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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Família queijeira mineira conquista pela 4ª vez premiação mundial

A Queijaria Fazenda Bela Vista de Alagoa MG, no Sul de Minas (Produtores Renato, Thaylane, Maria e Cláudio) participou nesse último final de semana pela quarta vez do Mundial de Queijos na França e traz mais dois prêmios para ALAGOA MG com seus queijos.
        A Família produz queijos há 40 anos. O segredo para esse feito segundo a família é fazer tudo com amor e simplicidade e com as próprias mãos, pois a fazenda não conta com empregados, são eles mesmo que fazem todo o processo, desde manejo do rebanho até a comercialização dos queijos. Eles acreditam também que o cuidado com o rebanho influencia muito no resultado final do queijo. Todo o rebanho da Fazenda Bela Vista é criado livre. Utilizamos o leite fresco das nossas vacas, de animais bem cuidados e alimentados de forma natural.
        Além da Fazenda Bela Vista, mais dois produtores de Alagoa foram premiados no Mundial (Fazenda Santo Antônio e Sítio da Onça).
        Alagoa levou 6 medalhas nesse Mundial e nesse concurso a disputa contou com 26 países e foram 1.960 queijos concorrendo. O Brasil ficou com 58 medalhas no total, sendo 31 vieram para o Estado de Minas Gerais.
Texto e fotografias fornecidos pela Fazenda Bela Vista. Contato Instagram @fazendabelavistaalagoamg - WhatsApp 35 9876-5314

sábado, 6 de setembro de 2025

Rosca Nuvem de leite Ninho

PASSO 1: PREPARANDO A ESPONJA
Ingredientes
. 200ml de água morna
. 10g de fermento biológico seco
. 1 xícara (chá) de farinha de trigo
Preparo da esponja
- Misture tudo,  tampe com pano ou plástico filme e deixe descansando 20 minutos.
PASSO 2: COM A ESPONSA JÁ ATIVADA, COLOQUE:
+-650g aproximadamente de farinha de trigo
. 240ml de leite
. 2 ovos
. 3 colheres de sopa de manteiga
. 4 colheres de sopa de leite ninho
. 1 colher de café de sal
. 6 colheres de sopa de açúcar
. 240ml de leite
Preparo
- Coloque a farinha aos poucos e vá sovando até a massa desgrudar das mãos.
- Tampe com pano e deixe descansando 1 hora até dobrar de tamanho.
- Depois unte as formas com manteiga e modele as roscas, deixe descansando mais 20 minutos.
- Leve ao forno pré-aquecido a 200° e deixe assando até dourar
- Retire do forno, pincele um pouco de gema de ovo batida ou leite condensado e pulverize leite ninho por cima.
Receita e fotografias fornecidas pela Luciana Albano de Ibiá MG

sábado, 30 de agosto de 2025

10 distritos mineiros que vão fazer você se apaixonar – Parte X

(Por Arnaldo Silva) Esta é a décima parte da série produzida pela Conheça Minas de 10 reportagens com vilas coloniais e distritos de Minas Gerais. No Estado, segundo dados da Fundação João Pinheiro, são atualmente 1.842 distritos e 853 municípios, além de mais centenas de vilas e pequenos povoados.
        Além de distritos, Minas Gerais possui centenas de fazendas com casarão sede, casario dos funcionários, capela, vendinha que lembram as pequenas aldeias europeias, como por exemplo, a Fazenda Serra Bonita, na foto acima e abaixo que o Fernando Campanella registrou.
        Sediada em Delfim Moreira, no Sul de Minas, cidade serrana da Serra da Mantiqueira com origens no século XVIII, a Fazenda Serra Bonita se destaca pela beleza das construções da vila em estilo rústico e romântico, que conta com capela, venda antiga e o Hotel Serra Bonita que conta com restaurante, piscina, charmosos chalés que recebem hóspedes, além de contar com espaço para eventos, como casamentos. 
        A fazenda conta ainda com um haras, queijaria com produção de queijos premiados como o tipo parmesão, feito com leite A2A2. Como são quase dois mil distritos e não dá para colocar todos, por isso selecionamos alguns apenas, em 10 séries com 10 distritos em cada reportagem. Conheça agora, na décima parte, mais 10 acolhedores, pacatos, charmosos e apaixonantes distritos mineiros.
01 - Tocoiós de Minas
Fotos: IEPHA - MG/Divulgação
        É distrito de Francisco Badaró, cidade localizada no Vale do Jequitinhonha. Tocoiós de Minas, conta com cerca de 1000 moradores. A povoação do distrito tem origem quilombola e se destaca pelo charme e simplicidade de seu povo, de seu casario, pela pequena igreja do povoado construída na década de 1940 e principalmente, pela beleza da arte dos saberes ancestrais das tecelãs do vilarejo.
        São mulheres entre 35 e 70 anos, avós, mães, trabalhadores rurais, professoras, estudantes aposentadas, etc, que tem na arte da tecelagem uma alternativa de renda e também, como terapia e fortalecimento dos laços de amizades. Elas trabalham juntas, na sede da Associação das Tecelãs do distrito, criada em 1985. No dia a dia do trabalho, cantam, brincam e se divertem, enquanto tecem e preservam a arte da tecelagem, tradição passada por seus antepassados.
Fotos: Ernani Calazans
        A tradição do artesanato em algodão das tecelãs é o símbolo da resistência e história da própria comunidade. A união das tecelãs em torno de sua associação, é uma forma de preservar os saberes de seus ancestrais e de ampliar os potenciais da comunidade na arte da tecelagem. São peças variadas como colchas, redes, caminhos de mesa, almofadas, tapetes, feitos com o algodão cultivado, fiado e tingido de forma natural com plantas e raízes do cerrado, pelas próprias tecelãs e no sistema tradicional.
        É uma tradição secular preservada até os dias de hoje pelas tecelãs de Tocoiós de Minas, mesmo com a redução do plantio de algodão na região e a tecnologia atual na produção de tecidos. O processo da produção do tecido tradicional pode ser acompanhado de perto por visitantes. Isso porque a comunidade abre suas portas que todos que desejam conhecer e adquirir os produtos artesanais do distrito.
02 - Mercadinho
Fotografia de Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Distrito de Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, Mercadinho é uma típica vila mineira do século XIX, com casario típico colonial das vilas do interior. Na tranquila, pacata e charmosa vila, vivem hoje cerca de 300 pessoas.
        O povoamento do vilarejo surgiu em torno de um pequeno mercado. Por ser uma vila bem pequena que se formou em seu entorno, o lugar passou a se chamar Mercadinho.
        Seus moradores vivem da agricultura familiar e pecuária, além de artesanato. Gente simples, que tem como característica a hospitalidade e fortes laços comunitários entre si, com atividades comunitárias que envolvem toda a comunidade, como festas religiosas, folclóricas e sociais que acontecem na quadra poliesportiva, na Escola Municipal Santo Antônio, de Ensino Fundamental, e principalmente, no entorno da Igreja de Santo Antônio, base da vida social do distrito, eventos e atividades que atraem visitantes de toda a região.
Igreja de Santo Antônio em Mercadinho. Registro: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Seus moradores valorizam sua religiosidade, suas tradições e cultura como por exemplo a Casa Caju, um projeto criado por um grupo de Belo Horizonte com o objetivo de resgatar a cultura local desenvolvendo atividades de bordado e crochê, brincadeiras infantis antigas, música, teatro, Lambe-lambe nas ruas, conto de “causos” antigos, oficinas de desenhos e pinturas, dentre outras atividades.
Mercadinho visto da estrada. Registro da Daniela Ventura
            Não apenas isso, seus moradores têm o privilégio de poder fazer atividades esportivas e culturais ao ar livre em qualquer hora do dia e da noite, como brincadeiras infantis, prosa no banco da pracinha ou no mercado da vila, além do contato com a natureza em especial, desfrutar das águas da Cachoeira da Soledade.
        Além disso, eventos tradicionais fazem parte do dia a dia de seus moradores como o Trilhão, feito em motos, a Cavalgada, o Circuito Cultural, atividades esportivas e a tradicional Festa de Santo Antônio, em junho, com missa, quadrilhas com casamento na roça, barracas com artesanato e comidas típicas, leilões, peças teatrais, rodas de viola, apresentação da Roda de Trespassar e a sempre aguardada Ciranda de Mercadinho. A festa é um dos mais aguardados eventos da região.
03 - Três Barras da Estrada Real
Fotografia: Rodrigo Firimo/@praondevou
        Conhecido apenas como Três Barras, seu nome completo é Três Barras da Estrada Real, para se diferenciar de outras localidades homônimas, já que a vila está inserida na Estrada Real. É distrito da cidade histórica do Serro MG, no Alto Jequitinhonha. O nome “Três Barras” deriva do encontro dos rios Preto, Três Barras e Cubas. O encontro desses rios formam “barras”, daí o nome. Está apenas 14 km do Serro. Seus moradores vivem do artesanato, do turismo, de pequenos comércios e agricultura familiar. Na pequena vila colonial serrana, vivem 431 pessoas, em 131 residências, segundo Censo do IBGE.
        É um lugar pitoresco, com uma culinária típica riquíssima e saborosa, ruas bucólicas, casario colonial com cores alegres e simples, rodeado por serras e paredões rochosos e belas cachoeiras.
        Vida simples, povo acolhedor que tem na singela capela colonial, dedicada à São Geraldo, seu elo de fé e atividades sociais como festas religiosas, além ser a identidade cultural e religiosa de Três Barras da Estrada Real. Foi no entorno da capela, construída em estilo barroco, no século passado, na fazenda da Família Silva, que o povoado surgiu. Três Barras da Estrada Real é um dos lugares mais visitados pelos turístas que visitam o Serro MG.
04 - Argenita
Fotografias enviadas pela Neide Silva
        Distrito de Ibiá, no Alto Paranaíba, Argenita é uma pacata e tradicional vila mineira, onde vivem cerca de 850 pessoas. A vila é bem estruturada, pavimentada, com casario em estilo colonial, praça e conta com salão comunitário, escola, pequeno comércio, bares, salão de eventos, escola e atendimento à saúde.
        A vida social do vilarejo gira em torno da praça da Igreja de São João Batista. Datada de 1914, a pequena igreja é um dos patrimônios de Ibiá e o elo da fé dos habitantes de Argenita. A festa do padroeiro, São João Batista, em junho, é uma das mais tradicionais da região.
        Além disso, a Folia de Reis, entre dezembro e janeiro é uma festa que mobiliza toda a comunidade, bem como atrai visitantes da região.
        Seus moradores se caracterizam pela simpatia, simplicidade e hospitalidade. Vivem da agricultura familiar, pecuária leiteira, que é um dos pilares da economia da cidade de Ibiá, produção de queijos, doces e quitandas.
        Além disso, Argenita, bem como Ibiá, está inserida no Circuito da Canastra. São trilhas, cachoeiras, como a Cachoeira de Argenita. Além de sua beleza, a cachoeira faz parte da história do distrito e de Ibiá, por isso mesmo é um Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do município.
05 - Epaminondas Otoni
 Fotografia: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
       Distrito de Carlos Chagas, no Vale do Mucuri, Epaminondas Otoni surgiu em 1854, com a criação da Colônia Militar de Urucu, às margens do Ribeirão do Ucuru. Por esse motivo, o lugar era chamado de Colônia.
        O nome atual do distrito é em homenagem a Epaminondas Esteves Otoni, engenheiro de construção da Estrada de Ferro Bahia e Minas. Nasceu em 19/09/1862 e faleceu em 1918. Natural de Filadélfia, atual Teófilo Otoni, era filho, sobrinho, cunhado e genro de senhores de escravos. Seu pai, Manuel Esteves Otoni, casado com Anna Araújo Maia, era um conceituado médico na região.
        As Colônias militares eram assentamentos estratégicos estabelecidos pelo governo imperial, especialmente durante governo de Dom Pedro II, com o objetivo de ocupar e defender áreas de fronteira, controlar populações consideradas problemáticas e promover a integração nacional. Nessa época, a região do Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce eram habitadas por indígenas Botocudos, dai a criação da Colônia Militar, visando a colonização branca da região e proteção da Estrada de Rodagem Santa Clara.
        O governo incentivou o povoamento dessas regiões, além de construir a Estrada de Ferro Bahia e Minas (EFBM), no final do século XIX. Com isso, a função e manutenção da Colônia Militar na região perdeu sentido, bem como a proteção da estrada, Santa Clara.
        A ferrovia ligou vilarejos e cidades facilitando o povoamento e a exploração da madeira, abundante na região até o século passado, além da atividade agropecuária, o que proporcionou ao longo do século XX, desenvolvimento e crescimento da região.
Fotografia: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Epaminondas Otoni foi uma das povoações que mais desenvolveu à época. Com o fim da ferrovia, a economia da vila se diversificou em pequenos comércios, exploração de madeira, agricultura familiar e pecuária de corte e leite.
        Mesmo assim, Epaminondas Otoni preserva suas características originais, sua história, casario e antiga estação, suas belezas naturais, que atraem turistas, além da simpatia e hospitalidade de seus moradores, que recebem muito bem os visitantes.
06 – São João do Jacutinga
Fotografia: Jane Bicalho
        É distrito de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Elevado a distrito em 1953, está a 30 km do centro urbano da sede. São João do Jacutinga se destaca na produção de biscoitos de polvilho e na famosa e tradicional Festa do Biscoito, uma das mais tradicionais festas gastronômicas da região e da Festa de São João, em junho. Na vila, vivem cerca de 1250 pessoas.
        O nome do distrito é em referência ao padroeiro, São João. Jacutinga é devido à quantidade de aves da espécie jacutinga, que habita a localidade, sendo Jacutinga, ter sido inclusive, seu primeiro nome, mais tarde mudado para o nome atual, São João de Jacutinga.
07 – Capivari
        Distrito do Serro, no Alto Jequitinhonha, em Capivari (acima, em foto do Barbosa)  vivem 150 famílias, formando uma população de cerca de 500 pessoas. Embora bem pequeno, o vilarejo é um dos mais visitados da região por ser uma das portas de entrada para o Parque Estadual do Pico do Itambé, rico em belezas silvestres e naturais como cachoeiras e nascentes que formam as cabeceiras das bacias dos rios Jequitinhonha e Doce, além de sediar o Pico do Itambé, a 2002 metros de altitude, com vista para todo o Alto Jequitinhonha.
Fotografia: Elvira Nascimento
        É em Capivari que está ainda a Cachoeira do Tempo Perdido (acima), um das mais belas cachoeiras de Minas Gerais, além da Serra da Bicha, do Caminho dos Tropeiros e das cachoeiras do Amaral, do Rio Vermelho, do Neném, da Fumaça, da Água Santa, e a dos Coqueiros.
        Além dos atrativos naturais, seu casario colonial simples é um dos destaques, bem como a hospitalidade de seu povo, seu rico artesanato, os arranjos florais com sempre-vivas e pequenos comércios, além de locais para hospedagens e restaurantes com comida caseira. Para aproveitar melhor o passeio por Capivari, é sugerido ao visitante contatar um guia local.
08 – Monjolinho de Minas
Fotografia: Deocleciano Mundim
        É distrito de Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba. Monjolinho de Minas conta com cerca de 1100 moradores. O povoado que deu origem ao distrito, surgiu em meados do século XX nas proximidades de um pequeno monjolo hidráulico, dai o nome do vilarejo que se formou.
        Um monjolo, também chamado de pilão, é uma máquina hidráulica bastante rústica em madeira bruta, usado para usar a força da água para descascar grãos como milho e arroz e triturar mandioca. É a força da água que movimenta o mojolo. Por isso a comunidade se formou em torno de um monjolinho e passou a ser chamada assim, de Monjolinho. Como já existiam outras comunidades com o nome de Monjolinho, foi acrescentado “de Minas” para diferenciar.
        À época as famílias que moravam no local passaram por muitas dificuldades devido a falta de infraestrutura agrícola, já que a maioria vivia da agricultura e necessitava de condições para produzir e descascar os grãos produzidos. À época um monjolo era necessário para garantir o beneficiamento de cereais e o sustento das famílias. O pequeno monjolo hidráulico foi fundamental para a sobrevivência das famílias e formação do vilarejo.
        Hoje, a vila está bem estruturada, conta com um belo e charmoso casario, pequeno comércio, escola pública, propriedades com boa infraestrutura, além do lugar ser pacato, pitoresco e seu povo simples, gentil e por característica, muito hospitaleiro.
        Destaque em Monjolinho de Minas é a bela igreja de São Sebastião e os tradicionais festejos em honra ao padroeiro do lugar, com levantamento de mastro, missa, procissão, novenas, barracas com comidas típicas, apresentações dançantes, cavalgada, e muita alegria. A Festa de São Sebastião de Monjolinho de Minas acontece em janeiro e mobiliza toda a comunidade, além de atrair visitantes de toda a região.
        Além disso, a rica culinária local é representada por sua mais popular e importante iguaria, que é o pudim. Desde o ano de 2005, acontece no distrito a popular Festa do Pudim, organizado pela Escola Municipal Quinzinho de Souto e Lima e comunidade. A festa é realizada no meio do ano (julho ou agosto), sem uma data específica. A Festa do Pudim, conta com a iguaria em diversos sabores e estilos feitos pelas doceiras da comunidade, além de outras delicias típicas da culinária mineira. Para saber o dia exato da festa, entre em contato com a prefeitura local ou com a Escola Municipal Quinzinho de Souto e Lima. Os contatos podem ser encontrados nos sites de buscas na rede.         
09 - Morrinhos/Miralta
Fotografia: @dronemoc
        É distrito de Montes Claros no Norte de Minas. É uma das mais antigas e tradicionais vilas do Norte Mineiro, com origens no final do século XVIII. Com o crescimento do povoado, se tornou distrito em 1891. Em 1943, o nome do distrito foi alterado de Morrinhos para Miralta.
        Atualmente vivem na vila cerca de 700 pessoas em 252 moradias. Lugar calmo, tranquilo, pacato, bem estruturado, que oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores, que tem na atividade agropecuária, sua principal atividade econômica.
Fotografia: @dronemoc
        A Vida social e festiva dos moradores de Miralta gira em torno de sua fé e tradição, em torno da Igreja de São Norberto, padroeiro da vila, além das festividades folclóricas como o Catopé e a Festa de Nossa Senhora do Rosário. As festividades em honra ao padroeiro no distrito, ocorre entre maio e junho com novena, missa, procissão, barracas com comidas típicas, apresentações artísticas e muita alegria e fé, que atrai visitantes da região.      
10 - Lagoa Bonita
Fotos: Elpídio Justino de Andrade
        É distrito de Cordisburgo MG, Região Central. Lagoa Bonita tem origens na Fazenda Melo, localizada na Freguesia de Santo Antônio, no final do século XIX. A vila era subordinada à Paraopeba até 17 de dezembro de 1938, quando passou a ser distrito subordinado a Cordisburgo, cidade emancipada neste mesmo dia e ano. Em Lagoa Bonita vivem pouco cerca de 2,500 pessoas.
        O crescimento do povoado se deu em torno da Igreja de Santo Antônio da Lagoa, construída em 1882. Sua arquitetura segue as tradicionais características das igrejas mineiras do século XVIII e XIX, com fachadas simples e interior com ornamentações e pinturas bem requintadas e trabalhadas artisticamente.
        A obra só foi possível graças ao esforço da população e a boa vontade do Coronel Modestino, surgindo assim a primeira igreja construída em Cordisburgo, se tornando, desde sua origem, um dos mais importantes templos da região. O primeiro vigário da paróquia foi o padre Tertuliano José da Siqueira que viveu na vila por 18 anos. O corpo do padre foi sepultado no altar-mor da igreja, datado de 23 de março de 1900.
        Os moradores da vila vivem do artesanato, pequenos comércios e da agricultura. O casario colonial, a simplicidade da vila e de seus moradores, além de sua boa estrutura para receber visitante. Lagoa Bonita é rodeada por belezas naturais, além sua riqueza histórica, o que faz de Lagoa Bonita um lugar imperdível. Tem que visitar e conhecer.

sábado, 2 de agosto de 2025

Morango do amor: amor em altitude e patrimônio de cidade mineira

(Por Arnaldo Silva) Senador Amaral, cidade mineira localizada a 441 km de Belo Horizonte e a 66 km de Pouso Alegre, no Sul de Minas faz limites territoriais com os municípios de Camanducaia, Munhoz, Cambuí, Bom Repouso e Bueno Brandão. 
        A cidade com 6.206 habitantes, segundo Censo do IBGE (2022) está a 1446 metros acima do nível do mar, sendo a de maior altitude de Minas Gerais e a segunda mais alta do Brasil, atrás apenas de Campos do Jordão.
        Além da altitude, Senador Amaral se destaca por seu inverno rigoroso, clima serrano, belezas naturais, na produção de flores, na cultura da batata, brócolis e principalmente, cultivo do morango. Senador Amaral MG é uma das maiores produtoras de morangos do Brasil.
"Morango do amor": símbolo da cidade
        São cerca de 21 milhões de pés de morangos, cultivados em 420 hectares de terras do município, produzindo anualmente cerca de 32 milhões de toneladas da fruta, que abastece mercados e indústrias de todo o país.
        O fruto, que move a economia local é símbolo da gastronomia da cidade, tendo como base, pratos a base do fruto, principalmente o doce feito com morangos frescos espetados em palitos e banhado em açúcar caramelizado brilhante, semelhante a “maçã do amor” que todos conhecemos. Tem ainda o doce mais incrementado, com o morango banhado em brigadeiro, para em seguida ser banhado em açúcar caramelizado brilhante.  
        Antes de se tornar viral nas redes sociais e atrair paladares de todo o país, principalmente de casais românticos, o nome era doce de morango caramelizado. Após o sucesso, a iguaria passou a ser chamada popularmente de Morango do Amor.
Doce tradicional que viralizou
        O sucesso do doce se expandiu para todo o país após a iguaria ter vencido o concurso gastronômico do Festival Sabores de inverno de 2025, ocorrido em junho, virando febre nacional, após vídeos da guloseima se popularizar nas redes sociais. O doce que hoje representa o amor, é símbolo gastronômico da cidade de Senador Amaral MG.
        Para valorizar e preservar a origem, tradição, identidade gastronômica e afetiva da guloseima com a cidade, o “morango do amor” foi inventariado, reconhecido e oficializado como Patrimônio Cultural Imaterial de Senador Amaral.
        O “morango do amor” original e tradicional de verdade se encontra em Senador Amaral, cidade de origem do doce, além de outras guloseimas feitas a base da fruta.
Reconhecimento oficial
        No dia 1° de agosto de 2025, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, voltou e aprovou o projeto do deputado Estadual Ulisses Gomes/PT-MG, reconhecendo o “morango do amor”, patrimônio cultural imaterial da cidade de Senador Amaral, como bem relevante de interesse econômico e cultural do Estado de Minas Gerais.
        O reconhecimento oficial é uma conquista da cidade, que tem na fruta e do doce caramelizado “morango do amor”, como seu principal símbolo, desde o século passado, quando a fruta começou a ser cultivada no município.
Fotos e informações: Evanil Emiller - secretario Municipal de Cultura e Turismo de Senador Amaral

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Cavernas do Vale do Peruaçu: Patrimônio Natural da Humanidade

(Por Arnaldo Silva) Reafirmando o protagonismo do Norte de Minas no Brasil e no mundo, as cavernas do Vale do Peruaçu foram reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade, em 13/07/2025, pela Unesco.
Fotografia: Eduardo Gomes
        Com o reconhecimento, o Vale do Peruaçu, localizado entre Januária, Itacarambi e São João das Missões, se torna o estado brasileiro com maior número de bens da humanidade, reconhecidos pela Unesco. São seis títulos mundiais ao todo: Ouro Preto, Congonhas, Diamantina, Conjunto Moderno da Pampulha, o Queijo Minas Artesanal e agora, o Vale do Peruaçu, Reconhecido internacionalmente como um exemplo de conservação e valorização do patrimônio espeleológico.
Rio Peruaçu. Registro: Manoel Freitas
        Além disso, a Cordilheira do Espinhaço tem o título de Reserva Mundial da Biosfera, Belo Horizonte, título mundial como Cidade Criativa da Gastronomia, o Geoparque de Uberaba e os sistemas tradicionais de cultivo de Sempre-vivas no Vale do Jequitinhonha, são reconhecidos como Patrimônio Agrícola Global, pela Unesco.
Origem das cavernas do Peruaçu
Fotos: Manoel Freitas
        O nome Peruaçu tem origem na linguagem indígena dos Xacriabá. É a junção das palavras “peru”, que significa buraco ou fenda com “açu”, que significa grande, ou seja, Peruaçu significa “buraco grande”. Isso porque o Vale do Peruaçu é constituído por gigantescos buracos, fendas e cavernas de rochas calcárias formadas ao longo de 60 milhões de anos, iniciando ainda na período em que boa parte do território brasileiro era submerso por um mar.
Estalactites e estalagmites das cavernas do Peruaçu. Fotos: Manoel Freitas
        Foram a força das águas do Rio Peruaçu e seu acúmulo entre rochas que moldaram durante esse tempo, as características atuais da região com formações que incluem grutas, paredões, arcos calcários, lapiás, dolinas e uvalas, além de vales secos.
Fotografia: Tom Alves/@tomalvesfotografia
        Além disso, no Vale do Peruaçu estão mais de 180 cavernas catalogadas, algumas delas com grande beleza cênica e formações geológicas impressionantes, como a Gruta do Janelão (foto acima) e um cânion impressionante.
Fotografias: Manoel Freitas
        Nos paredões e cavernas, foram encontrados evidências de ocupação humana na região como pinturas rupestres em mais de 140 sítios arqueológicos, que remontam há cerca de 12 mil anos
Parque Nacional
Fotografia: Eduardo Gomes
        Para proteger esse tesouro natural, geológico e arqueológico das ameaças de desmatamentos e ocupação irregular, em 1999 foi criado o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu com visitação permitida mediante acompanhamento de condutores credenciados pelo ICMBIO.
Fomentação do turismo
Fotografia: Eduardo Gomes
        A conquista do título mundial fomentará o turismo nas cidades do Vale do Peruaçu, Januária, Itacarambi e São João das Missões, além da geração de novos empregos, como por exemplo, formação de guias locais, além do aumento da geração de renda no comércio local e do fortalecimento de políticas públicas voltadas para o turismo como o projeto Caminhos do Norte de Minas, o Afromineiridades, o programa TEM – Turismo, Experiência e Mineiridade, e a integração à Estrada Cênica da Cordilheira do Espinhaço.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Saiba o real motivo de Minas não ter mar

(Por Arnaldo Silva) Nos séculos XVIII e XIX, Minas Gerais era o centro da riqueza no Brasil. À época não existiam ferrovias e nem rodovias. Transportar as riquezas minerais retiradas das Minas Gerais para a Europa somente era possível pela Estrada Real, em carros de bois e cortejos de tropeiros, até o Porto de Paraty, no Rio de Janeiro.
Imagem ilustrativa: Guarapari, litoral do Espírito Santos. Foto: Thelmo Lins 
        Nessa época, as divisões regionais brasileiras estavam em formação. Na medida que a Coroa Portuguesa adentrava no sertão brasileiro e descobria riquezas, surgiu novas capitanias. O que é o caso de Minas. Com a chegada dos bandeirantes paulistas e descoberta de ouro no território mineiro, os paulistas simplesmente anexaram o território à Capitania de São Vicente (São Paulo), em 1709, passando a se chamar Capitania de São Vicente e depois Capitania de São Paulo das Minas de Ouro.
        A anexação feita pelos paulistas durou pouco, até 2 de dezembro de 1720. Os paulistas e bandeirantes foram expulsos das Minas de Ouro e a Coroa Portuguesa, oficializou a criação da Capitania das Minas Geraes (com “e” mesmo).
        Nesta data, nascia o Estado de Minas hoje um dos estamos mais influentes, populosos e ricos do Brasil. Mesmo com sua importância histórica, cultural e principalmente econômica para o país, Minas Gerais nunca teve acesso ao litoral para escoar sua produção. As riquezas de Minas são, até os dias de hoje, enviadas para portos de São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Bahia. Pela sua importância, Minas era pra ter acesso litoral, mas nunca teve. Minas foi isolada do litoral
Quer saber o por quê?
        O isolamento territorial de Minas Gerais do litoral foi proposital e intencional. Isso mesmo. Isolar Minas Gerais, impedindo o acesso ao litoral foi intencional. A discussão à época, envolveu inveja, vingança e intrigas das capitanias vizinhas, contrabando, guerras de influência, disputas de mineradores por minas de ouro e diamante, e acredite, foi política do governo português.
        Essa história começa com a criação da Capitania Independente das Minas Geraes em 1720. Com a criação da nova capitania, as autoridades da época discutiam as novas dimensões territoriais do território mineiro.
        A proximidade das divisas de Minas Gerais com outras capitanias era bem curta, como por exemplo, apenas 100 km do litoral do Rio de Janeiro, cerca de 200 km do litoral norte de São Paulo, a menos de 100 km do litoral do Espírito Santo e a 500 km de Caravelas, no Sul da Bahia. 
        Essas distâncias têm como base a divisa com as cidades litorâneas mais próximas à Minas Gerais. Obviamente era mais fácil ampliar as divisas de Minas com acesso ao litoral anexando partes territoriais às capitais citadas, redesenhando o mapa de Minas.
Qual o argumento da Coroa Portuguesa?
Imagem ilustrativa. Ubatuba, São Paulo. Foto: Arnaldo Silva
        Produzindo 85% de toda riqueza mineira do Brasil, Minas Gerais era a Capitania mais rica à época. Apenas por esse motivo, seria geograficamente óbvio seu acesso ao litoral, mas não foi isso que ocorreu. Minas Gerais ficou isolada do acesso ao litoral e de qualquer outro tipo de acesso, a não ser o permitido pela Coroa, justamente por ser a capitania mais rica do Brasil. Os portugueses queriam controle total das riquezas mineiras.
        Liberando acesso ao litoral para a nova capitania, temiam perder o controle sobre as riquezas minerais que sustentavam a Corte e o reino português.
        Além disso, temiam que o poder financeiro de Minas se transformasse em poder politico, capaz de ameaçar o processo de dominação portuguesa no Brasil, bem como total influência preponderante dos mineiros em toda a colônia. Isolar Minas, controlar suas lideranças e agir com mão de ferro contra possíveis insurreições, era necessário para a Coroa Portuguesa manter o controle sobre as minas de Ouro.
Sem lideranças de peso
        Na capitania recém-formada, as lideranças geralistas, nosso gentílico à época, eram poucas, com pouca influência na Corte e submissas à decisões da Coroa Portuguesa que devido esses fatos, não atenderam as demandas geralistas. 
        A proposta da liderança da nova capitania e a mais rica da América Portuguesa à época, era anexar o litoral Norte de São Paulo, até Paraty no Rio de Janeiro, onde Minas tinha acesso pela Estrada Real, além de toda região do Caparaó até o litoral Capixaba, correspondente a 10 mil km² do Espírito Santo, que tem um pouco mais de 46 mil km² hoje, e parte do sul do litoral da Bahia. Essas demandas sequer foram levadas em consideração à época.
Inveja, intrigas e vinganças
        A recusa da Coroa Portuguesa em redefinir as divisas da capitania mineira com acesso ao mar gerou muitas controvérsias e indagações do real motivo. Os mineiros não tinham dúvidas que a influência paulista pesou na decisão da Coroa Portuguesa de isolar Minas do litoral.
        Isso porque os mineiros nunca aceitaram que o território fosse anexado à capitania paulista no início do século XVIII. Essa insatisfação culminou com a Guerra dos Emboabas (1707 e 1709) e movimentos pela expulsão dos paulistas do território mineiro em 1720, com a criação da Capitania das Minas Gerais. 
        Por terem sido expulsos das Minas de Ouro a bala, os paulistas não se conformaram em não terem mais domínio algum sobre a região e obviamente, não aceitariam ceder parte de seu território para que Minas tivesse acesso ao mar e nem permitiriam a ampliação do território mineiro.
        Era o que se acreditava à época. Evidentemente houve sim pressão dos paulistas para impedir que parte do território paulista fosse anexado à Minas Gerais, mas esse não foi o motivo, preponderante.
        O motivo real mesmo foi a intenção da Coroa Portuguesa em manter única e exclusivamente o controle das minas de ouro. Colocaram o Rio de Janeiro, sede da Corte, como sentinela das minas de ouro. Os portugueses tinha as capitanias do Rio de Janeiro e do Espirito Santo como amigas e confiáveis, mas as capitanias da Bahia e de São Paulo, nem tanto.
        Abrir acesso ao litoral, anexando à Minas Gerais parte do Sul da Bahia, a região do Caparaó e o Norte de São Paulo e o porto de Paraty, seria o mais correto, e menos custoso, pois facilitaria o transporte do ouro de regiões mais distantes, como Diamantina, cidade mais próxima à Bahia. A anexação do litoral norte paulista e capixaba facilitaria a transporte de alimentos e ouro. Mas para a Coroa Portuguesa, seria temerário e arriscado pois acreditava-se que o ouro retirado das Minas Gerais poderia ser facilmente desviado. Fechar o acesso litorâneo a Minas foi solução estratégica.

O que fez a Coroa Portuguesa?
        Ampliou a Estrada Real no Sul de Minas com acesso à São Paulo, criou o Caminho dos Diamantes, ligando Diamantina a Ouro Preto, na Estrada Real, seguindo até Paraty e criou ainda o Caminho Novo da Estrada Real, ligando Ouro Preto, à Zona da Mata até a sede da corte, no Rio de Janeiro e ao litoral norte paulista, pelo Sul de Minas.
        Assim, o estado que mais gerava riquezas para a colônia, ficou complemente isolado do litoral, numa época em que não existiam ferrovias e nem estradas, apenas pequenos caminhos abertos por tropeiros, bandeirantes, indígenas e carros de bois. Os caminhos das Minas Gerais eram rudimentares e totalmente policiados. Postos de fiscalização foram espalhados por todos os caminhos de ouro. Era uma vigilância dia e noite e implacável. A Coroa Portuguesa ficava atenta ainda a caminhos abertos clandestinamente.
        A política da Coroa Portuguesa era o isolamento total das divisas da Capitania das Minas Gerais e controle rigoroso do que entrava e saia de Minas. Quanto menos acesso às minas de ouro, melhor o controle do que entrava e saia. O acesso à Capitania das Minas Gerais se dava somente pela Estrada Real e posteriormente pelas Picadas de Goyáz, que ligava Sabará a Goiás Velho. Pela Picada de Goyáz o ouro goiano era enviado para Minas, seguindo pela Estrada Real até o Porto de Paraty e do Rio de Janeiro.
        Sem litoral, Minas não poderia exportar suas riquezas por conta própria, passando a depender acesso para escoar suas riquezas pelo mar, a única alternativa à época de exportação que existia. Como tudo era rigidamente controlado pela Coroa Portuguesa, o escoamento do que era produzido nas Minas de Ouro, dependia dos interesses da Coroa.

O que os colonizadores temiam?
        Dar acesso ao litoral aos mineiros seria como entregar as chaves do cofre e futuramente o controle de toda a colônia ao controle mineiro. Com tanta riqueza, Minas seria o centro político e econômico do país., culminando com a perda do domínio português na América Portuguesa. Era isso que os colonizadores temiam.
        Essa politica do início do século XVIII, prevaleceu até o século XIX e início do século XX. Tanto à época da Colônia, do Brasil Imperial e da Velha República, a politica era mesma. Isolar Minas Gerais do litoral, não permitindo ampliação de suas divisas.

Nova tentativa de acesso ao mar no século XIX
Imagem ilustrativa. Porto Seguro, Bahia. Foto: Deocleciano Mundim
        O brilho do ouro de Minas não apenas ofuscava os olhos e cobiça dos que buscavam riquezas, mas também a inveja de outras províncias, mais influentes. Mesmo com o esgotamento das minas de ouro, uma nova riqueza surgia em Minas, que ameaçava a economia e influência política de outras capitanias. Era o café. Minas predominava na mineração, na produção de leite e de alimentos que abastecia a Corte e outras capitanias.
        Com ascensão do café, Minas avançava para dominar mais esse setor da economia. As outras capitanias temiam o controle econômico total dos mineiros na economia nacional e maior influência, que poderia significar perda de territórios para abertura de Minas Gerais ao litoral.
        Por esse motivo, manter o isolamento por via marítima de Minas Gerais era prioridade também de outras províncias. A intenção era evitar o maior a ampliação do poderio político que Minas adquiriu após a Independência do Brasil, além do crescimento da influência econômica de Minas Gerais, que ofuscaria o crescimento de outras capitanias. A partir da Independência, as capitais passaram a ser denominadas de províncias.

A riqueza gerada pelo café de Minas incomodava
        No século XIX, o Sul de Minas e a Zona da Mata se transformaram no maior produtor de café do país e até hoje são. Para escoar a produção mineira, a província necessitava de acesso ao litoral. Não era uma ambição, mas sim, uma necessidade para ampliação econômica do Estado. Minas brilhava mais uma vez e seu brilho, ofuscava as ambições de lideranças de outras províncias.
        A província de São Paulo, de grande influência na Corte, boicotou sistematicamente todas as intenções e projetos de infraestrutura apresentada pelos mineiros ao Governo Imperial, continuando o boicote junto ao governo republicano, após a Proclamação da República em 1889.

Novas tentativas de acesso ao litoral
        Evitando bater de frente com as províncias mais influentes, os mineiros deixaram de reivindicar acesso ao litoral pelo Norte de São Paulo e Sul do Rio de Janeiro, buscando soluções conciliatórias, como por exemplo, com o surgimento da ferrovia no Brasil, em 1854, apresentando um projeto ao Imperador Dom Pedro II de construção de uma ferrovia que ligasse as regiões produtoras de café em Minas a Angra dos Reis, permitindo assim acesso de Minas ao litoral e abertura de novas rotas econômicas de Minas Gerais com outros países e províncias.
        O projeto foi rejeitado devido a forte pressão de lideranças de outras províncias junto ao Imperador Dom Pedro II, principalmente das lideranças paulistas.
        No início do século XX, já no período Republicano, os mineiros tentaram mais uma vez acesso ao mar, mas dessa vez comprando um trecho da Ferrovia Bahia e Minas, no litoral sul da Bahia. Eram 142 km de extensão, margeando a ferrovia Bahia e Minas e com 12 km de praia. O trecho adquirido por Minas Gerais iniciava na Serra de Aimorés em Minas seguindo pelo extremo sul baiano, passando por Argolo, Posto da Mata e Helvécia, distritos de Nova Viçosa/BA, Aparaju, distrito de Alcobaça/BA seguindo até Ponta de Areia, distrito de Caravelas, na Costa Sul da Bahia.
        A compra foi possível devido as dificuldades financeiras que passava a Companhia que administrava a ferrovia, tendo recorrido a financiamento junto ao Banco de Crédito Real do Brasil, hipotecando esse trecho de142 km, como garantia. O financiamento não foi pago e o banco, entrou em liquidação. Sabendo disso, o Governo de Minas adquiriu as terras hipotecadas, pagando o valor de 300:000$000 (trezentos contos de ré), algo aproximado hoje de R$50 milhões de reais, com títulos da dívida pública, lavrada em escritura de cessão de crédito e transferência de direito.
        Pagou, mas na prática, não levou. A economia e a politica brasileira atravessava por momentos conturbados. A República tinha sido proclamada poucos anos antes, em 1889. Com a República, as províncias que passaram a se denominar estados. Era um tempo de disputadas entre estados por domínios, definições de divisas, além de incertezas nas áreas econômica e política. Por esses motivos, a compra de parte do litoral baiano foi ficando para depois e com a troca de governos, acabou sendo esquecido. Ou seja, Minas Comprou 12 km de faixa do litoral baiano mas não levou.
        Por fim, o sonho de Minas em ter acesso ao litoral, encerrou de vez. Hoje, o escoamento para exportação da produção mineira é feito principalmente pelo Porto de Tubarão, no Espírito Santo e outros portos.
        Mesmo isolado litoral e dependendo de outros estados para escoamento e exportação de sua produção via litoral, Minas Gerais continua sendo um dos pilares da economia nacional, principalmente no setor leiteiro, cafeeiro, industrial e na mineração, além de sua liderança histórica e riqueza cultural.

domingo, 6 de julho de 2025

Artesanato, dona Izabel e belezas naturais do Jequitinhonha

(Por Arnaldo Silva) No Vale do Jequitinhonha, vivem cerca de 1 milhão de mineiros, numa região que vem melhorando ao longo dos anos, embora ainda careça de muitas melhorias ainda para aumentar seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), se destaca não só em Minas, no mundo por seu valioso e rico artesanato em cerâmica.
Feira de Artesanato do Vale em Araçuaí, registrado pela amiga Márcia Porto - In Memoriam
        São peças únicas, rica em detalhes e cores naturais, obtidas pela pigmentação do próprio barro do Jequitinhonha, dissolvido em água. Lília Xavier, autora das peças da foto abaixo, é uma das mais importantes artesãs do Jequitinhonha na atualidade.
          Lília Xavier vive em Campo Alegre, distrito de Turmalina, cidade com grande tradição cultural, religiosa e folclórica em Minas Gerais, celeiro de grandes talentos na arte da cerâmica.
Dona Isabel
          Moradora de Santana do Araçuaí, Dona Isabel foi a mais importante bonequeira do Vale do Jequitinhonha. Dona Isabel teve seu trabalho reconhecido e respeitado no mundo inteiro, com várias premiações, tanto em Minas Gerais, no Brasil e no exterior, pela UNESCO em 2004.          
          Izabel Mendes da Cunha nasceu em 3 de agosto de 1924, na comunidade rural de Córrego Novo, falecendo no dia 30/10/2014, aos 90 anos, em Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.
Na imagem, Dona Isabel, em foto feita pelo José Ronaldo, a partir de um outdoor colocado em frente à entrada de Santana do Araçuaí.
           Deixou um legado para a cultura, não só mineira, mas brasileira. Autodidata, herdou a arte da cerâmica de sua mãe, que fazia panelas de barro, mas sempre sentiu um toque especial para fazer bonecas, arte que se dedicou a partir de 1970, inspirando nas moringas de barro, modelando a tampa em forma de cabeça, com os rostos sempre em feições sérias, serenas e sóbrias. 
          Suas peças estão espalhadas pelo Brasil e em vários outros países do mundo, decorando casas, lojas e museus. Sua arte e visão contemporânea, dividia com todas, nunca guardou somente para si seus conhecimentos, ao contrário, ensinava. 
          Era exemplo de talento, abnegação e amor ao Jequitinhonha, fazendo até os dias de hoje discípulas de sua arte e técnica. Uma arte única, autêntica, que inspirou gerações de novas ceramistas na arte de trabalhar o barro do Vale do Jequitinhonha e valorizar a mulher do Vale, sua cultura, talento e capacidade como na arte em bonecas de barro acima, feitas pela artesã Lilia Xavier de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG.
Belezas Naturais          
          Destaca também por suas belezas naturais impressionantes, como os afloramentos rochosos, tradicionais na região, que encantam e impressionam pela imponência, magnitude e beleza, como estes, na foto acima do Randal Renye, na região da Pedra do Cachorro, no distrito de Itapiru, em Rubim MG, distante 784 km de Belo Horizonte, a 243 metros de altitude, com cerca de 12 mil habitantes.
       Boa parte das cidades da região do Jequitinhonha foram formadas aos pés desses afloramentos rochosos, como Santo Antônio do Jacinto, na foto acima do @LWKASfotografias. A cidade tem cerca de 12 mil habitantes, com 413 metros de altitude, distante 890 km de Belo Horizonte.
O Rio Araçuaí
          
Um dos grandes destaques da região do Baixo Jequitinhonha é o Rio Araçuaí com 315 km de extensão, banhando 19 cidades e abastecendo outras 23, desaguando no Rio Jequitinhonha, uma dos mais importantes rios de Minas Gerais e de grande importância para a economia do Vale do Jequitinhonha. Na foto acima do Randal Renye, o Rio Jequitinhonha em Almenara, cidade com cerca de 42 mil habitantes.           
O Vale do Jequitinhonha hoje
Na foto acima: Rio Jequitinhonha em Coronel Murta - Bruno Lages
          O Vale do Jequitinhonha, por muitos anos foi considerado uma das regiões mais pobres do país, embora a situação tenha mudado bastante em relação ao século passado, ainda persiste na mente de quem não conhece o Vale do Jequitinhonha, como sendo o "vale da miséria".          
          As desigualdades na região, continuam, bem como índices de pobreza e desigualdades existem em todo o Brasil e não apenas em uma região específica.
          Hoje, o Vale do Jequitinhonha se mostra bem melhor que décadas atrás, caminhando para ser uma região rica e desenvolvida, graças as suas riquezas riquezas minerais, como o minério e o agronegócio.
          A região vem mostrando com grande potencial, por exemplo, para desenvolvimento de indústrias extrativas, facilitada ainda pela sua posição geográfica, próxima ao litoral baiano e capixaba, com acesso mais rápido a portos, por via terrestre e por ferrovias.

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