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sexta-feira, 15 de abril de 2022

A arte na arquitetura colonial de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A 292 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha, Diamantina é Patrimônio Histórico do Brasil, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938 e Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1995, Diamantina é uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas mineiras. Fundada em 1713, preserva sua história, gastronomia, cultura, tradições e arquitetura colonial, desde sua fundação.
          Diamantina abriga um dos mais belos e bem conservados acervos arquitetônicos do período Colonial Barroco e do período Imperial brasileiro. Os arquitetos da época seguiram à risca os traços e originalidades das cidades portuguesas, adaptando sua cultura à paisagem natural da região. (na fotografia acima de Nacip Gômez da Paróquia do Divino Pai Eterno em Diamantina)
          Não foi por mera coincidência que optaram por construir a cidade aos pés do maciço rochoso da Serra dos Cristais, no início do Ciclo do Ouro, no século 18. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          
Sua arquitetura colonial se desenvolveu no auge do Ciclo do Ouro, entre 1720 e 1750, no período Colonial, onde as simples casas do Arraial do Tijuco deram lugar a suntuosas construções e belíssimas igrejas ornadas a ouro e diamantes, graças a riqueza gerada por essa pedra preciosa. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Pra se ter ideia, no auge desse período, Diamantina era a maior lavra de diamantes do mundo. Com tanta riqueza, os investimentos em edificações e infraestrutura urbana foram altos.
          Sua arquitetura foi consolidada em meados do século 19, já no período Imperial (na foto acima da Gisele Oliveira). Percebe-se pelos fatos a importância de Diamantina para a história de Minas Gerais e do Brasil. A cidade tem uma pureza arquitetônica impressionante, que lembra claramente as mais belas vilas de Portugal.
          Diamantina exibe rara beleza arquitetônica e natural, formando um dos mais significativos conjuntos paisagísticos de Minas Gerais. Sua beleza é rara, sóbria, elegante, simples, original e impactante.
          A arquitetura urbana de Diamantina com suas cores variadas com portas, portadas e janelas enormes, muxarabis (elementos da arquitetura árabe), balcões com pinhas de vidro, pavimentos em pedra bruta ou madeira maciça chamam a atenção pelas características excepcionais que apresentam, destacando por exemplo o Passadiço do Glória (na foto acima de Elvira Nascimento) que liga dois sobrados. Um construído no século 18 e outro no século 19.
          Outro destaque arquitetônico é o sobrado onde viveu Chica da Silva (na foto acima de Alexandra Almeida), com o homem mais poderoso e rico da região, naqueles tempos, o Contratador de Diamantes entre 1759 a 1771, João Fernandes de Oliveira. 
          O luxuoso sobrado é um dos mais visitados em Diamantina, bem como a casa em que viveu Juscelino Kubitschek e as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de São Francisco, de Nossa Senhora do Rosário, do Senhor do Bonfim, a Capela Imperial do Amparo (na foto acima da Giselle Oliveira) e a Catedral Metropolitana de Santo Antônio são os marcos da religiosidade e história de Diamantina e de Minas Gerais. 
          Diamantina é mais que uma cidade, é uma obra de arte. Não foi apenas construída, foi esculpida por mãos de talentosos artistas. 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Belo Vale: um passeio pelas origens mineiras

(Arnaldo Silva) Atualmente com cerca de 8 mil habitantes, Belo Vale faz divisa com Congonhas do Campo, Ouro Preto, Moeda, Brumadinho, Bonfim, Piedade dos Gerais e Jeceaba. Está a 80 km de Belo Horizonte, a 797 metros de altitude, na região do Quadrilátero Ferrífero Mineiro.
          Além da sede, Belo Vale (na foto acima de Marcelo Melo) o município conta com vários povoados e distritos, como: Noiva do Cordeiro, Roças Novas, Santana, Boa Morte, Salgado, Laranjeiras, Costas, Pintos, Lajes, Curral Moreira, Chácara, Moreira, Posse, João Alves, Chacrinha, Pedra, Tróia, Arrojado, Palmital e Barra Nova. (na imagem abaixo de Mauro Euzébio/@mauroart, a Matriz do distrito de Roças Novas de Baixo)
Uma das primeiras povoações de Minas
          A história de Belo Vale começa com a formação de um arraial em 1681, no século XVII. Fundada por bandeirantes, foi uma das primeiras povoações surgidas em Minas Gerais. 
          O povoamento do pequeno arraial cresceu, graças a descoberta de ouro na região em 1700, nas roças de Matias Cardoso, atualmente, distrito de Roças Novas. Em 1735, era erguida a primeira igreja, dedicada a Sant´Ana, quando o arraial passou a se chamar Santana do Paraopeba.
          Devido a terras áridas, onde estava o arraial, em 1760, um novo povoado foi formado nas proximidades do Rio Paraopeba, onde as terras eram férteis e próprias para a lavoura e criação de gado.
          Com a mudança do local do povoado, uma nova igreja foi erguida em m 1764, dedicada a São Gonçalo, com o novo arraial se chamando, São Gonçalo. Tempos depois, com a construção de uma ponte de madeira sobre o Rio Paraopeba, o arraial passou a ser chamado de São Gonçalo da Ponte. Em 1839, no século XIX, a vila foi elevada a distrito, subordinada a Bonfim MG.
          A partir de 1914, São Gonçalo da Ponte adota o nome de Belo Vale, em alusão aos belos e imensos vales da região. Em 17 de dezembro de 1938, Belo Vale é elevada à cidade emancipada.
A chegada da ferrovia e do desenvolvimento
          Com a instalação do ramal do Paraopeba, da Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1914, começa de fato o desenvolvimento e crescimento de Belo Vale. Para abrigar os ferroviários e suas famílias, casas em estilo inglês, do início do século XX, para abrigar os ferroviários e suas famílias, bem como a Estação Ferroviária da cidade. (na foto acima de Leandro Leal e abaixo de Mauro Euzébio/@mauroart, pontilhão sobre o Rio Paraopeba em Belo Vale)
          Os trens que passavam por Belo Vale, levavam e traziam gente e também, levava me traziam minério de ferro e outros produtos. Hoje, o ramal ferroviário faz parte da Ferrovia do Aço e os trens continuam passando por dentro de Belo Vale, mas levando e trazendo apenas minério de ferro e outros produtos.
          Do saudoso tempo do trem de passageiros, restaram a charmosa Estação Ferroviária, as belas construções em estilo Inglês dos ferroviários e operários, fotos e lembranças de quem viveu nessa época. (na foto acima de Mauro Euzébio/mauroart, tem carregado de minério, onde antigamente, passava trem de passageiros em Belo Vale)
         Com o crescimento proporcionado pela ferrovia, novas construções em estilo inglês, eclético e modernista, começaram a surgir na cidade, ao longo do século XX. (na foto acima de Thelmo Lins, a antiga Estação Ferroviária de Belo Vale e a Vila Operária em seu entorno)
          Belo Vale continua com sua vocação original de ser uma cidade produtora de alimentos, se destacando em Minas Gerais na produção de frutas, como a mexerica e hortaliças, além da mineração. (fotografia acima de Mauro Euzébio/@mauroart)
Atrativos turísticos urbanos
          Belo Vale é um dos poucos municípios mineiros que reúne a história das origens de Minas, do Ciclo do Ouro, da religiosidade, das primeiras fazendas produtoras de alimentos, bem como a tradição das ferrovias. (fotografia acima de Marcelo Melo e abaixo de Mauro Euzébio/@mauroart)
         Além disso, sua arquitetura foi formada por todos os estilos arquitetônicos presentes em Minas Gerais, desde o século XVII como o Nacional Português, o Barroco Mineiro, o Eclético, o Modernista, o Contemporâneo, além do estilo Inglês, das primeiras décadas do século XX, com destaque para o Casarão dos Araújo, o popular sobrado da Praça, datado de 1929.
          Na cidade, uma construção em estilo colonial, chama a atenção dos visitantes. É o Museu do Escravo, inaugurado na cidade em 13 de maio de 1988. Instalado num casarão bem preservado, no Centro da cidade, o museu é o mais completo do gênero na América Latina. Humilhações e crueldades praticadas contra os escravos, estão reunidos em mais de 3.500 peças muito bem preservadas. (na fotografia acima de Evaldo Itor Fernandes)
          Em frente ao Museu do Escravo está a Matriz de São Gonçalo, construída em 1764, um ótimo ponto para visitação. (na fotografia acima de Mauro Euzébio/@mauroart)
Atrativos turísticos rurais
          Os principais atrativos de Belo Vale podem ser vistos em sua área rural, em todos os seus distritos. Tanto a cidade, quanto os povoados rurais, contam com boa estrutura e pousadas, para receberem os visitantes, mas as melhores pousadas da cidade, bem como a boa gastronomia mineira, estão nas comunidades rurais.
          Entre esses povoados está Boa Morte, 6 km distante do Centro de Belo Vale. Boa Morte tem origem na formação de quilombos na região. Na comunidade, destaque para a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, datada de 1760. (na fotografia acima de Thelmo Lins)
          Outra igreja na zona rural que merece uma visita é a Igreja de Santana, distante 9 km do Centro da cidade. Por ser o mais antigo templo do município, é de grande importância para a cidade.  (fotografia acima de Thelmo Lins)
          Embora sua fachada tenha sido modificada, principalmente no século XX, sua história e importância para a cidade está preservada. Da fachada o que restou de original foi apenas a placa, que data sua construção, 1735.
          A pequena igreja está bem cuidada e se destaca no local por estar no topo de uma colina, em tons brancos e azuis, ladeada por frondosas árvores e uma bela vista do vale de montanhas que circundam Belo Vale.
Ruinas do Forte e a Calçada de Pedras
          Outro local interessante para visitação é o Forte das Casas Velhas, construído em pedras pelos escravos, em 1790. Está a 12 km do Centro da Cidade, na Serra do Mascate. Durante o Ciclo do Ouro, no local funcionou a antiga alfândega e o forte militar, onde presos políticos, contrários à Coroa Portuguesa, eram encarcerados.
          Um pouco à frente do Forte das Casas Velhas, está a Calçada de Pedras, feita pelos escravos. Na época, a Calçada ligava a Fazenda Boa Esperança à antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto. Foi construída para fazer o escoamento da produção da fazenda Boa Esperança e também para receber mercadorias vindas da capital da província, que era Vila Rica. Atualmente, resta apenas um pequeno trecho da calçada.
A Fazenda Boa Esperança
          Por falar na Fazenda Boa Esperança, o lugar é ponto obrigatório para visitação. Está apensa 3 km do Centro da cidade. Formada entre 1760 e 1780, sua arquitetura foi inspirada nas construções do Norte de Portugal. Seu interior possui ainda pinturas do Mestre Ataíde.
           No auge da extração do ouro na Serra do Mascate, a Fazenda Boa Esperança chegou a ter cerca de 1000 escravos. A fazenda produzia ainda alimentos para a região, já que suas terras eram férteis.
          A sede da Fazenda Boa Esperança, foi residência do Barão de Paraopeba (Romualdo José Monteiro de Barros, nascido em Congonhas do Campo em 1756, foi presidente da província de Minas Gerais entre 10 de junho a 17 de julho de 1850. Faleceu em 16 de dezembro de 1855. (fotografia acima e abaixo de Evaldo Itor Fernandes)
          A sede da Fazenda Boa Esperança é um dos mais importantes patrimônios históricos de Minas Gerais e do Brasil, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, desde 1959 e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - IEPHA/MG, desde 1975.
          Totalmente restaurada não consta nenhum mobiliário, apenas cômodos vazios, corredores, portas e janelas enormes, uma singela capela e toda a estrutura interna, muito bem conservada. Tanto na parte exterior, quanto interior, percebe-se a riqueza arquitetônica e estrutura da construção. É de impressionar! Ainda mais com a beleza em redor, com frondosas árvores a dar mais vida e charme ao casarão. (fotografias acima de Thelmo Lins)
Cachoeiras
          Completa a beleza do idílico cenário cinematográfico de Belo Vale, paradisíacas cachoeiras com destaque para a Cachoeira da Serra às margens da MG-442 que liga Belo Vale à BR-040 e a Cachoeira da Boa Esperança, próxima à Fazenda Boa Esperança. Essa cachoeira possui leves quedas e toboáguas naturais.
          No povoado da Pedra, a 7 km da sede, tem a Cachoeira da Usina. Outra cachoeira apreciada pelos banhistas é a Cachoeira do Moinho no povoado dos Costas, a 10 km do município e também a Cachoeira do Zé Pinto, a 7 km da sede, no povoado de Boca Calada.
          No povoado de Santana a 8 km da sede, está a Cachoeira do Geraldão. Tem ainda a Cachoeira das Lages, um pouco mais longe, a 20 km da cidade de Belo Vale, no povoado de Lages e a Cachoeira do Mascate, dentre outras tantas.
          Belo Vale (na foto acima de Evaldo Itor Fernandes) tem muitos encantos, naturais e arquitetônicos que vale a pena serem descobertos pelos mineiros e brasileiros. Uma das primeiras povoações de Minas Gerais, com uma rica e diversificada história e arquitetura, um povo gentil e acolhedor, merece ser conhecida, desvendada e visitada.

sábado, 15 de janeiro de 2022

A tradição da Festa do Divino em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Por tradição, a Festa do Divino Espírito Santo é realizada 50 dias após a Páscoa, entre agosto e setembro. Algumas cidades podem realizar a festa em meses diferentes, de acordo com sua tradição e história.
          É uma das mais antigas tradições religiosas da humanidade, que antecede a cristandade. Tem origem no Oriente Médio. Nos dias de Pentecostes, no fim da colheita, os israelitas agradeciam a fartura e distribuíam parte da colheita ao povo, conforme ordenança divina. É uma das mais antigas tradições religiosas da humanidade, que antecede a cristandade. Tem origem no Oriente Médio. Nos dias de Pentecostes, no fim da colheita, os israelitas agradeciam a fartura e distribuíam parte da colheita ao povo, conforme ordenança divina (na imagem acima de Ane Souz decoração da Festa do Divino em Mariana MG).
          A celebração israelita foi incorporada pela Igreja Católica na Idade Média, passando a festa ser a comemoração da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, nos primórdios da era cristã. Na cristandade, o Espírito Santo é simbolizado em forma de uma pomba branca.(fotografia acima de Giselle Oliveira a Capela de Nossa Senhora do Amparo, construída na primeira metade do Século XVIII é conhecida ainda por Capela Imperial, por ser a sede da Festa do Divino em Diamantina MG)
          Segundo a fé cristã, o Divino Espírito Santo não é um santo ou um padroeiro e sim uma divindade, que junto a Deus e Jesus Cristo, forma a Santíssima Trindade.
A tradição milenar da Festa do Divino
          Na Festa do Divino, os devotos fazem pedidos e promessas ao Divino Espírito e também, agradecem pelas bênçãos, colheita e fartura. (acima, a Festa do Divino em Diamantina MG, registrada por Giselle Oliveira)
          É uma festa totalmente diferente das festas cristãs tradicionais, como conhecemos. As festas religiosas, comemoram um fato que aconteceu no passado, como vitórias em batalhas, o nascimento, a morte ou os feitos de um santo, um líder religioso ou mesmo, um herói.
          A Festa do Divino Espírito Santo, não reverencia o passado ou os feitos de alguém, e sim, o futuro. É algo que vai acontecer. É a celebração do Reino de Deus. Um mundo justo, fraterno, de paz, que virá através da ação do Espírito Santo de Deus em nossas vidas e no mundo.
          Ao longo dos séculos, essa tradição foi preservada e se estendeu pela Europa, durante a Idade Média. Era uma forma de agradecimento pela colheita e um momento de caridade coletiva, pois os devotos eram exortados a ajudar os mais necessitados com doações.
          A devoção ao Divino Espírito Santo passou a se tornar festa, na Alemanha, tornando-se tradição nesse país. A festa se expandiu para vários países da Europa, como Portugal.
          No país lusitano, a devoção ao Divino Espírito Santo foi instituída pela Rainha Isabel (1271/1336, posteriormente canonizada pela Igreja Católica como Santa Isabel de Portugal.
A Festa do Divino Espírito Santo
          A Festa do Divino, em sua origem no Brasil, consistia na escolha de uma pessoa, seja adulta ou criança, como Imperador do Divino. Com as bênçãos do Espírito Santo, a pureza invadia o coração do escolhido, e sua benevolência trazia fartura, paz, perdão e prosperidade. Cheio do Espírito Santo de Deus, o Imperador do Divino, se tornava mais bondoso e benevolente. Distribuía alimentos aos mais necessitados, promovia justiça, dentre outras benevolências. (na foto acima de Ane Souz, Festa do Divino e de São Bartolomeu em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG)
          Na tradição original, o Espírito Santo é simbolizado por uma pomba branca, com bandeira de uma pomba, hasteada em um mastro colorido. O ritual simboliza o recebimento dos sete dons, de quem recebe suas bênçãos que são a piedade, o temor a Deus, a ciência, a sabedoria, a fortaleza, o conselho e o entendimento.
          A Festa do Divino Espírito Santo, chegou ao Brasil no século XVII, pelos portugueses. Com o tempo, a devoção ao Divino Espírito Santo, saiu dos casarões e igrejas suntuosas da fidalguia, para as camadas mais simples do Brasil, se tornando popular, principalmente, a figura do Imperador, já que era o Imperador do Divino, que recebia os dons do Espírito Santo e distribuía benevolências.
          De tão popular que era a figura do Imperador do Divino, representado na festa, que serviu de inspiração para José Bonifácio Andrada, mudar a nominação monárquica do Brasil, em 1822. Em Portugal e na Família Real portuguesa, não existia o título de imperador ou imperatriz e sim, rei e rainha.
          Dom Pedro I não foi coroado Rei do Brasil e sim, Imperador do Brasil. O objetivo era popularizar a figura do líder do Império brasileiro, Dom Pedro I, ligando a figura do Imperador, à popularíssima figura do Imperador do Divino.
A Festa do Divino em Minas Gerais
          A devoção ao Divino se tornou uma das mais importantes festas religiosas portuguesas, tendo sido introduzida no Brasil no século XVII, tornando-se uma das mais populares festas religiosas e folclóricas do Brasil, principalmente em Minas Gerais, onde a Festa do Divino é uma das maiores identidades culturais do Estado. (na foto acima de Carias Frascoli, o símbolo do Divino Espírito Santo em Elói Mendes MG)
          As comunidades se organizavam em grupos, geralmente entre parentes, vizinhos e amigos mais próximos e formavam os chamados “cortes”.
          O objetivo dos cortes é o de reverenciar o Divino Espírito Santo, preservar a tradição, agradecer bênçãos, visitar os lares dos fiéis, entoando cantos e fazendo rezas, além de arrecadar fundos, através de doações, para suprir a carência da própria comunidade.
          Em pouco tempo, se tornou uma das mais populares festas da religiosidade brasileira, principalmente mineira, já que o Estado, recebeu um grande número de portugueses, durante o Ciclo do Ouro. Os portugueses trouxeram sua gastronomia, arquitetura, cultura, música, vestuário, artesanato e tradições religiosas para Minas Gerais.
          Embora sua origem seja estritamente religiosa, tendo em sua essência novenas, missas e procissões, no Brasil e em Minas Gerais, a festa recebeu elementos da cultura local, de acordo com as características de cada região do país. Além de festa religiosa, tornou-se festa folclórica, devido a incorporação de elementos culturais dos negros, índios e portugueses.
          Em Minas Gerais, a Festa do Divino Espírito Santo é registrada como Patrimônio Imaterial de várias cidades mineiras de tão importantes que é para cultura e histórias dessas cidades.
          Durante a festa, que dura em média, 10 dias, é levantado um mastro, pelos homens, nos dias que antecede a Páscoa, simbolizando a força masculina e o início do período da Festa, que acontece 7 semanas após a Páscoa cristã. No última dia da Festa, é feito o descerramento da bandeira do Divino do mastro, simbolizando o encerramento da Festa.
          Nesse tempo, os membros dos cortes preparam suas roupas, seus instrumentos musicais, ensaiam os cânticos, coreografias e buscam doações da comunidade para preparem a festa.
          Nos dias da Festa do Divino, os membros da corte, formados por grupos de Congadas, Marujadas, Moçambiques e Folias de Reis, se reúnem, cantam e dançam pelas ruas da cidade, parando nas casas para recolherem ofertas e doações dos devotos.
          À frente do cortejo está a Corte Imperial, com figurinos vestidos com roupas coloridas e luxuosas, do tempo do Império, representando o imperador, imperatriz, príncipes e princesas, escolhidos pela comunidade.
          Toda a comunidade cristã participa da festa, seguindo a corte, aplaudindo, rezando e soltando foguetes
          A comunidade organiza as quermesses, no entorno da Igreja do Divino, bem como também, nas casas, onde a Corte passará. Quermesse são comidas e bebidas típicas de cada cidade e região, preparadas pela comunidade, seja em barracas ou mesmo, em suas casas.
          Em algumas cidades, durante a Festa do Divino, são realizadas as tradicionais encenações das batalhas entre Cristãos e Mouros, na Idade Média, as cavalhadas. É uma incorporação brasileira, à festa, bem como os mascarados que participam da festa, com o rosto e corpo todo cobertos, a pé ou a cavalo.
          No tempo da Escravidão no Brasil, os escravos não podiam participar das festas e como forma de devotar ao Divino Espírito Santo, usavam máscaras e roupas que os cobriam por inteiro, para não serem reconhecidos. Virou tradição e faz parte da Festa do Divino.
          Durante os dias da Festa do Divino, outros eventos foram incorporados aos festejos tradicionais, como shows, apresentação de fanfarras, bandas e corais locais, cavalgadas, carreadas de bois, mostra de artesanatos, barraquinhas com comidas e bebidas típicas, são feitos leilões para arrecadar fundos para a comunidade, dentre outras atividades, de acordo com as tradições de cada cidade.
A Festa do Divino é tradição secular, presente em Minas Gerais há mais de dois séculos.
          São centenas de cidades mineiras onde a Festa do Divino é tradicional e faz parte do calendário folclórico, cultural e litúrgico.
          Citaremos apenas algumas, como exemplo, como as cidades de Porteirinha, Espinosa, Montes Claros, Lontra, Cristália, São Romão e Espinosa (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) no Norte de Minas.
          No Vale do Jequitinhonha, a Festa do Divino é bastante popular, em Francisco Badaró, Coronel Murta, Turmalina e Veredinha (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade).
          Na Zona da Mata, a festa é uma das maiores festividades religiosas nas cidades de Juiz de Fora, Ubá, Leopoldina, Belmiro Braga, Lamim, Piau, Mar de Espanha, Divino e Divinésia (na foto acima do Pedro Henrique.
          Belo Horizonte, Lagoa Santa, na Grande BH. Divinolândia de Minas, Divino das Laranjeiras e Carmésia (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) no Vale do Rio Doce
          Barbacena no Campo das Vertentes, Cristina, Alterosa, Claraval, Varginha, Campanha, Pratápolis, Elói Mendes e Delfinópolis, no Sul de Minas.
          Tem ainda Uberaba e Uberlândia no Triângulo Mineiro, Patos de Minas, no Alto Paranaíba, Curvelo, Sete Lagoas e Quartel Geral, na Região Central e Divinópolis, no centro Oeste. 
          Nessas cidades a Festa do Divino, é uma de suas mais importantes festividades religiosas. Toda a comunidade católica se envolve na festa, ajudando nos adornos e preparativos.
Há 300 anos em Minas
          Introduzida em Minas Gerais, durante o Ciclo do Ouro no século XVIII, pelos portugueses que para o Estado vieram, nas cidades históricas mineiras, a Festa do Divino Espírito Santo é uma das mais populares e tradicionais das cidades formadas nos séculos XVIII e XIX.
          Nas cidades histórica, como Ouro Preto, Minas Novas, Datas  (na foto acima de Elpídio Justino a Matriz do Divino de Datas), São João Del Rei, Ouro Branco, Sabará e Diamantina, a Festa do Divino é um secular e com forte participação popular.
          A festa nessas cidades, mobiliza os moradores, bem como faz parte da identidade cultural dessas cidades.
          Através desta Festa do Divino, o povo mineiro revive sua história, demonstra sua fé e mostra seus sabores e saberes tradicionais.
Diamantina 
          Em Minas Gerais, a Festa do Divino Espírito Santo, tem como protagonista, a cidade histórica de Diamantina (na foto acima da Giselle Oliveira).
          A cidade histórica, Patrimônio da Humanidade desde 1999, revive a época do Império Brasileiro, com figurinos rigorosamente representando a Família Real Brasileira e todo o cortejo e cortes, seguindo a Corte Imperial.
          Diamantina realiza há mais de 200 anos, geralmente no mês de maio, é uma das mais belas, emocionantes e originais festas do Divino no Brasil. A Festa do Divino é tão importante pra Diamantina que, desde 2014, é reconhecida como Patrimônio Imaterial da cidade.
          Em Minas Gerais, a Festa do Divino Espírito Santo é mais que uma festa religiosa, é uma das maiores identidades culturais, folclóricas e históricas do Estado.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

A cidade de Datas e a Festa do Divino

(Por Arnaldo Silva) No Alto Jequitinhonha, a 1.197 metros de altitude, distante 272 km de Belo Horizonte, está a pequena, aconchegante e acolhedora, Datas, uma das mais belas cidades históricas de Minas Gerais.
          Com cerca de 5.500 habitantes, a charmosa cidade do Vale do Jequitinhonha, faz divisa com os municípios de Diamantina a 24 km, Serro a 55 km, Presidente Kubitschek a 29 km, Conceição do Mato Dentro a 110 km e Gouveia a14 km de distância. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
Breve história
          Com a descoberta de ouro e diamante na região do Tijuco, hoje Diamantina, no século XVIII, a Coroa Portuguesa passou a emitir um título de concessão de lotes de terras para mineração. Esse título era chamado de “Datas D´el Rei”, porque era assinado, pelo Rei de Portugal.
          No início do século XIX, a expansão aurífera se expandiu para os arredores do Arraial do Tijuco. Na região onde está o município de Datas, foram encontrados ouro e diamante. Por esse motivo, vários desses títulos de posse e autorização para exploração mineral foram liberadas pela Cora Portuguesa. Com o título em mãos, mineradores, com seus escravos, começaram a atuar em suas datas na exploração mineral e também na agricultura.
          A partir de 1825, com o crescimento da exploração de ouro e diamante nas datas, começaram a chegar à região garimpeiros e aventureiros, vindos de várias regiões do Brasil. Além desses, vieram portugueses, como pedreiros, carpinteiros, barbeiros, ourives, alfaiates e comerciantes lusitanos de vários ramos comerciais. Vieram atraídos pela riqueza que o ouro e diamante, proporcionavam.
          Com a presença crescente desses povos, foi se formando um próspero povoado, popularmente chamado de Datas D´el Rei, devido à grande quantidade de Datas, liberadas pela Coroa Portuguesa na região.
          Graças ao ouro e diamante e a fé no Divino Espírito Santo, o arraial de Datas D´el Rei, crescia e prosperava.
          Após a Independência do Brasil, em 1822 e fim do domínio português, Datas D´El Rei passou a ser Ribeirão Datas, Espírito Santo de Datas e simplesmente, Datas, o nome popular do arraial desde sua origem.
          Em 1866, a Igreja do Divino Espirito Santo é elevada a Paróquia, novamente, confirmada como paróquia do Espírito Santo das Datas, em 1873.
          Em 14/09/1891, Datas é elevada à Vila, com o nome de Datas do Espírito Santo, subordinada a Diamantina. Em 7/09/1923, o nome da Vila volta a ser Datas.
          Finalmente, em 30/12/1962, pela lei estadual nº 2764, o distrito é desmembrado de Diamantina, tonando-se município independente, com seu nome original, Datas, sendo mantido. No dia 1º de março de 1963 o município é instalado oficialmente, passando ser essa data, a oficial de fundação de Datas MG.
Economia, turismo e religiosidade
          Se antes a economia do município tinha com base a mineração do ouro e diamante, hoje é a agricultura, a principal atividade econômica de Datas.
          Na agricultura destaque do município para a agricultura familiar e principalmente, o cultivo de morangos. A cidade é uma das maiores produtoras de morangos de Minas. Sim, no Vale do Jequitinhonha, cultiva-se morango. 
          Pra quem não sabe, o maior produtor de morangos do Brasil é Minas Gerais, que produz 65% dos morangos consumidos no país. (imagem ilustrativa acima de Ézio Donizete)
          Datas possui terras de alta qualidade, além de condições climáticas favoráveis ao cultivo de morangos e frutas diversas. Isso devido a altitude do município, no topo da Cordilheira do Espinhaço, a quase 1200 metros, acima do nível do mar. (na foto acima do Wilson Fortunato, orquídea nativa na Serra do Espinhaço)
          Os dias são ensolarados no verão, mas não muito quentes. Já as noites bem frias, seja no verão ou inverno.
          A temperatura média no inverno fica entre 12 e 16 graus, chegando abaixo de 10 graus, nos dias mais frios desta estação. Nos dias mais quentes, a temperatura média fica entre 23 e 27 graus. Seu clima é Tropical de Altitude tipo Cwb, portanto, ameno em boa parte do ano.
          As condições climáticas de Datas, favorecem bastante o cultivo de morangos e outras frutas.
          Além disso, a cidade possui uma boa estrutura urbana, um comércio pequeno, mas variado, um bom setor de serviços, pousadas e hotéis aconchegantes, bem como, restaurantes com comidas típicas. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Datas se destaca no turismo de aventuras, graças às suas belezas naturais, como as cachoeiras de Cubas e do Ribeirão, o Córrego do Ouro com suas quedas, formando pequenas cachoeiras, as pinturas rupestres da Lapa Pintada, no distrito de Palmital, trilhas por matas nativas, além de seu rico e valioso artesanato em madeira.
          A arquitetura da cidade chama a atenção por seus belíssimos, majestosos e bem conservados casarões coloniais.
          Além disso, a sede da Prefeitura Municipal, (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) a Biblioteca Caldeira Brant é um ponto interessante da cidade, bem como a Praça 1º de Março, a Praça Tiradentes e o Coreto da Praça do Divino (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade).
          Duas pequenas e singelas capelas, são atrativos religiosos, históricos e arquitetônicos da cidade: a Capela de Nossa Senhora do Rosário, uma típica construção colonial, localizada no Centro da cidade e a Capela de Nossa Senhora da Conceição.
          Conhecida por Capela de Santa Cruz ou simplesmente, Capelinha, a Capela de Nossa Senhora da Conceição é um bem de alto valor cultural e histórico da cidade. Por esse motivo, foi tombada pelo município como Patrimônio Histórico de Datas, em 2005, bem como a imagem de Nossa Senhora da Conceição, esculpida em madeira policromada. A capelinha fica na Praça de Nossa Senhora da Conceição.
          O maior destaque, arquitetônico, histórico e religioso de Datas é sem dúvida, a Matriz do Divino Espírito Santo (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade).
          Datada de 1870, em substituição à antiga capela da Vila, a arquitetura da Matriz é singular e única na arte colonial mineira. Sua fachada, em estilo neoclássico francês, faz da igreja, uma das mais atraentes e belas de Minas Gerais. É uma obra de arte em cores, entalhes e detalhes de suas talhas!
          Seu projeto arquitetônico é atribuído ao francês, Félix Guizar, bem como os belíssimos entalhes neoclássicos, que ornamentam o interior da Igreja.
          É uma obra com um padrão artístico raro e único na arquitetura do final do século XIX, estando numa praça charmosa, rodeada por um casario atraente e bem cuidado.
          Em torno da Matriz do Divino, acontece os principais eventos sociais, culturais, religiosos e folclóricos da cidade. Um desses eventos é a Festa do Divino Espírito Santo. (fotografia acima de Anderson Sá)
          Registrada como Patrimônio Imaterial de Datas é uma das mais importantes festas culturais da cidade e uma das mais tradicionais e originais de Minas Gerais.
          A Festa do Divino Espírito Santo, mobiliza a comunidade Católica de Datas, numa demonstração de fé e preservação de suas raízes culturais e folclóricas. É uma das maiores identidades culturais da cidade.
Conheça Datas
          Datas é uma cidade única em Minas. (na foto acima a Giselle Oliveira, a beleza noturna da Matriz do Divino)
          Pequena, mas com um enorme coração para receber os visitantes. Cidade agradável, tranquila, recebe os visitantes e turistas de braços abertos.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

O velho e o novo caminho da Estrada Real

(Por Arnaldo Silva) Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, surgiu a necessidade de construir uma estrada, que levasse as riquezas retiradas do subsolo mineiro, para o porto mais próximo. Com essa finalidade, em 1694, no final de século XVII, foi criada a Estrada Real. A estrada tinha início em Vila Rica, hoje Ouro Preto, rumo ao porto de Paraty, no Rio de Janeiro e seguia com destino a Europa. Ao longo do trecho da Estrada Real, povoados e cidades foram surgindo.
          Os caminhos que abriram a passagem de nossas riquezas, foram abertos por escravos e foi palco de grandes eventos históricos do Brasil Colônia, por exemplo, a Inconfidência Mineira, liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. (na foto acima, da Leandro, o marco da Estrada Real em Glaura, distrito de Ouro Preto MG e abaixo, de Arnaldo Silva, também em Ouro Preto, o marco da ER em Chapada de Ouro Preto, subdistrito de Lavras Novas)
          O trajeto inicial da Estrada Real, tinha um percurso de 710 km de extensão, iniciando em Ouro Preto, passando, várias cidades mineiras, como exemplo: Mariana, São João Del Rei, Tiradentes, Rio das Mortes, Entre Rios de Minas, Ibituruna, Lagoa Dourada, Resende Costa, São Tiago, Prados/Bichinho, Carrancas, São Tomé das Letras, Cruzília, Caxambu, Baependi, Aiuruoca, Alagoa, Maria da Fé, Conceição do Rio Verde, Pouso Alto, Itanhandu, Passa-Quatro, dentre outras.
          A Estrada Real, segue, a partir da Serra da Mantiqueira, para São Paulo, passando, por exemplo, por Guaratinguetá, Aparecida, Taubaté, Cunha, Ubatuba (na foto acima de Arnaldo Silva) e terminando em Paraty, no Rio de Janeiro (na foto abaixo de Arnaldo Silva), na divisa com São Paulo. Era um percurso longo, que levava em média, 90 dias para ser concluído, só de ida.
          As pedras preciosas de Minas, seguiam para Paraty, em carros de bois. Iam em comboios, abarrotados de ouro e diamantes. Voltavam também abarrotados, mas de pedras para calçamento de ruas, móveis, vinhos, queijos, trigo, utensílios domésticos, animais como porcos, galinhas e gado, e outras coisas mais, que viam de navio de Portugal, para atender a Corte e os portugueses que aqui viviam.
          Em 1701, com o aumento da mineração e descobertas de novas minas, em Minas Gerais, a Coroa Portuguesa, criou um novo caminho, saindo da baía de Guanabara, entrando em Minas pela Zona da Mata Mineira, passando por cidades como Petrópolis, Paraíba do Sul, Inhaúma, Iguaçu, Rio Paraíba e Rio Paraibuna, no Rio de Janeiro. 
          Já em Minas, o caminho continuava por Simão Pereira e seguida por várias outras cidades, como Matias Barbosa (na foto acima da Luciana Silva), Juiz de Fora, Santos Dumont, Barbacena, Santana dos Montes, Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Itatiaia, distrito de Ouro Branco, por fim, Ouro Preto.
          Chamado de Caminho Novo, sua extensão era de 515 km e tinha como objetivo, escoar com mais rapidez a produção mineral vinda de Minas Gerais.
          Com a descoberta de ouro e diamantes na região do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina, em 1729, o Caminho Novo foi estendido a partir de Ouro Preto, até Diamantina, passando pelo Serro Frio, com seu ponto de ligação em Itapanhoacanga, conhecido como Caminho dos Diamantes. (na foto acima do Tharlys Fabrício, ao fundo, a casa em que viveu Chica da Silva e o Contratador João Fernandes, em Diamantina MG)
          Somando com a extensão do Caminho Velho e Caminho Novo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a Estrada Real tem uma extensão de 1235 km, passando por 179 povoações, entre cidades, vilas e distritos, que foram surgindo às margens da Estrada Real, nesses três estados. (na foto acima de Raul Moura, a sede da Prefeitura da cidade do Serro MG)
          Em sua maioria, as cidades e povoações da Estrada Real, tanto do Velho e Novo caminhos, estão em Minas Gerais. São163 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 8 em São Paulo, uma delas é a cidade de Aparecida, na foto acima do Rosário Salgado.
          Somando os 710 km do Caminho Velho, com os 515 km do Caminho Novo da Estrada Real, com o trecho do Caminho dos Diamantes, com 395 km de extensão, que ligava Diamantina a Ouro Preto e do Caminho do Sabarabuçu, com 160 km de extensão, que ligava Catas Altas (na foto acima do Marley Mello) a Glaura, distrito de Ouro Preto, a extensão total da Estrada Real, seria de aproximadamente 1790 km.
          As cidades que existiam ou surgiram ao longo desses caminhos, são tradicionais, históricas, turísticas, repletas de belezas arquitetônicas e naturais, além de ricas em história, culinária, tradição, folclore, religiosidade e cultura. (na foto acima de Peterson Bruschi, o imponente prédio construído no século XVIII para abrigar a Casa da Câmara e Cadeia de Vila Rica. Hoje é o Museu da Inconfidência de Ouro Preto)
          Como exemplo disso, estão as cidades de Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, Serro, São João Del Rei e Itapanhoacanga (na foto acima da Luciana Silva), um dos mais ricos e importantes garimpos de ouro da região do Serro Frio. Distrito de Alvorada de Minas, no Jequitinhonha, Itapanhoacanga ligava Diamantina MG, no Caminho dos Diamantes, à Estrada Real, em Ouro Preto.
          Os Caminhos da Estrada Real não contam apenas a história das riquezas minerais de Minas, mas a história de gente, importante ou não, que percorreram esses caminhos, como Dom Pedro I e II, autoridades da Corte, pelos Inconfidentes, por gente do povo, escravos e tropeiros, enfim, são caminhos que contam boa parte da história do Brasil Colônia. Por isso, a Estrada Real é de grande valor para a história, cultura e turismo de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
          São caminhos que, além da história, guardam verdadeiros tesouros de nossa história, como por exemplo, Ouro Preto, Paraty/RJ, Lagoa Dourada, onde estão as ruínas do Forte dos Emboabas e Paraíba do Sul/RJ (na foto acima de Luciana Silva), cidade onde Tiradentes esteve presente, em várias ocasiões, além da cidade guardar restos mortais do Mártir da Inconfidência Mineira.
          Todas as cidades, vilas e distritos da Estrada Real são atraentes, charmosos e acolhedores. Revelam culinárias típicas, um artesanato riquíssimo e variado, principalmente em Minas Gerais, além da religiosidade, fé e tradições regiões centenárias. (na foto acima do Arnaldo Silva, a charmosa Vila de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG)
          Sem contar as belezas arquitetônicas dessas cidades, que além de encantar, impressionam. São construções que mostram as belezas originadas pelas riquezas, presentes nas igrejas ornamentadas com ouro puro, casarões urbanos e rurais. (na foto acima do César Reis, o reluzente altar-mor da Matriz de Santo Antônio em Tiradentes MG)
          Essa riqueza permaneceu evidente, no século XX, com construções imponentes, como palácios, citando como exemplo o Palácio Quitandinha, em Petrópolis/RJ (na foto acima da Luciana Silva), construído a partir de 1941 e até castelos em estilo medieval, como o Castelo do Barão de Itaipava, em Petrópolis, construído entre 1922/24 (na foto abaixo da Luciana Silva).
          Além disso, em todas as cidades da Estrada Real, encontra-se belezas naturais de tirar o fôlego, como sítios arqueológicos, cachoeiras, montanhas, rios, matas nativas, além de uma fauna e flora riquíssimas.
          Além disso, três cidades da Estrada Real são hoje, Patrimônios da Humanidade. Ouro Preto, Diamantina e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos (na foto acima da Elvira Nascimento), em Congonhas, todas em Minas Gerais. Essas três cidades são dotadas de uma riqueza arquitetônica e cultural impressionantes. Não é por menos, que são patrimônios da humanidade.
          A Estrada Real revela belezas (como na foto acima, de Paulo Santos, estrada para Itamonte, no Sul de Minas), tanto naturais, quanto arquitetônicas e principalmente história. 
          Em todas as cidades, vilas e povoados, da Estrada Real, o marco símbolo da ER estará presente. É a identificação da Estrada Real. Vale pena viajar e conhecer todos os caminhos da Estrada Real.

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