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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Pirapora: origem, economia, cultura e turismo

(Por Arnaldo Silva) Pirapora tem seu nome de origem na língua tupi, que significa “Salto do Peixe”. A formação de Pirapora, tem origem no século XVIII, com o avanço da mineração de ouro e diamantes em Minas Gerais.
          Para abastecer as cidades mineradoras, as mercadorias saiam de Juazeiro, na Bahia e chegava à Minas Gerais de barco e canoas, pelas águas do Rio São Francisco. Era um percurso longo, uma subida de 1371 km até o último ponto navegável do Rio São Francisco, após a foz do Rio das Velhas. (na foto acima de Rhomário Magalhães, o Rio São Francisco, a Ponte Marechal Hermes e ao fundo, Pirapora)
          Nesse ponto, as mercadorias eram descarregadas e seguiam em carros de bois, aos centros mineradores. Foi a partir desse ponto de baldeação, à margem direita do Rio São Francisco, que se formou um povoado, que deu origem à cidade de Pirapora. O povoado cresceu, foi elevado a distrito em 1847 e finalmente, a município em 30 de agosto de 1911, instalado em 1 de junho de 1912, data em que se comemora sua emancipação.
          Com a chegada das embarcações a vapor, a partir de 1871, o transporte de mercadorias ficou ágil, crescendo ainda mais a partir de 1902, com a chegadas de embarcações maiores, como os vapores, Saldanha Marinho, Mata Machado e o famoso Benjamim Guimarães. Essas embarcações, transportavam, além de cargas, passageiros, percorrendo todas as cidades ribeirinhas, saindo de Pirapora, até Juazeiro, na Bahia. (foto acima de Ronan Rocha/Hitch Vídeo Produtora)
          Desde sua origem, Pirapora sempre foi um dos destaques da região Norte de Minas. É uma das mais importantes cidades mineiras, tanto na cultura, no artesanato, na culinária, no turismo, quanto do desenvolvimento. Fica a 340 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 60 mil habitantes. O município faz divisa com Várzea da Palma e Buritizeiro e está apenas 472 metros de altitude, acima do nível do mar. (foto abaixo de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora)
          Por sua localização, servida por malha ferroviária, que liga a cidade a Tubarão, no litoral do Espirito Santo e estar às margens da BR-365 e BR-496, Pirapora atrai grandes investimentos. Indústrias de vários segmentos, de pequeno, médio e grande porte, como de alimentos, cerâmica, produtos hospitalares, calçados, metalúrgicas, dentre outros segmentos industriais e comerciais, estão instaladas na cidade, com destaque ainda para o Hospital de Olhos do Norte de Minas. Além disso, Pirapora se destaca na produção e exportação de ferro silício, silício metálico, ferro-ligas, ligas de Alumínio e tecidos.
          A ampla atividade industrial do município, faz com que Pirapora, seja atualmente, o segundo maior polo industrial do Norte de Minas.
          Outro setor econômico de grande destaque em Pirapora é a de energia solar. Na cidade está instalada um complexo solar, formado por 11 usinas, com capacidade de geração de 321 MW de energia, sendo atualmente uma das maiores usinas fotovoltaicas da América Latina. Em funcionamento desde 2017, a capacidade de geração de energia da usina, por ano, é suficiente para o consumo de cerca de 400 mil residências. (fotografia acima de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora)
          A área da usina corresponde a cerca de 1500 campos de futebol e foi construída em uma área plana, de sol pleno. São mais de 1 milhão de painéis solares instalados, de forma inclinada, que giram acompanhando o movimento do sol. Esse tipo de usina produz energia 100% limpa e renovável, já que usinas solares não liberam CO2, na atmosfera.
          Um dos grandes geradores de empregos e renda em Pirapora é a agricultura e pecuária, em especial, a fruticultura, produzidos através de sistema de irrigação, no Perímetro de Irrigação. É o quinto maior empregador do município, gerando cerca de 1.100 empregos diretos. (fotografia acima e abaixo de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora)
          A fruticultura em Pirapora, bem como no Norte de Minas, desenvolveu-se bastante no final da década de 1970, com a implantação do Projeto Pirapora, em 1975, pela SUVALE, tendo sido a primeira experiência no Norte de Minas. Em 1976, a projeto foi assumido pela Companhia de Desenvolvido dos Vales do São Francisco e Paranaíba (CODEVASF), utilizando as águas do Rio São Francisco na irrigação de uma área inicial de 1500 hectares, inaugurada em 24/15/1978. Está instalado a 12 km do Centro de Pirapora, na BR-365, rodovia que liga o Norte de Minas ao Triângulo Mineiro e Brasília.
          A ocupação da área irrigável foi feita através de concorrência pública, vencendo a Cooperativa Agrícola Cotia Ltda e a Empresa Frutas Tropicais S/A. Famílias de agricultores começaram a chegar, a partir de então, principalmente de agricultores de origem japonesa. (fotografia acima de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora) 
          Eram cerca de cerca de 20 famílias, de origem nipônica, que viviam do plantio de soja e café no interior de São Paulo e Paraná. Essas famílias, deixaram descendentes e à essas famílias, ao longo do crescimento do projeto, se juntaram outras, também de origem na “Terra do Sol Nascente”. Os orientais e seus descendentes são hoje, predominantes na produção de frutas, em Pirapora, num total de 23 empresários que atuam no Perímetro de Irrigação.
          A partir de 1987 o projeto passa para a gestão da Associação dos Usuários de Projeto Pirapora - AUPPI, responsabilizando pela administração, operação, manutenção e conservação da infraestrutura de uso comum. A área atual do Perímetro é de 1.685 hectares, sendo 1.236,05 hectares de área irrigável.
          Além de toda organização e apoio dos órgãos estaduais, o boa parte do sucesso do Projeto Pirapora se deve aos imigrantes japoneses. Tradicionalmente, os nipônicos tem vasto conhecimento na lida da terra e conhecimentos na irrigação, dando grande contribuição para o desenvolvimento da agricultura em Pirapora e Norte de Minas, bem como também, no Projeto Jaíba.
          A região Norte de Minas é hoje uma das maiores produtoras de frutas do país, com sua produção abastecendo o mercado das grandes cidades e regiões brasileiras como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Juazeiro, Belém, Fortaleza e outras cidades do Brasil. Em Pirapora se destaca a produção de banana, uva, sendo a espécie Niágara, a de destaque, mexerica, laranja, legumes, dentre outras culturas.
O que fazer em Pirapora?
          Pirapora se destaca por suas belezas naturais e principalmente, pelo Rio São Francisco, bem como os pratos típicos de sua culinária, com destaque para os pratos feitos com os peixes do Rio São Francisco. (fotografia acima de Rhomário Magalhães)
          Cidade de tradição e cultura, preserva as festas folclóricas e religiosas, bem como o riquíssimo artesanato local, destacando as carrancas, peças em madeiras colocadas na proa das embarcações, esculpidas em formatos um pouco assustadores. Segundo a crença dos ribeirinhos, as carrancas servem para dar proteção. (fotografia acima de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora) 
          Uma ótima dica para o turista em Pirapora é conhecer o ICAD, um espaço cultural que funciona em um antigo galpão restaurado. Conta com um pequeno auditório, lugar para exposição e vendas do artesanato local e áreas de oficinas.
          Duas feiras públicas, não podem deixar de ser visitadas. Uma delas é a Feirinha da Avenida Pio XII, no bairro Santos Dumont, realizada todos os domingos. Organizada por pequenos produtores do município, a Feirinha, conta com muita animação, comidas típicas e produtos naturais, direto da roça. A outra feira é a Feirarte, que acontece nas manhãs de sábado, no Mercado Municipal da cidade, com exposição dos trabalhos dos artistas e a artesãos piraporenses.
          Durante o ano, vários eventos são realizados na cidade, com destaque para festas religiosas, eventos sociais, gastronômicos, empresariais e agropecuários.
          Em janeiro acontece a tradicional Festa de São Sebastião, padroeiro da cidade. Pirapora se destaca por realizar um dos melhores carnavais do Norte de Minas. Realiza também, com grande destaque e presença de público, o Encontro Nacional de Motociclistas, que acontece entre maio e junho, quando acontece também as comemorações de aniversário da cidade.
          Em setembro, dois eventos de grande destaque, movimentam a cidade. O primeiro é a Expociapi, evento organizado pela associação comercial local, com desfile de modas, comidas típicas, feiras de artesanato, mostras de tecnologias e negócios. O segundo é a Feira do Agronegócio, realizada pelo Sindicado dos Produtores Rurais da cidade, no Parque de Exposições em parceria com empresários do setor e Prefeitura. Nesse evento, além de shows, barraquinhas com comidas típicas, apresenta inovações para o setor, leilão de gado e palestras para os produtores rurais.
          Pirapora conta ainda com muitos atrativos por exemplos, seus telefones públicos, que tem formas de animais de nossa fauna, como onças e peixes.
          Tem o barco a vapor Benjamim Guimarães (na foto acima do Rhomário Magalhães), que é o único barco movido a lenha em atividade no mundo, além de ser um bem tombado pelo IEPHA/MG em 1985, como patrimônio de Minas Gerais. Construído em 1913, nos Estados Unidos, navegou por muitos anos nas águas do Rio Mississipi e também em Rios da Amazônia, até chegar à Pirapora, na década de 1920. Trafegava no Rio São Francisco, de Pirapora até Juazeiro, na Bahia, transportando cargas e passageiros. Com a abertura de estradas e popularização de ônibus e caminhões, o barco passou a transportar somente passageiros. Hoje, o Benjamim Guimarães realiza apenas passeios turísticos de ida e volta. Atualmente, o barco está ancorado no porto de Pirapora, passando por reformas, com previsão para voltar a navegar no Rio São Francisco, ainda esse ano.
          Outro atrativo turístico de Pirapora é a Ponte Marechal Hermes, ponte da linha férrea com tecnologia e material importado da Bélgica. Com 692 metros de comprimento, a ponte foi inaugurada em 10 de novembro de 1922, lingado Pirapora a Buritizeiro, passando sobre o Rio São Francisco. Foi tombada pelo IEPHA/MG, em 1985, como patrimônio do Estado de Minas. (fotografia acima e abaixo de Ronan Rocha/Hitech Vídeo Produtora)
          Próxima a Ponte Marechal Hermes, uma outra ponte, de concreto, faz a ligação da BR-365 entre Pirapora, passando sobre o Rio São Francisco, até Buritizeiro. 
          Banhada pelo Rio São Francisco, o Velho Chico proporciona belezas que atraem os moradores e turistas como a prática de esportes náuticos, pesca profissional e esportiva, espetáculos naturais como o pôr do sol e belas praias fluviais, formadas ao longo de seu percurso como a Praia do Areão em Pirapora. Nessa praia os banhistas, além de aproveitar o sol e as águas do Rio São Francisco, praticam esportes como vôlei de praia, peteca, futebol e futevôlei. (foto acima de 2019, de autoria de Rhomário Magalhães)
          Pirapora é uma cidade bem estruturada, com uma boa rede hoteleira e gastronômica, um setor de serviços amplo e de qualidade, com um comércio variado, bons bares, lanchonetes. Além disso, seu povo é hospitaleiro e acolhedor. O turista será sempre bem-vindo e se sentirá em casa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O plantio de uvas no Norte de Minas

(Por Arnaldo Silva) Desde que uvas foram introduzidas no Brasil, a crença de que essa fruta se adaptava somente a clima frio, propícia para as regiões do Sul do Brasil, Chile e Argentina, se tornou quase que uma verdade absoluta durante décadas. Mas, sempre ao longo da história tem um “mas”, alguém duvidou dessa máxima e resolveu plantar uva no Norte de Minas Gerais, região de clima seco, árido e com grande escassez de água e de intensos dias de sol e calor.
          No Sul de Minas, região com clima parecido com o do Sul do país, a plantação de uvas existe desde o início do século passado, introduzidas por imigrantes italianos como em Andradas, considerada a terra do vinho em Minas. (foto acima de Luís Leite, parreiras da Vinícola Casa Geraldo em Andradas MG) Uvas e vinhos de qualidade se destacam também em Três Pontas e Caldas, também no Sul de Minas.
          Já no Norte do Estado, a qualidade da uva impressiona, destacando as plantações em Pirapora com uma crescente produção de vinhos de qualidade no clima quente e árido Norte Mineiro (na foto acima de Sérgio Mourão)
          No município de Jaíba, onde está o projeto de Irrigação do Jaíba, considerado o maior projeto de irrigação da América Latina, uvas das variedades de mesa Niágara, Benitaka, Vitória, Isabel e Núbia são cultivadas com sucesso. São mais doces que as mesmas variedades plantadas em climas frios. (fotografia acima de Maria Mineira)
          O que faz as uvas do Norte de Minas serem mais doces que as de clima frio são exatamente o clima quente da região. Em Jaíba, a temperatura média anual é de 24,2 graus, com mínima de 14,8 graus e máxima de 34 graus.
          Mesmo com o clima quente, a produtividade das variedades de uva de mesa são as mesmas das de clima frio. A diferença é que o plantio de uvas em clima quente requer maior investimento em irrigação, devido à escassez de chuvas. Em Jaíba, o sistema de irrigação das plantações de uvas é feito por gotejamento. Por outro lado, graças à intensa luz do sol da região, as frutas apresentam um sabor melhor, devido à proporção maior de açúcar natural na fruta (brix). (fotografia acima e abaixo de Maria Mineira)
          O sol e calor do Norte Mineiro faz com que as pragas que costumam atacar os parreirais em climas frios são menores, reduzindo assim o uso de defensivos agrícolas, oferecendo ao consumidor um produto com menos riscos à saúde. 
          Outra vantagem é que com o investimento em novas tecnologias, as plantações produzem a fruta praticamente o ano todo, diferente das variedades plantadas em climas frios, que são colhidas apenas na safra, que vai de dezembro a março. Isso faz com que as frutas da região Norte de Minas tenham melhor valor de mercado na entressafra. (foto abaixo de Sérgio Mourão em Pirapora MG)
          Após a colheita, as uvas saem da região já devidamente embalada e transportada em caminhões refrigerados, direto para o mercado consumidor de várias cidades e regiões brasileiras como Belo Horizonte, Triângulo Mineiro, Goiânia, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e outras cidades do interior paulista.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Caminhos do Rio Urucuia em Minas

(Por Gilberto Valadares) O rio Urucuia nasce em Goiás, mais especificamente na região do Raizama, no município de Formosa, próximo ao córrego e ao distrito de Bezerra, na divisa da fronteira com Buritis, que é o primeiro município mineiro a receber as águas desse majestoso rio.
          Ainda que discreto, o rio Urucuia passa a receber as águas de outros córregos nos chapadões goianos, como por exemplo do rio Bonito, próximo ao Poço Azul. Entre lavouras, plantações e áreas de preservação ambiental o rio sobressai e aos poucos se mostra maior. (fotografia acima de Livia Alves)          
          O escritor Oscar Reis Durães descreve a povoação indígena nas Ilhas das Guaíbas, ilha do rio São Francisco próximo a Foz do rio Urucuia. Segundo o escritor, duas tribos que habitavam a região dos rios Urucuia e Paracatu seriam descendentes dos caiapós, índios que desceram do Maranhão passando por Tocantins e que teriam dado o nome a este rio.
Às margens do Rio Urucuia, Iolanda Marques, Neuza Fróes e Marlene Valadares. Anos 70
          Em uma conquista de terras após matarem e expulsarem os índios da Ilha das Guaíbas na foz do rio Urucuia no início do século 18, os sertanistas paulistas, Januário Cardoso, Manoel Francisco Toledo, Domingos Prado de Oliveira e Salvador Cardoso de Oliveira, estenderam domínio sobre toda a vasta região e se tornaram os senhores do Urucuia.
          O tráfego de aventureiros na busca por ouro em Paracatu e Goiás fez a região do Urucuia se desenvolver. Após as primeiras picadas brutas a facão e machado, feitas por sertanistas que cruzavam terras mineiras do extremo de São Romão, subiam pela nascente do Urucuia até os imensos chapadões do Arraial de Couros, hoje Formosa em Goiás. Pouco a pouco novos povoados foram surgindo ás margens desse rio e as primeiras famílias foram se fixando, em meio as dificuldades do grosseiro e inabitado cerrado da época.

Tropeiros cruzando o Rio Urucuia na década de 1970. Arquivo Gil Valadares
          Em registros históricos somos transportados ao ano de 1778, quando uma cartografia confirma o roteiro do bandeirante Lourenço Castanho Táquis, que abrangia o Urucuia, o Rio Preto e a Lagoa Feia. Tal bandeirante percorreu o estreito da chapada de Guarapuava e Buritis.
          A partir desse momento, os movimentos comerciais surgem com o transporte fluvial trazendo sal e outros tipos de mercadoria que vinham do litoral de Juazeiro e Petrolina através do rio São Francisco. O transporte fluvial adentrava Minas Gerais em São Romão e Pirapora, onde atingiu por algumas décadas o rio Urucuia.
          O Urucuia foi navegável até a barra do Rio Claro, onde por um determinado tempo se desenvolveu um garimpo de diamante, hoje no município de Arinos. Foi nessa época que surgiu o povoado de Morrinhos, localizado próximo ao Ribeirão das Areias e que muito prosperou no final do século 18.

Barqueada Ecológica 2019 em Buritis MG. Foto: Marcilei Farias
          O grandioso Aquífero do Urucuia completa nosso texto, dando a importância totalizada das riquezas dessas águas para o Brasil. Localizado no extremo sul do Piauí, passando pelo Maranhão, Goiás, Bahia e Tocantins, alcançando o norte e nordeste de Minas Gerais, o Aquífero do Urucuia está em uma área de aproximadamente 80 mil quilômetros de extensão e tem uma função reguladora dos afluentes da margem esquerda do rio São Francisco.

          Em Buritis, o rio Urucuia (na foto acima de Livia Alves) recebe as águas do córrego Taquaril, do ribeirão São Vicente, córrego Extrema, rio São Domingos, Barriguda e Piratinga. Em Arinos ele aumenta seu volume e recebe as águas do rio Claro, o rio São Miguel também deságua no Urucuia, além dos ribeirões da Ilha, da Areia e Confins. O rio de águas vermelhas e batizado pelos caiapós também dá nome ao município de Urucuia, onde recebe as águas do córrego Taboca e Gameleira. (na foto abaixo do Gilberto Valadares, o Rio Urucuia ao chegar em Buritis/MG, na fazenda Sobrado)
          Imortalizado nos versos de João Guimarães Rosa, o rio de amor desse saudoso escritor brasileiro, deságua no São Francisco, depois de receber as águas dos ribeirões da Conceição, das Pedras e do riacho Campo Grande, dando fim a um caminho percorrido somente pelos mais corajosos e destemidos do sertão, tal como este rio.
Texto de autoria de Gilberto Valadares - enviado pelo mesmo, junto com as fotos que ilustram o artigo.
Fontes: Livro Raízes e Cultura de Buritis no Sertão Urucuiano de Oscar Reis, Serviço Geológico do Brasil, Site: aguassubetrranes.abas.org e google earth

domingo, 26 de janeiro de 2020

Conheça Januária

(Por Arnaldo Silva) Situada no Norte de Minas, Januária está à margem esquerda do Rio São Francisco, fazendo divisa com os municípios de Chapada Gaúcha, São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Itacarambi, Bonito de Minas, Cônego Marinho e estado da Bahia. (foto acima de Thelmo Lins mostrando a arquitetura em estilo eclética da cidade) Conta com uma população de 67.742 habitantes, segundo o IBGE, em 2019. 
          É o terceiro maior município do norte-mineiro e o 54º maior do estado, sendo um dos polos educacionais da região, contando com campus do IFNMG, Unimontes, Unopar, Unip, FUNAM e Funorte Campus Januária, atraindo estudantes da região, principalmente do Médio São Francisco, o que movimenta a economia da cidade que tem ainda como atividades econômicas pequenos comércios, indústrias familiares, atividades agropecuárias, artesanato (na foto acima de Thelmo Lins) e pequenas fábricas artesanais de beneficiamento do pequi, fruto nativo do Cerrado muito apreciado no Norte de Minas. 
          Das pequenas fábricas de Januária se extraí o óleo, a castanha e se prepara a polpa do pequi, com os produtos sendo vendidos nas feiras e Mercado Municipal da cidade.
Origem
          Sua origem data do século XIX, tendo sido fundada em 7 de outubro de 1860, mas a origem de seu nome, não é conclusiva. Segundo tradição oral, o nome foi em homenagem a Januário Cardoso de Almeida, um dos mais antigos moradores da região, proprietário da fazenda Itapiraçaba, onde está hoje a cidade. 
          Outra versão popular e a mais aceita diz que vivia na região, a beira do Rio São Francisco, uma escrava de nome Januária. Fugindo do cativeiro, se estabeleceu na região, montando uma modesta estalagem para atender barqueiros e tropeiros que passavam pela região. Em torno da modesta estalagem, um pequeno casario foi se formando com o local sendo chamado de Januária. Há quem diga ainda que o nome da cidade é em homenagem a filha do Imperador Dom Pedro II, a princesa Januária.
Brejo do Amparo
           O curioso é que um de seus mais importantes distritos, Brejo do Amparo, foi uma das primeiras povoações de Minas Gerais, surgindo bem antes da cidade, no final do século XVII, por volta de 1660, com a chegada de bandeirantes à região. (na foto acima de Pingo Sales o distrito e sua nova matriz)
          Brejo do Amparo guarda ainda relíquias dos tempos dos bandeirantes, em destaque para a Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, datada de 1688 (na foto acima de Pingo Sales), construída pelos jesuítas, onde existia um quilombo. Foi o segundo templo erguido em Minas Gerais. Uma construção simples, numa região ainda recém habitada, mas de grande importância histórica para Minas Gerais.
          Brejo do Amparo guarda um belo casario em estilo colonial e belezas naturais com trilhas e paisagens belíssimas, como a Gruta dos Anjos. É no distrito que é produzido a famosa cachaça de Januária, considerada uma das melhores do Brasil. O visitante pode conhecer os mais de 30 engenhos de cana da região, com o privilégio de poder conhecer todo o processo de produção da famosa bebida brasileira, além de poder degustá-la diretamente da fonte.  
O Rio São Francisco 
             Por estar às margens do Rio São Francisco, conta com muitas praias fluviais formadas ao longo do trecho, tendo Januária sido ao longo de sua existência, uma importante rota comercial pelas águas do Rio São Francisco. Ainda hoje, o Velho Chico é de grande importância econômica para a cidade, graças ao turismo e a pesca, de onde várias famílias tiram seus sustentos. (como podem ver nas fotos acima de Thelmo Lins e abaixo de Pingo Sales, praia fluvial e pescadores)
Pinturas rupestres
          Destaca-se ainda na região de Januária, grutas de calcário, sendo que em algumas são encontradas a presença de civilizações antigas, com pinturas rupestres em seu interior (na foto abaixo de Thelmo Lins).
O Vale do Peruaçu
             Parte do Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu estão presentes no município de Januária, e ainda nos municípios vizinhos de Itacarambi e São João das Missões. A área total do parque é de 56.400 hectares e conta com impressionantes cavernas, com formações rochosas variadas e com estalactites e estalagmites impressionantes, além de fauna e flora preservadas. (foto abaixo de Tom Alves/tomalalves.com.br)
Conjunto arquitetônico
          Januária, como um dos berços da formação do Norte de Minas, guarda relíquias arquitetônicas e culturais. Seu casario guarda traços do barroco colonial e em sua maioria, do estilo eclético do início do século XX, podendo esse charmoso e atraente estilo arquitetônico ser observado no centro da cidade e principalmente na avenida São Francisco e ruas transversais. (foto abaixo de Thelmo Lins)
Cultura, artesanato e tradição
         Terra de gente simples, hospitaleira e talentosos, desde os primórdios de seu povoamento. Januária produz excelentes peças de artesanatos usando matéria prima natural, da própria região, de acordo com a criatividade de cada artesão. É uma tradição que vem de gerações, que resiste ao longo dos tempos, graças ao talento de seus artesãos que produzem peças valiosas que decoram ambientes por todo o país e até em outros países. 
         No trabalho dos artesãos, são usados o barro, fibras vegetais, madeira, flandres ou folha de zinco, couro, algodão, todos da região. Os artistas expõem seus trabalhos na Casa do Artesão, Casa da Memória, Mercado Municipal e no Centro de Artesanato (na foto acima de Pingo Sales).
Culinária típica dos povos do Cerrado
           O município se desta ainda pela sua culinária, principalmente os pratos feitos com o pequi (foto acima do Eduardo Gomes), já que a fruta é abundante na região e os pratos feitos com peixes do Rio São Francisco. 
          É uma culinária valiosíssima, tendo como destaque o arroz com pequi, pequi com frango e mandioca, carne de sol, moqueca de surubim, dourado assado, pão de queijo, angu com quiabo, paçoca, papudo, manué, galinha ao molho pardo, feijão tropeiro com torresmo, farofa de pequi, beiju, rapadura, panelada, picado de arroz, além de doces e licores feitos com os frutos típicos do nosso Cerrado e da região como o jenipapo, buriti, cagaita, umbu, pinha, tamarindo, coquinho, caju, cajuí, maxixe, cabeça-de-nego (araticum), babaçu, fava-d'anta, anajá, banana-caturra, dentre outros frutos.
Festas populares
          Como em todos os municípios mineiros, o folclore januariense é muito expressivo, com destaque para as Cavalhadas, Folia de Reis, Pastorinhas, Reisado, além de manifestações teatrais e outros eventos folclóricos. (na foto acima, de Pingo Sales, Reis de Bois de Brejo do Amparo)
          Além dos festejos folclóricos, os principais eventos religiosos estão presentes no município, como Semana Santa, Corpus Christi, além dos festejos da Santa Cruz que acontece em maio, um dos mais importantes eventos religiosos de Januária, com celebrações, novena, procissão, missa festiva, leilão e apresentações folclóricas com eleição do festeiro do ano seguinte.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A 2ª mais antiga igreja de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Datada de 1688, a Igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, no Norte de Minas, é considerada a segunda mais igreja mais antiga de Minas Gerais. Brejo do Amparo é uma das primeiras povoações de Minas Gerais, sendo o berço da formação de Januária e também do Norte de Minas. (na foto abaixo, de Pingo Sales, a Igreja totalmente restaurada)
          A primeira igreja a ser construída em Minas Gerais foi a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso, também do Norte de Minas, erguida em 1670 e a terceira, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Fidalgo, distrito de Pedro Leopoldo na Região Metropolitana de Belo Horizonte, erguida pelo bandeirante Fernão Dias no final do século XVII, por volta de 1694. (na foto abaixo, de Pinto Sales, o estado em que estava a Igreja, antes da restauração)
          A partir de meados do século XVII, começou o desbravamento de Minas Gerais por bandeirantes em busca de ouro, diamantes e esmeraldas. As construções àquela época eram bem simples, sem muitos detalhes e adornos, contrastando com o glamour das edificações religiosas do auge do Ciclo do Ouro. (na foto abaixo, de Pingo Sales, trabalhos de restauração)
          O povoamento do que é hoje o município de Januária se deu por volta de 1640, já que a região Norte de Minas era uma das mais antigas rotas de penetração de bandeiras no interior do Brasil, anteriormente habitada por índios. Com a chegada de desbravadores, os índios foram expulsos da região à força. Um desses desbravadores foi o sertanista Manuel Pires Maciel, que após a expulsão dos índios, deu início a formação de um pequeno arraial, denominado de Arraial de Nossa Senhora do Amparo, posteriormente chamado de Brejo do Amparo, o berço da criação do município de Januária. (na foto acima de Pingo Sales, detalhes da pintura no forro da nave )
          Com o crescimento do povoado, padres Jesuítas começam a chegar à região e iniciaram a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Datada de 1688, foi construída num pequeno povoado, chamado de Barro Alto a 3 km de Brejo do Amparo. (na foto acima, de Pingo Sales, o altar da igreja e abaixo o teto, já restaurado)
          Sua construção teve influência da arquitetura baiana e paulista, obviamente pela presença dos bandeirantes paulistas e sertanistas baianos no início da povoação. (na foto abaixo, de Pingo Sales, detalhes detalhes do teto da igreja)
          Em tons brancos, sua fachada é composta de uma única torre e singelos detalhes arquitetônicos. Em seu interior constam escritas em letras romanas. O piso é em placas de madeira, com pinturas em sua abóboda. A capela, altar e guarda-corpo com detalhes retorcidos. Ao longo dos anos, já na primeira fase do Barroco Mineiro, a igreja passou a receber elementos ornamentais do estilo nacional-português, com pinturas em estilo rococó. Ao lado da igreja, como era comum naquela época, existe um cemitério. 
          Por sua importância para Minas e Brasil, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de Brejo do Amparo, foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) em 21 de abril de 1989. (na foto acima e abaixo, de Pingo Sales, detalhes da restauração da Igreja)
          Ao longo de mais de 300 anos de existência, a igreja passou por poucas reformas, tendo sido nos últimos anos, praticamente esquecida e em completo abandono. (na foto abaixo, de Pingo Sales, detalhes da igreja restaurada)
          Após o desabamento do teto da igreja, os órgãos governamentais perceberam a necessidade urgente de salvar um dos maiores patrimônios de Minas Gerais e iniciaram a restauração completa da segunda igreja construída em Minas Gerais e uma das mais antigas do Brasil. (na foto abaixo, primeira missa celebrada na igreja após restauração)
          Foi entregue totalmente restaurada e preservada em todas as suas características originais à comunidade em 2018. Hoje é um dos pontos turísticos da região e de fé, já que na Igreja, voltou a ser celebrada missas, uma vez por mês, ao domingos.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Os espetáculos naturais do Vale do Peruaçu

(Por Arnaldo Silva) O Vale do Peruaçu é uma unidade de conservação com 56.448,32 hectares, criado em 1999 com o objetivo de proteger uma dos maiores tesouros naturais do mundo. Está localizado a aproximadamente 45 km do município de Januária e 15 km de Itacarambi, na região norte de de Minas. (foto acima de Eduardo Gomes, estalactites)
          Formado há milhões de anos, quando o Norte de Minas, Noroeste do Estado e parte da Região Central Mineira, estavam submersos por águas de um mar, é considerado um dos mais tesouros naturais do mundo. A ação da natureza privilegiou Minas Gerais com um com um vale formado por imensos paredões, matas nativas, fauna variada e 140 cavernas impressionantes.  A que mais impressiona é a Gruta do Janelão com 4,7 quilômetros de extensão e altura de 100 metros. No Janelão se encontra o maior estalactite do mundo atualmente, com 28 metros de comprimento. 
          Por todo o Vale do Peruaçu existem mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres em paredões, com destaque para o "Santuário", um paredão com mais de 3 mil desenhos rústicos, com aproximadamente 12 mil anos. (fotografia acima de Tom Alves/tomalves.com.br)
         Por sua importância natural para não só para o Brasil, mas para o mundo, o Vale do Peruaçu é um dos candidatos a Patrimônio Natural da Humanidade e visa a obtenção dessa certificação pela Unesco.
          Todo o entorno do Vale é rodeado por uma exuberante vegetação nativa abrigando uma diversidade enorme de nossa fauna como cachorro-vinagre, tamanduá, veado, anta, onça-pintada, diversas espécies de pássaros e outros animais. (foto acima de Eduardo Gomes, mostra as pinturas rupestres nos paredões do Vale) 
VISITAÇÃO PÚBLICA
          Além das pinturas rupestres, no Vale tem mais atrativos como a Trilha do Rezar, Lapa Bonita, Lapa do Rezar e a Dolina dos Macacos. (na fotografia acima de Manoel Freitas)  Esse tesouro natural é aberto à visitação pública e com entrada gratuita. Mas pessoas ou grupos só podem circular por dentro do Vale acompanhadas por um guia especializado e autorizado pela administração. 
          Para fazer esse serviço de acompanhamento, o guia cobra um valor por pessoa ou por grupo de pessoas. O preço varia de acordo com as trilhas a serem percorridas.  Quem quiser visitar o Vale do Peruaçu, terá que agendar a visita entrando em contato com o ICMBio em Januária, pelo telefone (38) 3623-1038, ou pelo e-mail cavernas.peruacu@icmbio.gov.br (fotografia acima de Eduardo Gomes)
          As cidades de Januária e Itacarambi (na foto acima, de Manoel Freitas, pôr do sol no Rio São Francisco visto de Itacarambi), tem ótima estrutura para receber os visitantes, com pousadas e hotéis muito bons que oferecem um atendimento personalizado, já que tem apoio do Sebrae que ministra cursos de capacitação para donos e guias, com o objetivo de facilitar o atendimento dos turistas. 

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