, sendo hoje uma dos cartões postais da cidade. No início do inverno, quando acontece a florada, a cidade recebe visitantes de ouras regiões para presenciarem esse espetáculo divino!
Como chegar?
          Maria da Fé está a 25 km de Itajubá, a 80 km de Campos do Jordão, a 50 km de São Lourenço, a 265 km de São Paulo e a 467 km de Belo Horizonte. O aeroporto mais próximo é o da capital paulista.
Das cidades citadas acima, tem ônibus diário para Maria da Fé. De Brasília e Goiânia pela Viação Gontijo, Rio de Janeiro, pela Viação Útil e outras cidades mais distantes, o melhor é vir de ônibus até Itajubá ou São Lourenço e de lá, pegar outro ônibus para Maria da Fé.
          De carro de São Paulo, siga pela Rodovia Presidente Dutra até Lorena, pegue a BR-459, passando por Piquete/SP e Delfim Moreira/MG, entrando na MG-350 até Itajubá e por fim, entrando pegando a MG-383, até Maria da Fé.
          Quem vem do Rio de Janeiro, o trajeto é o mesmo para quem vem de SP, bastando pegar a Via Dutra até Lorena e seguir as orientações acima, até Maria da Fé.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O mineiro carrega nossa bandeira e o Brasil no coração

(Por Arnaldo Silva) Viver em Minas não é apenas um privilégio, é uma honra. Nosso Estado tem e extensão territorial de país, por exemplo, da França, e diversidades culturais e arquitetônicas enormes, somente encontradas em um país. Por isso Minas é um Estado privilegiado.
          Não é por menos que dizemos que Minas é o mundo dentro da gente. Todas as regiões mineiras têm suas características peculiares com influência de outras culturas, outros povos, mas o mineiro sempre preserva sua essência de ser mineiro, seja em sua arquitetura única, história, tradições culturais, religiosas e folclórica, bem como na culinária, com receitas preservadas há mais de 300 anos. (na foto acima de Vinícius Montgomery, a bandeira de Minas Gerais e ao fundo a cidade de Itajubá, no Sul de Minas)

          Somos um estado único, onde as tradições e cultura estão presentes, tanto quanto nossas belezas naturais, por todos os cantos dos 853 municípios mineiros. (na foto acima de Peterson Bruschi, o monumento a Tiradentes em Ouro Preto MG)
           Em Minas o visitante é tão bem acolhido que sente logo a diferença. Chega e vai logo pra cozinha, porque é a cozinha o melhor lugar da casa, onde está à mesa estão todas as delícias da nossa culinária.

         Mesmo que o desejo ao vir pra Minas seja o turismo, ou aventuras pelas paisagens mineiras, vir à Minas e não experimentar nossas quitandas, não pode dizer que conheceu Minas Gerais. 
         Minas recebe a todos. Seja uma família, um grupo de amigos, de jovens ou da terceira idade. Os que vem a passeios por grandes cidades ou pelas pacatas, charmosas e aconchegantes pequenas cidades do nosso interior, todos são acolhidos e se sentem bem nesse estado rico e acolhedor.
         60% do patrimônio histórico de todo o Brasil estão concentrados em Minas Gerais. (na foto acima de Giselle Oliveira, Diamantina MG)
          No estado mineiro está a maior parte da história viva do Brasil, contada em cada beco, em cada casarão, em cada ponto da Estrada Real, em cada igreja, em cada cidade. Tudo em Minas impressiona o visitante. Seja as cidades históricas com seus casarões e igrejas impressionantes, as estâncias hidrominerais, as grandes fazendas cafeeiras, as pequenas e charmosas cidades ou mesmo as montanhas, os parques ambientais, os rios, as paisagens deslumbrantes e as milhares de cachoeiras espalhadas por todo o Estado.
          Minas Gerais é um destino certo para quem quer conhecimento, diversão ou mesmo relaxar e cuidar da mente em meio a imensidão de nossas montanhas, rios, cachoeiras e paisagens belíssimas!  
          Além de termos no estado a maior parte do patrimônio histórico brasileiro, temos também as maiores manifestações culturais e folclóricas. Nosso estado é riquíssimo e diversificado em cultura, arte e artesanato. (fotografia acima de Matheus Freitas/@m.ffotografia em São João Del Rei MG)
         Conhecer Minas Gerais é um privilégio. É vivenciar a cultura mineira, sua gente, sua gastronomia, sua história, suas tradições e o jeito simples de ser e viver do mineiro.  (na foto abaixo de Arnaldo Quintão, a Estação de Trem de Mariana MG)
          Conheça Minas. Temos orgulho de nosso estado, de nosso jeito de ser, falar e viver. Termos orgulho de sermos mineiros e faz parte do nosso povo, da nossa gente, acolher a todos, com muita hospitalidade. Minas recebe todos de braços abertos. O mineiro carrega sua bandeira e o Brasil no coração!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Os 10 mais belos alvoreceres de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Alvorada, o nascer do sol, amanhecer, aurora, alva da manhã, é um dos mais extasiantes espetáculos naturais do mundo, que acontece na direção leste de cada cidade. Em alguns lugares são divinos, inspira poetas, escritores e artistas que pintam a beleza do alvorecer em suas telas. Minas Gerais tem o privilégio de ter o céu mais azul, o pôr do sol mais emocionante e o nascer do sol mais extasiante. Em dezenas de cidades mineiras, principalmente nas de maior altitude, o espetáculo da alvorada é fascinante. Destacamos 10. Conheça:
01 - Serra da Piedade

          A 55 km de Belo Horizonte, está uma das mais belas alvoradas do mundo. Do alto da Serra da Piedade, em Caeté, a beleza do nascer do sol é simplesmente extasiante, ainda mais emoldurado pela arquitetura barroca da menor Basílica do Mundo, a Basílica Menor de Nossa Senhora da Piedade. A sensação de todos que vão à Serra da Piedade é de estar acima das nuvens, literalmente. (Fotografia acima de autoria de Henrique Caetano) 
02 - O alvorecer na terra do poeta
          O amanhecer do sol em Ipoema, o charmoso distrito de Itabira, terra do poeta Carlos Drumond de Andrade, é impressionante! Do alto do Morro Redondo, a vista é incrível, impactante, emocionante, imperdível! (fotografia acima de Sérgio Mourão)
03 - Os lírios do Vale

          Durante a primavera, em outubro, os campos de lírios no Vale do Jequitinhonha começam a florir e em Itinga, a beleza da aurora, com a simplicidade e magia dos lírios nativos, é de deixar de queixo caído. Um espetáculo que poucos tem o privilégio de ver. Só indo mesmo no Vale, em Itinga para presenciar o encontro dos raios da manhã, com a beleza dos lírios do campo. (Fotografia de Ernani Calazans)
04 - O teto do sertão mineiro
          A 2052 metros de altitude, o sol desponta no "teto do sertão mineiro", como é chamado o Pico do Itambé, na Cordilheira do Espinhaço, entre o Serro e Santo Antônio do Itambé, no Alto Jequitinhonha. Subir até o alto do pico e contemplar o espetáculo do despontar dos primeiros raios solares da manhã sobre as nuvens é algo indescritível! A impressão é de que estamos no topo do céu. (fotografia acima de Tiago Geisler)
05 - Serra de Lavras
          Sentar sobre os verdes campos das serras de Lavras, na região do Campo das Vertentes, é um sensação impressionante, ainda mais com os raios do alvorecer. A sensação é de estar sentado no paraíso com tamanha beleza à frente! (fotografia acima de Rogério Salgado)
06 - A Serra do Salto
          As serras entre Itutinga, Carrancas e Itumirim,na região do Campo das Vertentes, formam um complexo de belezas sem igual. A que vemos acima, Serra do Salto, em Itutinga, (fotografada pelo Gilson Nogueira) é um show a qualquer hora do dia, mas nos primeiros raios da manhã é show demais!
07 - O mirante do Jacroá

          O amanhecer do sol em Marliéria, no Vale do Aço, é um dos mais lindos de toda a região. Sua beleza é tão fulgurante, que todos os dias, dezenas de pessoas sobem até o Pico do Jacroá para admirar a beleza da alva da manhã. Do alto se vê o Parque do Rio Doce, maior reserva de Mata Atlântica de Minas. É tanta gente procurando que foi necessário fazer um mirante para dar mais conforto e segurança às pessoas que subiam até o pico para contemplar a beleza do nascer do sol. A vista é tão incrível que se perde no horizonte, num mar de montanhas douradas. (Fotografia de Elvira Nascimento)
08 - A luz matutina em Carvalhos
          Trilhas, cachoeiras, picos, altitude e muito frio. Essa é Carvalhos, no Sul de Minas. Os raios da luz da manhã suavizam as temperaturas sempre baixas. No inverno é um espetáculo por toda a região a chegada do sol. Um visual de extasiar! (fotografia de Mônica Rodrigues)
09 - O Pico da Bandeira
          Encarar os 2892 metros de altitude do Pico da Bandeira em Alto Caparaó, na Zona da Mata, não é tarefa fácil, mas compensa. O topo de Minas, o lugar mais alto de nosso estado, é incrível! No inverno os termômetro variam entre 0 a 10 graus negativos. Uma emoção congelante, mas gratificante. Não dá nem para descrever tamanha beleza da vista do alto do Pico da Bandeira. Imagina o êxtase da moça da foto, a Naira Cler, contemplando esse mar de nuvens. É uma paz, um silêncio apenas quebrado pelo barulho do vento.
10 - O Pico do Boné

          A névoa matutina cobre as montanhas, aos poucos revelando, com o surgimento dos primeiros raios do sol, um dos mais belos lugares do Brasil. Esse lugar é o Pico do Boné, no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em Araponga, na Zona da Mata Mineira. São 1870 metros de altitude, com o topo com cerca de 15 metros quadrados. Do topo pode-se ter uma ampla visão em 360 graus do redor. Serras, montes, névoa, o sol nascendo, pode se ver tudo! Um espetáculo que vale a pena ser visto. (fotografia acima de Pedro Henrique)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Café de Espera Feliz se destaca no Brasil

(Por Arnaldo Silva) A cidade é tão charmosa quanto seu nome, Espera Feliz. Com cerca de 25 mil habitantes, faz parte do Caminho da Luz, antiga rota criada no século XVIII por tropeiros, religiosos e aventureiros. Esse caminho inicia-se em Tombos e terminando no Pico da Bandeira em Alto Caparaó MG, na divisa com o Espírito Santo. 
          A rota foi criada para ligar o Rio de Janeiro ao Espírito Santo, pelos caminhos das sinuosas montanhas mineiras. Esse é um dos atrativos da cidade que fica a 378 km de Belo Horizonte e faz divisa com Alto Caparaó, Carangola, Divino, Caiana, Caparaó, Dores do Rio Preto, na Zona da Mata Mineira. Sua altitude mínima é de 773 metros, mas rodeada por maciços rochosos e montanhas que elevam a altitude de mil até 1400 metros de altura. 
          Ai que está o sucesso de Espera Feliz. Suas montanhas sempre cobertas por uma densa névoa e umidade, vai revelando, com o surgimento dos primeiros raios solares, o maior tesouro do município. O café de montanha. Espera Feliz faz parte da Região Cafeeira Matas de Minas.(na foto abaixo, a produtora de café, Silvana Teixeira Lacerda, do Sítio Forquilha do Rio, vencedor do último Concurso de Cafés especiais da Emater-MG. Atualmente, é o melhor café de Minas Gerais. Foto:Divulgação)
Foto acima: Emater/Divulgação
          A terra fértil, a altitude e a umidade relativa do ar mais alta, são fatores que favorecem o cultivo de café de qualidade. Esses fatores fazem com que o grão permaneça mais tempo na planta, desenvolvendo mais propriedades e assim, melhorando a qualidade do café.
          Espera Feliz tem cerca de 100 produtores de cafés especiais, sendo a maioria de pequenos produtores em propriedades com menos de 20 hectares. São propriedades familiares, geralmente, envolvendo toda a família na colheita do café, que é feita de forma manual. Sendo também esse um dos fatores que ajudam a preservar a qualidade dos grãos, que passam a ser selecionados, já no momento da colheita. (foto abaixo de Geremias Corrêa)
          O café é descascado, secado em terreiros suspensos ou de cimento e por fim ensacado. Sai de Espera Feliz em grãos direto para as indústrias da região que fazem o beneficiamento e distribuição do produto para todo o Brasil e exterior.
          A preocupação dos produtores de café de Espera Feliz, em melhorar a qualidade do produto vem surtindo efeitos. De uns 10 anos para cá, com o apoio técnico da Emater MG, a qualidade dos grãos produzidos no município vem melhorando cada vez mais e transformando o município em referência na produção de cafés especiais no Brasil, arrematando as primeiras colocações seguidas em diversos concursos de qualidade de cafés pelo país. Nas três últimas edições do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, promovidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG), o café de Espera Feliz superou cerca de 2 mil concorrentes e obteve o primeiro lugar em 2017, 2018 e novamente, em 2019.
Segundo a Emater, os vencedores de Espera Feliz nos três últimos concursos foram:
2017 - Onofre de Lacerda - Campeão Estadual e Matas de Minas (categoria Natural). Sebastiana Oliveira - Campeã Estadual e das Matas de Minas (categoria Descascado)
2018 - Josias Gomes - Campeão Estadual e das Matas de Minas (categoria Natural)
2019 - Paulo Gomes - Campeão Estadual Geral e das Matas de Minas (categoria Natural). Flávio de Abreu - Campeão das Matas de Minas (categoria Descascado)
2020 - Ademir Abreu de Lacerda do Sítio Forquilha do Rio - Campeão geral no 17º Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais, realizado pela Emater-MG, foi eleito o melhor café de Minas Gerais, numa disputa com 1.792 amostra, obtendo 92 pontos, em 100. Neste mesmo concurso, Maria Luiza Lacerda Gomes, também do Sítio Forquilha do Rio, foi eleita a Mulher Empreendedora do Ano.
          As conquistas dos produtores de Espera Feliz vem coroar empenho, trabalho, investimento, persistência e dedicação em melhorar cada vez mais, produzindo um café de altíssima qualidade, sendo inclusive reconhecida por todo o país e pela Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), que reconhece o café de Espera Feliz como um dos melhores do Brasil.
          Além do café, Espera Feliz é uma cidade muito agradável, charmosa, com belezas naturais e urbanas, sem contar sua ótima rede hoteleira, com hotéis e pousadas aconchegantes, além de bares e restaurantes com comidas típicas mineiras e produtos artesanais do município. Vale lembrar que a cidade de Alto Caparaó, a porta de entrada para o Parque Nacional do Caparaó, onde está o Pico da Bandeira, é vizinha a Espera Feliz. (foto abaixo de Geremias Corrêa)
Ao vir a Espera Feliz, conheça o seu café, as fazendas, as montanhas, a cidade. Vivencie Minas Gerais!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A história do Juquinha: o lendário guardião da Serra do Cipó

(Por Arnaldo Silva) Simples, alegre, sorridente, lendário e até enigmático. Este é o Juquinha da Serra do Cipó. Se não é o mais famoso, é um dos mais famosos personagens populares de Minas Gerais. Juquinha era tão cativante que foi imortalizado em duas estátuas, pela sua história de vida e amor pela Serra do Cipó. Imortalizado também no coração de quem o conheceu e mesmo pelas novas gerações, que se encantam com as histórias da vida do Juquinha. 
          José Patrício, esse era o seu nome. Juquinha era o apelido carinhoso e ele gostava de ser chamado assim. De origem bem humilde, vivia nas montanhas com seus dois irmãos. Sobrevivia colhendo flores que dava aos turistas em troca de roupas e comida. As vezes recebia moedas e sempre agradecia, tirando o chapéu e sorrindo para as pessoas. Era esse jeito simples que cativava as pessoas, tornando-o muito querido na região. (fotografia acima de Nacip Gômez da estátua do Juquinha na Serra do Cipó)
          Seu estilo vida isolado entre as montanhas, criava em torno de si lendas e histórias muitas das vezes exageradas. Uns diziam que ele já mamou em loba e que comia escorpiões. Falavam ainda que era imune a veneno de cobras, tendo sido picados dezenas de vezes e nada acontecido. Até sua idade era motivo de lenda. Muitos diziam que ele tinha mais de cem anos e que morreu duas vezes.Morreu uma vez e ressuscitou.

          Numa noite, seu irmão o encontrou deitado, com o corpo inerte e bem rígido. Seu irmão não sentiu pulsação e nem batimentos cardíacos, concluindo que o Juquinha estava morto. Prepararam o velório e com muita tristeza lá estava o povo, triste com a notícia, até que o Juquinha se levanta do caixão, deixando todos assustados e perplexos.(fotos acima extraídas de arquivos antigos dos anos 70. Não identificamos a autoria)
          Juquinha sofria de catalepsia, quando em crise a doença provoca enrijecimento dos músculos do corpo, dando a impressão de que a  pessoa está morta. Naquela época o conhecimento sobre essa doença era mais restrita aos círculos médicos. O povo não entendia essas questões médicas e acreditava mesmo que ele tinha morrido e ressuscitado. Esse fato gerou mais lendas ainda sobre o Juquinha. Muita gente acreditava ser o misterioso ermitão da Serra do Cipó um ser imortal, enviado pelos deuses ou até mesmo um extra-terrestre que veio para cá.
          Sua vida foi cercada de mistérios e lendas, sua morte também. Faleceu em 1983, mas ninguém sabe informar com precisão o dia exato e nem sua idade verdadeira. Nem mesmo os parentes souberam dizer. 
          Mesmo após sua morte, o velho Juquinha deixou saudades. Era a alegria da Serra do Cipó e seu sorriso e simplicidade encantava a todos. Em 1987 os prefeitos de Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro encomendaram junto a artista plástica Virgínia Ferreira uma estátua do Juquinha. Assim foi feito e a estátua foi instalada numa parte alta da Serra do Cipó a 1 km da portaria da Capivara. Quem passa pela estrada, pode vê-la no horizonte, como podem ver na foto acima que eu fotografei de dentro do ônibus, na MG 010.
          Posteriormente, foi construída outra estátua do Juquinha na Rodovia MG 010, km 117, em Santana do Riacho (na foto acima, com Sila Moura), onde Juquinha é retratado na sua simplicidade, com flores nas mãos, dando boas vindas aos visitantes da Serra do Cipó. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O segredo da cozinha mineira

(Por Arnaldo Silva) O segredo do sucesso da culinária mineira é simples. É o melhor lugar da casa. Tudo arrumado e bem organizado com muito amor, com muito carinho. Esse é o segredo que nós mineiros guardamos há mais de 300 anos na cozinha mineira. O amor pela nossa culinária. O amor em cozinhar. O amor por nossa comida. (na foto abaixo, de Marselha Rufino, o fogão a lenha do Santuário do Caraça em Catas Altas MG)
          Nossas receitas são populares, presente em todos os estados brasileiros e até no exterior, mas, quem experimenta a comida mineira fora do estado, percebe logo que não é a mesma coisa da comida feita em Minas. Constatação óbvia. Receita é receita em qualquer lugar do mundo, mas colocar amor, tradição, laços sentimentais e história, só em Minas. (foto abaixo de Sérgio Mourão)          
          Além de cores e sabores, nossa cozinha tem história. Em cada casa mineira, em cada fogão a lenha, em cada horta de um quintal, em cada receita anotada no caderno, tem emoção, tem laços de família, tem uma história, tem o prazer de cozinhar, tem um sabor único. E esse sabor único, se encontra em Minas, há mais de 300 anos. (foto abaixo de Rosane Vidinhas)          
          Broa de fubá, pão de queijo, vaca atolada, frango com quiabo e angu, taioba com costelinha, feijão tropeiro, mingau de milho verde, pamonha, farofa, doce de leite, ambrosia, carne moída com ora-pro-nobis, galinhada, joão-deitado, queijo, doce de figo, marmelada, goiabada, licores, geleias, bolos, biscoito, tutu de feijão e tantos pratos. De onde veio tanta receita? (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          Pra saber temos que voltar ao tempo, lá pelo fim do século XVI e início do século XVII, com a chegada de bandeirantes e portugueses ao nosso território. Alguns pratos vieram com os portugueses e foram adaptados de acordo com os ingredientes que existia à época, como a ambrosia, o doce de ovos. 
          Outros surgiram por necessidade, como o pão de queijo, na tentativa de fazer pão numa terra que não tinha trigo, mas mandioca em abundância. Boa parte foi surgindo com a combinação de ingredientes, com a mistura do talento culinário oriundo das senzalas, das tabas indígenas e das cozinhas portuguesas. 
          Nossa cozinha é uma mistura de cores e sabores da cozinha africana, indígena e portuguesa. Por isso é única, deliciosa, cheia de cores, sabores, vida e emoções. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          O segredo da nossa culinária é preservar nossas receitas da mesma forma que 300 anos atrás. Mineiro torce o nariz para “invenções” em suas receitas. Agregar ingredientes, valores, isso e aquilo são uma afronta ao paladar mineiro. 
          As receitas são preservadas, valorizadas e valiosas para o mineiro. Ao longo dos séculos, novos pratos foram surgindo, mas modificar as receitas tradicionais, não, isso nunca. Nossas receitas não são simplesmente ingredientes e modo de preparo. São nossas emoções, nossas tradições, legado de nossas famílias e a isso, não se pode agregar nada e sim respeitar, valorizar e preservar. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          O segredo da cozinha mineira é o amor pelas tradições nascidas à beira de um fogão a lenha, com a família reunida, com muita prosa, cantoria, cigarrinho de palha, causos, cafezinho no bule, queijo, licores e quitandas alegrando esses momentos. 

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