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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Penha de França: a Vila Colonial mineira fundada por alemães

(Por Arnaldo Silva) Em 3 de maio de 1824 chegava em Nova Friburgo/RJ, o primeiro grupo de imigrantes alemães. 83 dias depois, em 25 de julho de 1824, chegava mais um grupo de alemães, desta vez instalados em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Foi a partir deste ano que o governo Imperial de Dom Pedro I, abriu as fronteiras do Brasil para receber imigrantes europeus. 
Vila de Penha de França. Fotos: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        O Sul do país foi a região que recebeu o maior número de imigrantes à época, por ser uma região pouco habitada, contar com terras férteis, além do fato dos europeus, principalmente os alemães, terem conhecimentos e habilidades no cuidado com a terra, além de conhecerem dominarem a tecnologia agrária, da época. Tecnologia e mão de obra especializada na área agrícola, era o que faltava no Brasil Imperial.
A presença alemã no Brasil começou em 1824?
        Oficialmente sim, em 1824. Este é o ano que marca o início da imigração alemã para o Brasil, de forma organizada e como politica de Estado. Antes desta data, a presença de alemães em terras brasileiras era comum, não como comunidades ou colônias organizadas e autorizadas pelo Coroa Portuguesa. A presença germânica no Brasil é mais antiga que se pensa.
Os alemães descobriram o Brasil?
Desembarque de Cabral em Porto Seguro em 1500. Pintura de Oscar Pereira da Silva, 1922. Acervo do Museu Paulista. 
        Embora não contada nos relatos históricos da época e nem nos livros de história oficial do Brasil de hoje, os alemães estiveram presentes no momento do descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500.
        A esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral era composta por 13 navios: 9 naus, 3 caravelas e uma naveta de mantimentos. Cada um dos 13 navios contava com portugueses e vários grupos de alemães.
        Os alemães que vieram com Cabral atuavam na unidade militar portuguesa como artilheiros e acompanhavam Cabral em suas atividades por mar.
        Portugueses e alemães foram os primeiros europeus a pisarem em solo brasileiro. Isso 324 anos antes da chegada oficial dos primeiros imigrantes alemães em Nova Friburgo/RJ e São Leopoldo/RS.
        Além disso, os primeiros registros sobre a nova terra, não foi feito por Pero Vaz de Caminha como conta a história oficial. Foram os alemães que vieram com Cabral, os primeiros a fazerem citações escritas sobre a nova terra recém-descoberta. O relato foi na língua alemã. 
        Inclusive, foram os alemães os primeiros a usarem a palavra “Brasil” como lugar que a esquadra de Cabral acabara de desembarcar, por terem identificado uma espécie de árvore com tronco vermelho, usado nas tinturarias europeias conhecida na Europa como Pau-brasil. Sim, a identificação do Pau-Brasil, que deu origem ao nome do nosso país, foi feita pelos alemães. 
        A presença Germânica no Brasil não se limitou a essa data. Ao longo das idas e vindas de esquadras portuguesas para o Brasil, no século XVI, vieram vários grupos de alemães.
        A partir do século XVII, com o aumento da perseguição religiosa na Alemanha e a Inquisição Católica que imperava na Europa, a presença alemã passou a ser mais constante e em maior número. Mas era uma imigração espontânea, sem ser oficializada, incentivada ou planejada pela Coroa Portuguesa à época.
Presença estrangeira no Brasil Colônia
Vila de Penha de França. Fotos: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas         
        Como foi dito no início, 1824 é o marco da formação de colônias alemães no Brasil, formadas e autorizadas a existirem pelo Império e como política de Estado. É fato histórico comprovado. Antes desta data, foram formadas durante o Brasil Colônia, comunidades alemãs, francesas, holandesas, judaicas, espanholas, árabes, dentre outras na então colônia portuguesa.
        Eram famílias que vieram de seus países de origem busca de novas oportunidades de vida e em sua maioria, em busca de riquezas minerais. O destino inicial era o porto de Salvador, na Bahia, à época, capital da colônia. Algumas famílias ficavam na sede da colônia e outras adentraram pelo sertão do país por conta própria.
        Entre os séculos XVI e XVII, ouro, esmeralda e diamantes era um sonho a ser alcançado. Incursões de bandeirantes e portugueses e aventureiros desbravavam o sertão em busca da descoberta de riquezas minerais, até então não conhecidas. Os povos que se instalaram no Brasil à época, como alemães, ingleses, franceses e holandeses, espanhóis, judeus, árabes, etc., tinham também essa intenção. Era ação de grupos de estrangeiros, sem serem permitidos pela Coroa Portuguesa,.
A primeira comunidade alemã no Brasil foi fundada em Minas?
Vila de Penha de França. Foto: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        Estudos históricos não comprovados oficialmente, tendo como base apenas a tradição oral local, afirmam que Minas Gerais teve uma comunidade formada por alemães formadas a partir de 1653. O curioso nessa afirmação é que o fato aconteceu antes da descoberta de ouro e diamante nas Minas Gerais e antes mesmo da fundação oficial do Estado. 
        Segundo a história oficial, a primeira povoação surgida em Minas foi em 1660, com a fundação do povoado de Matias Cardoso, no extremo Norte de Minas, pelo bandeirante de mesmo nome.
        A cidade mineira afirma que em 1663, alemães e um pequeno numero de franceses e espanhóis chegaram à região e fundaram um povoado onde está hoje o município de Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha. O povoado fundado pelos alemães é Penha de França, hoje, distrito de Itamarandiba.
        A informação não é reconhecida pela história oficial por falta de indícios concretos e históricos da presença de alemães na fundação da comunidade. Franceses e espanhóis sim, há indícios deixados na religiosidade católica. Mesmo assim, a informação tem como base apenas a tradição oral, sem documentação oficial que comprove a veracidade da informação.
        Oficialmente, a imigração alemã em Minas Gerais se deu a partir de 1858, com a chegada de imigrantes em Teófilo Otoni MG, no Vale do Mucuri.
História conhecida em Itamarandiba
Vila de Penha de França. Foto: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        A Prefeitura de Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, a qual Penha de França é subordinado, confirma que seu distrito, Penha de França, foi fundado por alemães, e em menor número, franceses e espanhóis.
        A informação está no site oficial da Prefeitura. Procurei conversar com pessoas ligadas à cultura da cidade, entre eles, Gelte Guimarães, que confirmaram que a base histórica da origem de Penha de França é somente a tradição oral, contada por seus moradores desde a origem do povoado. Tradição oral que foi passada ao longo de mais de três séculos, de geração para a geração. Por este motivo a história é preservada. Todas as famílias que moram em Penha de França sabem dessa história de cor, passadas por seus pais, avós, bisavós, trisavós, tetravós, pentavós, hexavós, etc.
O que diz a tradição oral
Vila de Penha de França. Foto: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        Segundo a tradição oral e reconhecida pela Prefeitura local, o vilarejo de Penha de França foi fundado por alemães e um pequeno grupo de franceses e espanhóis, que chegaram à região em 1653, vindos da Bahia, onde viviam. Vieram com suas famílias para trabalharem na agricultura, no cultivo de cana-de-açúcar, feijão, milho, mandioca, etc., e claro, buscavam na região ouro e diamantes.
        Aliás, a possibilidade de existir ouro nessa região foi o motivo da vinda de desses povos no território mineiro, antes mesmo da chegada das entradas e bandeiras por Minas Gerais. Não há, até o momento, nenhum documento ou dado histórico concreto que embase essa afirmação. Apenas a tradição oral, passada de gerações.
        Com base na tradição oral, vamos conhecer um pouco da origem Penha de França e estudos independentes que eu mesmo fiz sobre a religiosidade de alemães, espanhóis e franceses, que não faz parte da tradição oral, é fato histórico.
Origem de Penha de França
Vila de Penha de França. Foto: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        Em uma região originalmente habitada por povos indígenas e escravos fugidos de fazendas, os alemães e um grupo de franceses, desbravaram o sertão mineiro, enfrentando as intempéries naturais e o risco de confronto com os povos nativos. Mesmo assim, deram início a formação de uma comunidade.
        Tanto alemães, quanto franceses e espanhóis, professavam a fé cristã. Alemães, em sua maioria, seguiam a doutrina Luterana. Já os franceses e espanhóis, a fé católica. Os poucos franceses que vieram para a região eram devotos de Nossa Senhora de Penha de França.
Origem da fé em N. S. de Penha de França
Igreja dePenha de França. Foto: Prefeitura de Itamarandiba MG - Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        A devoção à santa teve origem na Espanha, em 1434, após a imagem da Virgem ter sido encontrada por Simão Vela, um monge francês que sonhou que uma imagem da Mãe de Jesus estaria enterrada no alto de uma montanha.
        Peregrinando por 5 anos em busca dessa imagem, o monge a encontrou em uma montanha de nome Penha de França, na Espanha.         A partir desse momento, tem-se início a fé em Nossa Senhora de Penha de França, como passou a ser chamada a santa. Em pouco tempo a devoção se estendeu para a Europa, sendo a santa muito popular em Espanha, França e Portugal.
Legado de fé dos franceses e espanhóis
Altar da Igreja Penha de FrançaFoto: Prefeitura de Itamarandiba MG- Apoio institucional: Secult e Governo de Minas
        Penha de França é uma vila com casario colonial setecentista. Charmosa, pacata, bem preservada e atraente, com um povo hospitaleiro e acolhedor que valoriza as tradições mineiras e sua origem, principalmente na fé católica, deixada pelas poucas famílias francesas e espanholas que vieram juntos com os alemães.
      Quando chegaram no local onde fundaram a vila, as famílias francesas, com apoio dos espanhóis, ergueram uma pequena igreja em honra a essa santa. Segundos os moradores, a igreja é datada de 1653.
        Não há registros ou citações de igreja luterana construída por alemães na comunidade. Relatos orais apontam apenas para uma igreja católica no vilarejo, erguida pelas famílias francesas. Embora franceses espanhóis tenham sido em menor número no vilarejo, prevaleceu em Penha de França a predominância da fé católica.
        Para os portugueses, destruir uma igreja católica seria um sacrilégio e algo inaceitável. Geralmente preservavam seus templos se estivessem em boas condições.  Caso necessitassem de um novo templo, por questão de crescimento da comunidade, retiravam o altar, as imagens e ornamentos para serem colocados no novo templo, com as bênção e autorização da Igreja. 
Martinho Lutero e a Igreja Luterana
        Foi na Alemanha, no século XVI, que a Igreja Luterana surgiu no mundo. A denominação religiosa surgiu a partir das pregações de Martinho Lutero (em alemão: Martin Luther; Eisleben, 10 de novembro de 1483 – Eisleben, 18 de fevereiro de 1546), foi um monge agostiniano e professor e professor de teologia alemã. Lutero discordava dos rumos da Igreja Católica à época, principalmente em relação a venda de indulgências, além de criticar abertamente a corrupção do clero. Em 1517, Lutero fixou 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, dando origem a Reforma Protestante.
        Martinho Lutero, defendia entre outras coisas, que a salvação é garantida pela fé. Lutero acreditava que a salvação era garantida pela fé, baseando-se no versículo bíblico “justo viverá pela fé”. Lutero defendia que as pessoas podem ser salvas sem a mediação de intermediários e sem precisar das indulgências.
        Além disso, tinha convicção que todos tinham o direito a lerem os escritos sagrados, que à época, era restrito ao clero e escrito em hebraico, aramaico e grego e traduzida para latim, através da Vulgada, versão oficial da Igreja Católica Romana à época. Lutero traduziu toda a Bíblia para o alemão, facilitando assim o acesso do povo alemão às escrituras sagradas. Com o crescimento do protestantismo e surgimento de novos segmentos religiosos, a Bíblia passou a ser traduzida para outros idiomas e a se popularizar no mundo.
Vestígios da presença alemã em Penha de França
        Em Penha de França não há nenhuma construção típica alemã. Não há vestígios documentados da presença alemã em Penha de França. A presença alemã no vilarejo está apenas na oralidade perpetuada há mais de 300 anos, preservada por seus moradores
        E aí está a pergunta: porque em Penha de França não há nenhum vestígio da religiosidade alemã e sim, da fé católica dos franceses e espanhóis? 
        A resposta é simples: à época, templos não católicos eram proibidos na Colônia.
Proibição de templos não católicos
        Isso porque Portugal era oficialmente um país católico, alinhado à Igreja Católica, Apostólica, Romana. Em suas colônias, não era permitido cultos de outras religiões, somente a fé católica era autorizada. Além disso, a predominância das construções tinham como base a arquitetura barroca portuguesa.
        Ao longo do descobrimento, além de portugueses, vieram para o Brasil alemães, ingleses, franceses, holandeses, suíços, judeus, ciganos, africanos, etc, como já foi dito. Evidentemente que entre esses povos, haviam adeptos de outras igrejas como a igreja Luterana e Calvinista, a Igreja Anglicana, a fé judaica, islâmica, as religiões africanas, dentre outras, além das crenças nativas, praticadas pelos indígenas.
        Todos esses credos eram praticados no Brasil à época, mas não abertamente, porque eram proibidos. Não podia existir templos religiosos não católicos na Colônia. Era lei.
        A realidade começou a mudar a partir da abertura do Brasil para a imigração e independência do país em 1822 com a elaboração da primeira constituição do Brasil independente, promulgada em 1824.
        No artigo 5º da Constituição de 1824 preceituava que “a religião católica, apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”. Ou seja, a partir de 1824, podia existir manifestações religiosas no Brasil, mas os locais dos cultos não podiam se assemelhar de forma alguma a uma igreja.
        Com a queda do Império de Dom Pedro II e a Proclamação da República em 1889, uma nova constituição foi promulgada, seguindo a tendência do período positivista e ideias constituintes modernas da época, derrubando essa proibição. 
        A partir desse período, o Estado se separou da Religião, tornando-se laico. Com isso, as tendências religiosas puderam manifestar sua fé publicamente e construírem no país seus templos religiosos, normalmente, de acordo as arquiteturas de suas origens. Foi a partir da Proclamação da República que começaram a chegar ao Brasil várias denominações religiosas europeias e principalmente, estadunidenses.
        Esse seria o motivo da não existência de vestígios da religiosidade dos alemães em Penha de França. Não era permitido templos e cultos de outras religiões na colônia, sem ser a católica. Os cultos eram feitos nas próprias casas dos moradores. 
        Esse é motivo da não existência de vestígios da religiosidade alemã em Penha de França. Não apenas a religiosidade, mas a presença dos alemães em Penha de França foi ignorada pelos historiadores. 
        Se foi registrada, apagou-se com o tempo ou simplesmente foi apagada por questão de conveniência dos historiadores da época, mas não da memória dos moradores do vilarejo. Este sim, preservaram as origens da vila através da tradição oral, mantida até os dias de hoje.
        Por esse motivo foi preservada a igreja fundada pelos franceses e espanhóis em Penha de França, simplesmente porque a religião oficial da Coroa Portuguesa era a Religião Católica, a mesma dos franceses e portugueses, além de Nossa Senhora de Penha de França ser também popular entre os portugueses.
Portugueses ignoravam histórias de outros povos
        A história do Brasil Colônia e Imperial foi escrita pelos historiadores ligados à Coroa Portuguesa e ao Império e claramente voltada para feitos dos chamados “desbravadores”, no caso, bandeirantes, lideranças portuguesas que viviam na colônia, heróis criados, além das histórias de um imenso número de famílias portuguesas que vieram de Portugal. 
        Posteriormente, foram trazidos para a colônia africanos escravizados para trabalharem na agricultura e exploração de ouro e diamantes. A história da origem do Brasil aceita pela Coroa Portuguesa era somente as descritas pelos historiadores e lideranças portuguesas.
        Essas descrições, mesmo quando narravam atuações de outros povos na colônia, tinham como ênfase a ação portuguesa. Os responsáveis por descrever a história da dominação portuguesa no Brasil, eram indicados pela Coroa Portuguesa e Império. Partiam do princípio das ações e vitórias dos colonizadores em guerras e proteção dos interesses portugueses na colônia, principalmente quando da descoberta de ouro em Minas.
         O foco dos estudiosos, cientistas e historiadores à época, era sempre a atuação heroica dos portugueses e bandeirantes. Quando citavam outros povos “amigos”, não aprofundavam nos estudos e informações.
Influência de outros povos ignorada pela história
        A presença e história dos outros povos que chegaram ao Brasil desde o descobrimento, era fato irrelevante para os historiadores da época, como já frisei. Além de irrelevante, em sua maior parte, era praticamente ignorada. À exceção dos fatos com vitórias dos portugueses sobre estrangeiros que tentavam ocupar o Brasil, os holandeses e franceses, a Guerra do Paraguai, além das ações dos navios negreiros que traziam seres humanos escravizados da África para trabalharem como escravos no Brasil e ações contra quilombolas e povos originários.
        Além disso, a história oficial buscava narrar os feitos dos que chamavam de “heróis” aqueles que percorriam o Brasil em grandes números e bem armados, praticando atos contra povos indígenas, quilombolas. Com suas ações, evitavam qualquer tipo de ações e reações contrárias aos interesses portugueses na Colônia. Poucos são os estrangeiros lembrados e que fazem parte da história do Brasil.
        Esse é o caso da primeira comunidade de europeus formada em Minas Gerais, antes mesmo da chegada dos portugueses à Minas. Embora os alemães tinham larga parceria com portugueses, a comunidade formada em Minas Gerais não faz parte da história oficial de Minas e nem da presença alemã no Brasil. Isso porque a história oficial foi contada pelos colonizadores e não pelos colonizados. Prevalece na história oficial da Coroa Portuguesa, a presença dos portugueses na região, da fé Católica e do seu domínio sobre a colônia e colonizados.
        Essa era a prática dos povos dominantes. Podemos dizer que é assim até os dias de hoje. Apagavam a história, cultura, tradições e memória dos povos dominados, não permitiam histórias não oficiais entre os dominados e reescreviam suas histórias ou simplesmente apagavam, as histórias que não lhes interessavam manter.
        Em 1978, Milan Kundera, escreveu em “O livro do Riso e do Esquecimento” a seguinte frase: "Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma outra pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá outra cultura e lhes inventa uma outra História". É bem isso.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Curimataí: a bucólica vila no maciço do Espinhaço

(Por Arnaldo Silva) Um lugar charmoso, bucólico, cênico, casario colonial preservado, sem muros, ruas de terra batida e grama. Nesse lugar predomina a amizade, a paz e o sossego. Seus moradores são simples, receptivos e hospitaleiros. Lugar que parece ter saído de um conto de fadas, pela beleza dos jardins, cursos d´água, flores e o estilo de vida simples de seu povo.
           Na pequena vila mineira vivem 600 pessoas, segundo Censo do IBGE. Somando com os moradores que vivem em chácaras, sítios e fazendas da vila, esse número aumenta muito, já que a comunidade tem na agricultura familiar e pecuária, a base de sua economia, além do turismo. (fotografia acima de Marcelo Santos)
          Sua origem é do século XVIII, com casarões e igrejas preservados desde essa época, há mais de três séculos. O povoado, fundado entre 1760 e 1770, no século XVIII, cresceu a partir do século XIX, tendo sido elevado a distrito em 1832. É um lugar único em Minas, porta de entrada para o Parque Nacional das Sempre-vivas.
          Foi também nessa época, entre 1760 e 1770, que foi erguida a pequena e charmosa Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica em frente ao Córrego do Mocó, como podem ver nas fotos acima do Rodrigo Firmo/@praondevou.
          No centro da vila, na principal rua, um córrego de águas limpas e cristalina, segue seu rumo tranquilamente. Esse trecho foi aberto por escravos, para trazer água da nascente até as casas da vila e abastecer os moinhos. (nas fotos acima e abaixo do Rodrigo Firmo/@praondevou, o casario da vila)
          A vila bucólica abriga o Rio Curimataí, um dos mais importantes afluentes do Rio das Velhas, além de ser rodeado por belezas naturais como nascentes cursos d´água, matas nativas, flores, em especial, Sempre-vivas e águas termais.
          Além disso, um Curral de Contagem ou Curral de Pedras, é outra atração da vila. Construído por escravos no final século XVIII, possui um formato quadrado e aberturas para cancelas. Era usado como entidade alfandegária para se fazer a contagem de gado destinado à região. Essa construção foi a responsável pelo crescimento do distrito, bem como surgimento de novas casas em sua proximidade, preservadas até os dias de hoje.
Que lugar é esse?
          Estamos falando de Curimataí, que significa “rio de curumatãs, um peixe de escamas e carne saborosa, típico da região. É distrito da cidade de Buenópolis MG, cidade com origens no século XVIII, distante 272 km de Belo Horizonte. (primeira foto acima de Rodrigo Firmo e segunda, de Marcelo Santos)
          Curimataí já encantava desde séculos atrás, inclusive, deixou ótima impressão ao naturalista francês Saint-Hilarie, em visita à vila em 1817: “De todas as povoações por onde passei desde o começo da viagem pelo sertão, Curimatahy foi a única em que vi jardins, os vegetais aí plantados dão a essa localidade um ar de frescor que não possuem Contendas (hoje Brasília de Minas), Coração de Jesus, etc. Mas é preciso convir que os habitantes de Curimatahy são favorecidos no que respeita à água: pois que correm da montanha vários regatos, que deslizam em volta da povoação, entretem nela um pouco de umidade e fornecem os meios para fazer irrigações”
Buenópolis MG
          Localizada em um vale entre a Serra de Minas e a Serra do Cabral, no Centro Norte de Minas, no maciço rochoso da única do Brasil, a Cordilheira do Espinhaço, Buenópolis tem 9.150 habitantes, segundo Censo do IBGE de 2022 e faz limites territoriais com Augusto de Lima, Joaquim Felício, Diamantina, Bocaiuva e Lassance.
Onde ficar em Curimataí?
          Curimataí é um dos lugares que devia fazer parte do roteiro de todo amante da natureza e simplicidade. Na simplicidade da Vila, você encontra várias pousadas, muito bem estruturadas para receber os visitantes e turistas, além de 4 bares e 2 restaurantes. (nas fotos acima e abaixo do Marcelo Santos, apenas algumas cachoeiras de Curimataí)
          Como Curimataí está perto de Buenópolis, pode se fazer um bate volta. Em Buenópolis encontra-se hotéis, pousadas, bares e restaurantes ótimos. (nas fotos abaixo do Rodrigo Firmo/@praondevou, paisagens de Curimataí)
Como chegar a Curimataí
          Curimataí está a 40 km distante de Buenópolis, com acesso via BR-135.
          Saindo da cidade de Buenópolis, siga por 5 km na BR 135 no sentido Montes Claros, vire a direita e siga por 35 km de estrada de chão até o distrito.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Andrequicé: a origem do Grande Sertão Veredas

(Por Arnaldo Silva) Andrequicé é distrito da cidade de Três Marias. A cidade está a 272 km distante de BH e a 32 km distante de Andrequicé. Por sua origem e história ligada a tropeiros, boiadeiros e vaqueiros, Três Marias é considerada a “porta do sertão mineiro”. 
          A vila conta hoje com cerca de 400 casas e 2 mil moradores. Lugar muito agradável e muito simples, recebe muito bem os visitantes. (nas fotos acima do Rodrigo Firmo/@praondevou, a vila de Andrequicé)
Origem do nome
          O nome tem origem no capim-andrequicé (Leersia hexandra), planta herbácea da família das gramíneas. É nativa do Brasil, predomina em terrenos alagados e é muito comum em Minas Gerais, principalmente na região Central, onde está Três Marias. Ocorre também nos estados do Ceará, São Paulo, Paraná e Mato Grosso, onde é mais conhecido por grama-boiadeira.
Origem da vila
          Andrequicé tem sua origem no século XVIII como ponto de parada de tropeiros que vinham de Goiás com destino a região de Diamantina, durante o Ciclo do Ouro.
          Com a presença dos tropeiros, um pequeno arraial foi surgindo. Por volta de 1725 foi construída no lugar uma capela dedicada a Nossa Senhora das Mercês. Segundo a tradição oral, a história da capela começa com a morte súbita de José Pereira da Rocha, natural de Diamantina MG, na região do atual distrito. O diamantinense foi sepultado no que é hoje Andrequicé.
          Mais tarde, seu irmão, padre Pedro Pereira da Rocha, mandou que se construísse uma capela no local, em homenagem a seu irmão. Com a construção da capela em homenagem a seu pai, seus filhos que viviam em Diamantina, se mudaram para região para ficarem perto do lugar em que de sepultado de seu pai. A presença da família, que atuava na criação de gado e cultivo de grandes plantações, foi de grande importância para o crescimento do então arraial. (na foto foto acima do Rodrigo Firmo/@praondevou, a atual Matriz das Mercês de Andrequicé)
Lugar acolhedor e de gente simples
          A vila colonial de Andrequicé é um lugar bucólico, calmo, tranquilo, rodeado por belezas naturais, casario simples e com traços coloniais tradicionais, ruas com calçadas gramadas, floridas e arborizadas. (fotos acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
          Seu povo é de uma simplicidade comovente. São acolhedores e muito hospitaleiros, tributos consideradas as principais tradições da vila. (fotos acima de Eduardo Gomes, a Cachoeira do Riachão e entorno)
          Andrequicé é uma das joias mais significativas do estilo de ser e viver do sertanejo mineiro. (fotos acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
          Na vila, a cultura e tradições seculares são preservadas desde sua origem, como por exemplo, a tradicional culinária mineira, principalmente as delícias caseiras feitas pelas quitandeiras da vila, a produção de mel e cultivo de ervas, a riqueza do artesanato local, a arte de bordar das talentosas bordadeiras da vila, as tradicionais benzedeiras que preservam a tradição, se mantendo na ativa até os dias de hoje e grupos de Folia de Reis e Pastorinhas, preservando uma tradição religiosa e folclórica secular da vila.
Guimarães Rosa e Manuelzão
  (à esquerda, Manuelzão e à direita, Guimarães Rosa -foto: D.A Press/Divulgação e Joao Martins/O Cruzeiro/EM/D.A Press)
        Andrequicé é uma parte significativa dessa história, que despertou até o interesse do escritor Guimarães Rosa, (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 – Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967) poeta, diplomata, novelista, romancista, contista e médico brasileiro, autor de O Grande Sertão Veredas, Manuelzão e Miguelim, dentre outros livros.
          O grande escritor mineiro, considerado por muitos o maior escritor brasileiro do século XX, conheceu Andrequicé em 1952. Na região, visitou várias fazendas e em uma dessas fazendas, a Fazenda Sirga, conheceu Manuelzão, chefe de tropas de vaqueiros.
          Manuelzão foi o capataz da viagem de Guimarães Rosa pelo serão mineiro em 1952. Dessa viagem pelo sertão das Gerais, surgiu o clássico livro O Grande Sertão Veredas.
          A história e liderança de Manuelzão, presenciada por Guimarães Rosa durante os 240 km a cavalo pelo sertão mineiro em 1952, conhecido como “A boiada”, cativou Guimarães Rosa.
          Uma admiração tão grande ao ponto de se tornarem amigos e Manuelzão ser a inspiração de um dos personagens protagonistas do romance O Grande Sertão Veredas e também do livro Manuelzão e Miguelim.
          A presença de Guimarães Rosa em Andrequicé imortalizou a pequena vila, tornando-a conhecida em toda Minas Gerais e Brasil. Seus livros se tornaram filmes e minisséries. Sua passagem pela vila ficou imortalizada nas lembranças dos lugares onde o escritor passou, como a igreja e a casa em que dormiu em 1952.
          Foi em Andrequicé que teve início o romance O Grande Sertão Veredas. O livro aborda temas intrigantes para época, a República Velha, que se estendeu de 1889 a 1930.
          Temas cheios de conceitos, preconceitos e dogmas para a época, como a seca e a pobreza, amor e guerra centralizada na história entre os jagunços Riobaldo e Diadorim, além de abordar assuntos como a origem do homem, do bem e do mal, de Deus e do diabo, e de questionar certezas e crenças, tanto do protagonista do romance, como do próprio leitor, feita em uma narrativa poética e simples, com boa parte da narrativa, reproduzindo o modo de falar do sertanejo mineiro.
O Museu Manuelzão
          Com o sucesso do livro, que mais tarde se transformou em filme e minissérie, a casa em que vivia Manuelzão se tornou um dos pontos mais visitados da região. Em vida, Manuelzão recebia os visitantes, proseava muito, tomava pinga e tirava fotos com os visitantes. (foto acima de Rodrigo Firmo da casa de Manuelzão)
          Manuelzão nasceu em Dom Silvério MG, na Zona da Mata no dia 6 de junho de 1904 e morreu em 5 de maio de 1997 em Andrequicé. A casa de Manuelzão em Andrequicé é hoje o Museu Manuelzão, localizada na Praça Estória de Amor, nº 01.
          A casa foi adquirida em 2001 para ser transformada em museu, pela Associação Comunitária de Andrequicé junto à família de Manoel Nardi e em 2003, pela acervo doméstico pela Prefeitura Municipal, dando continuidade ao Museu Manuelzão.
          O objetivo com a criação do museu foi o de preservar a história de Manoel Nardi. Os bens culturais presentes no museu ,como hábitos, costumes do dia a dia de um vaqueiro do sertão de Minas Gerais, foram também adquiridos junto à família. No museu, encontra-se ainda registro das homenagens à Manuelzão, bem como sua participação em programas televisivos, entrevistas e reportagens para jornais e revistas de todo o país.
          Em vida, Manuelzão era muito alegre, reconhecido e respeitado por todos. Era uma pessoa muito boa e muito simples. Recebia todos os visitantes em sua casa com muita disposição e alegria, em companhia de sua esposa. 
          Recebia presentes dos visitantes e era muito gentil com todos, como podem ver na foto acima, o meu amigo Gilberto Coimbra de Bom Despacho MG, junto a Manuelzão, com uma garrafa de cachaça, ao lado de sua esposa, Dona Di em 1993.
          Manuelzão gostava de servir cachaça para seus e amigos e visitantes e serviu ao Gilberto uma dose de sua cachaça preferida na cuia, que segundo lhe garantiu Manuelzão, era a mesma cuia que Guimarães Rosa bebia pinga.
          Além disso, era um talentoso contador de “causos”. Suas histórias encantavam a todos. Ninguém saia de lá sem uma boa prosa e escutar um “causo”.
          Manuelzão é hoje símbolo de Andrequicé e da região. É parte da rica história de Três Marias, tornando a cidade uma das referências culturais de Minas Gerais.
A Semana Cultural Festa de Manuelzão
          Todos os anos, entre junho e julho, acontece a Semana Cultural Festa de Manuelzão. O evento foi criado no início deste século com o objetivo de celebrar a musicalidade do sertão rosiano.
          A Festa de Manuelzão conta com programações culturais diversas, como documentários, teatro, histórias, culinária, danças folclóricas, rodas de leitura, rodeios, shows com artistas regionais e nacionais, desfiles de carro de bois, cavalgada, etc.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O Caxambu, Padre Pinto e a Família Alcântara

(Por Arnaldo Silva) É distrito do município de Rio Piracicaba, no Médio Piracicaba, distante 127 km de Belo Horizonte. O distrito conta com cerca de 1500 moradores e está a 5 km da BR-381, a 14 km do centro de Rio Piracicaba. O distrito conta com uma boa estrutura urbana com um pequeno comércio, escola, Unidade Básica de Saúde e outros benefícios.
          É um lugar simples, pacato, sossegado, com povo acolhedor e bastante hospitaleiro, que se orgulha de sua comunidade, de preservar suas festas e tradições seculares, além de darem muito valor à memória de seus antepassados, principalmente os de origem africana. O distrito tem raízes históricas no tempo da Mineração e Escravidão. (fotografia acima do Duva Brunelli)
          Durante o ano ocorrem eventos populares, folclóricos e religiosos em Padre Pinto, com destaque para a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a tradicional Congada e a escola dos Reis e Rainhas Congo, além da Rainha e o Rei Festeiro. É um das mais fortes e rica tradições mineiras. Tanto reis, rainhas e festeiros são escolhidos pela comunidade a cada ano, preservando com isso tradição tricentenária do Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Minas Gerais.
          Além disso, no mês de maio, acontece a tradicional Festa do Boi Fogueira, uma tradicional festa folclórica com danças e cantigas de roda, concursos de marchas, a Cavalgada de Caxambu de Padre Pinto a Piracicaba MG tradicionalmente entre maio e junho, muita música e comidas típicas durante esses eventos.
De Caxambu para Padre Pinto
          Seu nome de origem era Caxambu, passando a se chamar Padre pinto, em homenagem ao padre Manoel Fernandes Pinto Coelho, a partir de 8 de agosto de 1927. Mesmo alterando o nome, Caxambu é o nome mais popular, devido existir no distrito a Comunidade Quilombola Caxambu.
Uma típica vila mineira
          Uma charmosa vila, com um casario antigo em estilo colonial, eclético e moderno, povo simples, acolhedor e de fé. Além de igreja católica, construída em 1911, em Padre Pinto existem duas igrejas evangélicas. Seus moradores vivem da agricultura familiar e pequenos comércios. (foto acima de Duva Brunelli)
          Sua antiga usina elétrica é hoje patrimônio tombado de Rio Piracicaba. Além disso, Padre Pinto é um dos distritos de grande importância cultural para a cidade por sua história e tradições populares, oriundas do tempo da Escravidão no Brasil.
          Por sua origem africana, a comunidade Caxambu, em Padre Pinto é área reconhecida pela Fundação Palmares como comunidade Quilombola. O Quilombo de Caxambu, que significa, na língua africana que para alguns historiadores a junção dos vocábulos cacha (tambor) e mumbu (música). Mas há outros historiadores que afirmaram que seu significado seria a junção dos vocábulos de caa (mato), xa (ver), umbu riacho, sendo então mato que vê o riacho.
A família Alcântara de Caxambu
          É em Caxambu (Padre Pinto) que vive a Família Alcântara, que forma o coral Família Alcântara. Fundado há mais de meio século, o coral já está na quarta geração da família.
          A Família Alcântara, bem como todos que vivem no Quilombo, é formada por descendentes de escravos trazidos de Angola, por volta de 1760 para trabalharem nas fazendas da região.
          A história da Família Alcântara, bem como o coral é conhecida e reconhecida em Minas, no Brasil e também no mundo. O coral tem discos gravados, já fizeram várias apresentações em várias cidades e festivais e também em programas de TVs, entre eles do programa de Jô Soares, na Rede Globo, além de terem sido tema de documentário produzido e exibido pela TV Rede Minas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

A tradicional vila de Lourenço Velho

(Por Arnaldo Silva) Lourenço Velho é distrito de Itajubá MG, Sul de Minas. O povoado com origens no início no século XX foi elevado a essa categoria em 27/11/1948. Tem esse nome devido o rio homônimo que passa por entre o distrito. Faz limite territorial com Maria da Fé ao norte, com o distrito de Pintos Negreiros de Maria da Fé MG ao nordeste e Barra, distrito de Delfim Moreira ao sudeste. De Itajubá a Lourenço Velho são 18 km, por estrada de terra, a partir da MGC-383, rodovia que liga Itajubá a Maria da Fé.
          A sede do distrito é o bairro de Rio Manso. Por esse motivo, Lourenço Velho é mais conhecido por Rio Manso. Além desse bairro, o distrito de Lourenço Velho é formado ainda pelos bairros de Cachoeira Grande, Cachoeirinha, Ambrósios, Sabará, Peões, Goiabal, Peroba e Porto Velho. Ao todo, são cerca de 1250 moradores em todo o distrito de Lourenço Velho. (Fotos acima de Vinícius Montgomery)
           O maior e mais tradicional bairro de Lourenço Velho, ão José do Rio Manso ou simplesmente Rio Manso, tem origens na década de 1930. É formado por um charmoso casario, ruas pavimentadas, igreja, cemitério, pracinha, escola, cartório de registro civil, uma Unidade Básica de Saúde, pousada,
botecos e vendas. (fotografia acima de Vinícius Montgomery)
          No bairro do Rio Manso há ainda um cemitério administrado pela Igreja de São José, um cartório de registro civil e uma Unidade Básica de Saúde. Além disso, a 3 km de Rio Manso está o casarão da Fazenda da Figueira, construído há mais de 250 anos. É a mais antiga construção de Itajubá. A fazenda fica a 3 km de Rio Manso. Nas proximidades da Fazenda da Figueira estão as ruínas de outra fazenda que pertenceu aos avós do cientista Vital Brazil. 
Lugar tranquilo e bem estruturado
          Lugar tranquilo, casario charmoso, rodeado por belezas naturais de Mata Atlântica é também dotado de boa estrutura, atendendo bem aos moradores de todos os bairros do distrito. Conta com escola de ensino fundamental, linha de ônibus até Itajubá, farmácia, posto de saúde, pequeno comércio com bares, mercearias e vendas de necessidades básicas que atende bem aos moradores de todo o distrito. Demais necessidades como hospitais, escolas de ensino médio, os moradores se deslocam até Itajubá. (fotografia acima de Vinícius Montgomery)
          Lourenço Velho é um distrito de grande extensão territorial. A distância entre os bairros da sede, que é o bairro Rio Manso é muito grande. Isso dificulta um pouco o contato entre todos os moradores de Lourenço Velho. (fotografia acima de Vinícius Montgomery)
Por ser um distrito rural, a base de sua economia é a pecuária leiteira, de corte, agricultura familiar e monocultura, como o cultivo da banana.
Grande potencial turístico
          As belezas naturais da Mantiqueira, bem como a simpatia e hospitalidade de seus moradores, vem atraindo cada vez mais visitantes para a região. Lourenço Velho vem se tornando um importante e crescente ponto turístico regional devido sua proximidade com vários córregos, nascentes, ribeirões, rios, corredeiras e cachoeiras. (fotografia acima e abaixo de Vinícius Montgomery)
          Além disso, Lourenço Velho conta com um relevo bastante acidentado que vai de 858 metros a 1893 metros de altitude, acima do nível do mar. 
          Com diferentes altitudes, encontra-se no distrito, picos que oferecem ampla vista para os vales e chapadões da Serra da Mantiqueira, como exemplo a Pedra de Santa Rita, entre os bairros de Rio Manso e Peroba, com altitude de 1893 metros, a maior de Itajubá, além do bairro Rio Manso que está a 930 m de altitude e o bairro Peroba, a 1265 metros de altitude acima do nível do mar. A menor altitude do distrito é na foz do Ribeirão Sabará, com 858 metros.
          Seu grande potencial para o turismo vem sendo descoberto aos poucos. Desde o ano 2000, acontece em Lourenço Velho a Festa da Banana. Em Lourenço Velho, a Usina Hidrelétrica Luiz Dias, fundada em 1914 e mantida pela CEMIG é um dos seus atrativos. A usina abastece com energia elétrica o distrito e conta com uma exuberante área verde em seu redor. (fotografia acima e abaixo de Vinícius Montegomery)
          No bairro Cachoeirinha as águas do Córrego Peroba formam uma piscina natural ideal para banhos. Além disso, corredeiras do Rio Manso e Porto velho, bem como as cachoeiras Grande e Pilões, são outros atrativos naturais de Lourenço Velho.
          Como todo distrito e vilas mineiras, a vida social de seus moradores é em torno de sua fé e religiosidade e suas manifestações de fé, através das festas religiosas. 
Além disso, em Lourenço Velho tem a tradicional Festa da Banana, tem a Festa de São José e a apresentação de Catira do Rio Manso e outras manifestações culturais. 

terça-feira, 27 de agosto de 2024

10 distritos mineiros que vão fazer você se apaixonar - Parte VIII

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais possui 1.842 distritos, sendo 853 cidades, que são as sedes municipais e mais centenas de povoados, vilas e subdistritos. Cada um mais charmoso, pitoresco e lindo que outro. Preparamos uma série com 9 reportagens com distritos 10 distritos mineiros em cada uma. Essa é a quinta parte das 9 reportagens sobre distritos. Veja fotos e conheça a história de cada um desses 10 pitorescos distritos que vão fazer você se encantar mais com Minas Gerais.
01 - São José do Mato Dentro
               
São José do Mato Dentro é um atraente e aconchegante distrito de Ouro Fino, no Sul de Minas. (foto acima de Guilherme Augusto - In Memoriam).
          O local é agradável, bem cuidado, envolto a paisagens exuberantes e com um casario charmoso e bem cuidado. Seus moradores vivem das atividades agropecuárias, de pequenos comércios, artesanato e produtos caseiros. A religiosidade está presente entre seus moradores, destacando a tradicional Festa de São José, que mobiliza a comunidade e atrai visitantes de toda a região para participarem da festa religiosa.
02 - Dr. Lund
          É um pequeno e atraente distrito do município de Pedro Leopoldo, distante 46 km de Belo Horizonte. Pedro Leopoldo faz parte dos roteiros turísticos Caminhos da História à Pré-história e Caminhos da Luz, roteiro ligado à história do médium Chico Xavier, natural de Pedro Leopoldo. Para chegar ao distrito basta pegar o trevo no final da LMG 800, próximo ao aeroporto de Confins e seguir por 15 km. Partindo de Pedro Leopoldo, pegue a rua Dr. Rocha, paralela a linha de trem e siga até o distrito. (na foto acima do Robson Gondin, detalhes do casario no estilo colonial e inglês da Vila)
          O distrito de Dr. Lund tem esse nome em homenagem a Peter Wilhelm Lund (Copenhague, 14 de junho de 1801 – Lagoa Santa, 25 de maio de 1880), um dos naturalistas e arqueólogos dinamarqueses mais notáveis do século XIX, e é considerado o pai da paleontologia e arqueologia no Brasil. Foi Lund que descobriu a Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado atualmente nas Américas. Mais precisamente, Luzia foi encontrada na região de Pedro Leopoldo MG, entre a Lapa Vermelha e na gruta do Sumidouro.
          Dr. Lund é uma charmosa, atraente e bem estruturada vila. Suas ruas são limpas e arborizadas. Praças, passeios e canteiros centrais bem cuidados e arborizados. Seu povo é muito hospitaleiro e muito amável. Tem como destaque arquitetônico a Igreja de São João Batista, construída no ano de 1909. O entorno da Igreja é formado por um belo conjunto arquitetônico colonial português e da arquitetura inglesa. (fotos acima do Robson Gondin, a linha férrea e uma pracinha do distrito)
          Além da Igreja, o distrito como atrativos o seu portal, a praça principal, a Estação Ferroviária, tombado como patrimônio de Pedro Leopoldo por sua importância histórica e um casario em estilo colonial, típico das tradicionais vilas mineiras. (na foto acima do Robson Gondin, a charmosa igreja da Vila)
03 - Alto Maranhão
          Alto Maranhão tem sua origem no século XVIII em 1718, ano da concessão da sesmaria que deu origem ao distrito. É uma atraente e charmosa vila colonial mineira, distrito da cidade histórica de Congonhas MG, distante 88 km de Belo Horizonte. (foto acima: Instituto Estrada Real/institutoestrareal.com.br - Divulgação)
          Além de seu charmoso casario e a simpatia do seu povo, em Alto Maranhão se destaca a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, uma construção histórica iniciada em 1718, de grande valor para Minas Gerais. Sua fachada em cores azul e branco, tem acabamento simples, característico da época. Em seu interior, entalhes e pinturas numa riqueza de detalhes que impressiona. (foto acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
          No forro da capela-mor estão pintados 13 invocações, cada uma formando um capítulo de um grande livro, simbolizando a Rosa Mística, a Porta do Céu, a Estrela da Manhã, o Espelho de Justiça, o Vaso Espiritual, Sede da Sabedoria, Causa de Nossa Alegria, o Vaso Honorífico, o Vaso Insigne de Devoção, a Torre de Davi, a Torre de Marfim e Casa de Ouro. Completando o altar da capela-mor, estão as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. Alto Maranhão é uma volta ao passado.
          Além da rica história  da Vila Colonial de Alto Maranhão, tem ainda as ruínas do presídio, que ficou na ativa entre os séculos XVIII e XIX. Foi construído no início do século XVII, durante a Guerra dos Emboabas (1707-1709), antes mesmo da criação da sesmaria, do início da construção da igreja e formação do povoado, a partir de 1718. (Fotografia acima de Vinícius Barnabé)
          Distante 6 km de Congonhas, para quem vem de Paraty, a cadeia está situada na Estrada Real e por apresentar todas as características originais das cadeias do século XVIII, é um dos lugares mais procurados por turistas.
04 - Macuco de Minas
          Macuco de Minas é um distrito de Itumirim, na Região do Campo das Vertentes (na foto acima de Ézio Donizete). O nome que faz referência ao um pássaro caracterizado por seus ovos na cor azul-turquesa, o Macuco. É um vilarejo relativamente grande, com cerca de 3 mil moradores que vivem da agropecuária e pequenos comércios. O charmoso distrito se destaca na região por organizar umas das maiores e mais belas festas do Carro de Bois, além das festas juninas e a tradicional festa de São Sebastião do Macuco.
05 - Itauninha
          É o único distrito da cidade de Santa Rita de Itabira a 130 km de Belo Horizonte, no Médio Piracicaba, encravada entre montanhas, rochedos de pedras e paisagens exuberantes. O arraial que deu origem a Itauninha surgiu a partir da segunda metade do século XIX com o nome de Corcunda de baixo. Itaúna, no tupi significa pedra preta. Como a comunidade era bem pequena, tropeiros, mascates, aventureiros e viajantes que passavam pela região, começaram a chamar o arraial de Itauninha. O nome se popularizou e passou a ser o nome oficial do distrito. (fotos acima de Arnaldo Quintão) 
          Seus moradores vivem da agricultura familiar, mineração e comércio de seus produtos. Há ainda no distrito uma pequena mercearia e uma Unidade Básica de Saúde.
          Itauninha tem como destaque seu charmoso casario colonial, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída no século XIX e a preservação de suas tradições religiosas, como a festa de Nossa Senhora do Carmo, a padroeira da vila, com festa em julho e a tradicional Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, com festa em setembro.          
06 - Acurui
          Acuruí é um belíssimo distrito, cheio de história com construções antigas do período colonial, um artesanato riquíssimo e belezas naturais incríveis. Pertence à cidade de Itabirito, uma das mais antigas e importantes cidades mineiras, destacando hoje pela metalurgia e mineração, distante 60 km de Belo Horizonte. De Itabirito a Acuruí são 25 km. (foto acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Sua origem data do final do século XVII, com a chegada na região de bandeirantes, em busca de ouro. Por seus caminhos e ruas do povoado o visitante encontrará construções antigas, do período colonial e relíquias de nossa história. Os moradores do povoado tem vocação muito forte para o artesanato, que é também um dos atrativos do local.
07 - Jerusalém
          
Jerusalém é um distrito de Inhapim, no Vale do Rio Doce. Foi criado pela lei municipal nº 330, de 9 de dezembro de 1994. O povoado tem aproximadamente 600 habitantes, onde seus moradores vivem da agropecuária, pequenos comércios, principalmente dos produtos artesanais locais. No topo do povoado está a igreja, ponto de encontro principal de seus moradores. (fotografia acima de Odilon Euzébio)
08 - Pedrão
          Pedrão é um bucólico e pacato distrito da cidade de Pedralva, no Sul de Minas. Está próximo da famosa Pedra do Pedrão que é um imenso e maciço rochoso com 300 metros de extensão e 1464 metros de altitude, que enfeita a paisagem do Sul de Minas e de Itajubá, São José do Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Maria da Fé, principalmente a de Pedralva. É um local preservado, com predominância de várias espécies da fauna e flora local e por isso muito frequentado por amantes da amantes da natureza e praticantes de voo livre. (foto acima de Rinaldo Santos Almeida)
09 - Lobo Leite
          Lobo Leite é um distrito  de Congonhas, cidade histórica mineira distante 88 km de Belo Horizonte. Um dos seus marcos é a Igreja de Nossa Senhora da Soledade, totalmente restaurada em 2009. Essa igreja tem um grande significado histórico para a comunidade de Lobo Leite. Seu casario é charmoso, estilo colonial e a estrada de ferro dá mais charme e nostalgia ao distrito. (fotos acima de Jairo Nunes Ferreira)
10 - Córrego do Ouro 
          
Com cerca de 4 mil habitantes, Córrego do Ouro é distrito da cidade de Campos Gerais, no Sul de Minas. Sua origem é do século XVIII, tendo surgido por volta de 1740, com a descoberta de ouro em um córrego na região, daí a origem do nome da Vila. O povoado formou-se em torno da uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário, chamando-se Arraial de Nossa Senhora do Rosário do Córrego do Ouro, passando a ser apenas Córrego do Ouro a partir de 1923. (fotografias acima de William Cândido)
          Charmosa, bem cuidada, acolhedora e bonita, com um casario eclético e colonial bem preservados, Córrego do Ouro possui uma boa estrutura para seus moradores e visitantes, com ruas, praças e casario muito bem cuidados. Desde suas origens, além da mineração, o distrito se destaca na agropecuária, com destaque para o cultivo do café, cana-de-açúcar, gado leiteiro e de corte e produção artesanal de queijos e doces, além de contar com outras atividades comerciais.

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