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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O plantio de uvas no Norte de Minas

(Por Arnaldo Silva) Desde que uvas foram introduzidas no Brasil, a crença de que essa fruta se adaptava somente a clima frio, propícia para as regiões do Sul do Brasil, Chile e Argentina, se tornou quase que uma verdade absoluta durante décadas. Mas, sempre ao longo da história tem um “mas”, alguém duvidou dessa máxima e resolveu plantar uva no Norte de Minas Gerais, região de clima seco, árido e com grande escassez de água e de intensos dias de sol e calor.
          No Sul de Minas, região com clima parecido com o do Sul do país, a plantação de uvas existe desde o início do século passado, introduzidas por imigrantes italianos como em Andradas, considerada a terra do vinho em Minas. (foto acima de Luís Leite, parreiras da Vinícola Casa Geraldo em Andradas MG) Uvas e vinhos de qualidade se destacam também em Três Pontas e Caldas, também no Sul de Minas.
          Já no Norte do Estado, a qualidade da uva impressiona, destacando as plantações em Pirapora com uma crescente produção de vinhos de qualidade no clima quente e árido Norte Mineiro (na foto acima de Sérgio Mourão)
          No município de Jaíba, onde está o projeto de Irrigação do Jaíba, considerado o maior projeto de irrigação da América Latina, uvas das variedades de mesa Niágara, Benitaka, Vitória, Isabel e Núbia são cultivadas com sucesso. São mais doces que as mesmas variedades plantadas em climas frios. (fotografia acima de Maria Mineira)
          O que faz as uvas do Norte de Minas serem mais doces que as de clima frio são exatamente o clima quente da região. Em Jaíba, a temperatura média anual é de 24,2 graus, com mínima de 14,8 graus e máxima de 34 graus.
          Mesmo com o clima quente, a produtividade das variedades de uva de mesa são as mesmas das de clima frio. A diferença é que o plantio de uvas em clima quente requer maior investimento em irrigação, devido à escassez de chuvas. Em Jaíba, o sistema de irrigação das plantações de uvas é feito por gotejamento. Por outro lado, graças à intensa luz do sol da região, as frutas apresentam um sabor melhor, devido à proporção maior de açúcar natural na fruta (brix). (fotografia acima e abaixo de Maria Mineira)
          O sol e calor do Norte Mineiro faz com que as pragas que costumam atacar os parreirais em climas frios são menores, reduzindo assim o uso de defensivos agrícolas, oferecendo ao consumidor um produto com menos riscos à saúde. 
          Outra vantagem é que com o investimento em novas tecnologias, as plantações produzem a fruta praticamente o ano todo, diferente das variedades plantadas em climas frios, que são colhidas apenas na safra, que vai de dezembro a março. Isso faz com que as frutas da região Norte de Minas tenham melhor valor de mercado na entressafra. (foto abaixo de Sérgio Mourão em Pirapora MG)
          Após a colheita, as uvas saem da região já devidamente embalada e transportada em caminhões refrigerados, direto para o mercado consumidor de várias cidades e regiões brasileiras como Belo Horizonte, Triângulo Mineiro, Goiânia, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e outras cidades do interior paulista.

Queijo maturado no café

(Por Arnaldo Silva) Queijo com café é bom demais, agora, imagina queijo maturado no café? Essa é a técnica que o meu amigo Eudes Cerrado de Uberlândia aprendeu, me passou a receita e as fotos do queijo que maturou nesse processo e divido com vocês. O processo é bem simples.
Primeiro você vai fazer um café, sem açúcar, coado, no coador de pano de preferência. Escolha um café de qualidade.
- Espere o café esfriar. 
- Quando estiver frio, coloque o café num saco plástico resistente e coloque um queijo inteiro, de sua preferência, fresco ou meia cura (o queijo não pode estar duro e nem estar soltando soro).
- Amarre bem o saco para não vazar e coloque na geladeira por 5 dias.
- Nesse período, vire o queijo 2 vezes ao dia.
- Depois desse período, retire o queijo, coloque-o para secar ao natural, virando-o duas vezes ao dia entre 10 e 15 dias.
- Se quiser uma casca mais dura, pode deixar por mais tempo.
- Comer com a casca fica ótimo.
- Se quiser, pode tirar a casca e comer a parte branca.
É bem simples a técnica e o queijo fica saboroso.
Fotos e Receita de Eudes Cerrado - Uberlândia MG

sábado, 5 de dezembro de 2020

Maringá MG: a vila turística mineira

(Por Arnaldo Silva) Maringá é um pitoresco, acolhedor, charmoso e simplesmente apaixonante distrito, com características arquitetônicas das charmosas vilas italianas. Quem conhece, planeja logo voltar. É um lugar único e singular, bem no extremo sul de Minas Gerais. 
         Maringá MG é distrito de Bocaina de Minas, município mineiro distante 380 km de Belo Horizonte, fazendo divisa com os municípios de Aiuruoca, Alagoa, Carvalhos, Itamonte, Liberdade e Passa Vinte em Minas Gerais e Itatiaia e Resende, cidade fluminense onde está o distrito de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Em Visconde de Mauá, distrito de Resende RJ, existe uma outra vila com o nome de Maringá. É a Maringá RJ.
          As duas “Maringás” são separadas apenas por uma ponte, sobre o Rio Preto (na foto acima da Luciana Silva), já que Bocaina de Minas, onde está Maringá MG e Resende, onde está o distrito de Visconde de Mauá e a Vila Maringá RJ, fazem divisa. (fotografia acima e abaixo da ponte sobre o Rio Preto, em Maringá MG)
          São apenas alguns metros que separam as duas vilas, que ficam entre as margens deste rio. Quem vem a Maringá de Minas, claro, vai à Maringá RJ. É literalmente logo ali, num pulinho só.
         Maringá MG surpreende por sua arquitetura singular, atraente e charmosa, com traços arquitetônicos europeus, com seus restaurantes e bares servindo os mais finos pratos mineiros e em especial, da cozinha italiana, além da riqueza impressionante do artesanato expostas nas diversas lojas da Vila. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Sem contar suas belezas naturais, já que Bocaina de Minas, a sede e Maringá de Minas, seu distrito, estão na Serra da Mantiqueira, a 1210 metros de altitude (na foto acima do Paulo Santos). São belíssimas e convidativas paisagem, rios, cascatas e cachoeiras que formam poços de águas cristalinas e geladas. 
          A própria vila é dotada de um romântico e charmoso casario, além de boa estrutura para passeios e práticas esportivas ao ar livre, como passeios de quadriciclos, da prática de boia cross sobre as águas do Rio Preto e outras atividades esportivas em meio a natureza. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Tem ainda as pousadas atraentes e aconchegantes e a culinária típica mineira, mas também, variada como pizzarias, churrascarias e restaurantes com pratos diversos como truta e outros peixes de água doce. (fotografia acima de Luciana Silva)
          O artesanato em Maringá de Minas é variado e rico em detalhes, como podem ver na foto acima da Luciana Silva, uma das várias lojas de artesanatos da vila.
          Sem contar charmosas chocolaterias, onde são feitos deliciosos chocolates finos, saborosos e de dar água na boca. (foto acima de Luciana Silva). Tem ainda a Casa das Velas, parada obrigatória para os visitantes. São velas únicas, especiais, feitas artesanalmente
Como chegar a Maringá de Minas
          Para chegar até Maringá de Minas, saindo de Belo Horizonte, o caminho é pela BR-040, com cerca de 440 km de estrada. Da Rodoviária de Belo Horizonte sai ônibus diariamente às 20 horas com previsão de chegada entre 4hs e 5hs da manhã, pela Viação Transnorte. (fotografia acima de Luciana Silva)
          A partir de Bocaina de Minas, a viagem até Maringá de Minas tem cerca de 40 km de distância. Na cidade o visitante pode obter informações e os serviços de guias de turismo para chegar até a Vila e conhecer o Parque do Itatiaia.
Bocaina de Minas 
          Maringá de Minas tem o calor da hospitalidade mineira e o charme das bucólicas vilas italianas, bem como conheça também a acolhedora cidade de Bocaina de Minas (na foto acima do Jerez Costa, a Matriz de Nossa Senhora do Rosário).
          Em Bocaina de Minas se concentra boa parte do Parque Nacional do Itatiaia, além de ser uma cidade charmosa, acolhedora, com um artesanato e culinária riquíssimas, além de inúmeras paisagens naturais, bem como as belezas do Itatiaia.
          Pra quem não sabe, 60% da área total do Parque Nacional do Itatiaia (na foto acima do Paulo Santos) pertence a Minas Gerais, concentrados basicamente em Bocaina de Minas, Itamonte e Alagoa MG. Os outros 40% da área do parque estão nas cidades fluminenses de Itatiaia e Resende RJ.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Alagoa e a história da centenária receita de seu queijo

(Por Arnaldo Silva) Alagoa é uma cidade charmosa, elegante, tradicional, aconchegante e de um povo gentil e hospitaleiro. São pouco mais de 2800 mil habitantes, que vivem do pequeno comércio, da prestação de serviços, da pequena indústria como laticínios, produção de azeite de oliva e queijarias artesanais, além da agropecuária. O município fica no Sul de Minas, a 1132 metros de altitude, no alto da Serra da Mantiqueira. Faz divisa com os municípios de Itamonte, Aiuruoca, Baependi e Bocaina de Minas, estando distante 420 km da capital. Para chegar à cidade, a opção é pela estrada que vem de Itamonte ou por Aiuruoca. (foto abaixo enviada pelo Osvaldo Filho do Queijo D´Alagoa) 
          Embora seja um dos menores municípios de Minas, em número de habitantes, Alagoa é uma das mais antigas povoações mineiras, tendo sua história iniciada em 1710, no século XVII, com a chegada de bandeirantes em busca de ouro. Quando os bandeirantes chegaram à região, encontraram uma enorme lagoa com cerca de 3 km de extensão e ainda, em seu leito, tinha o tão procurado metal, o ouro. A lagoa não tinha nome, era chamada apenas de “a lagoa”. 
          A busca desenfreada pela retirada do ouro foi tão intensa, que da lagoa nada existe. Sobrou apenas o nome pela qual era chamada, “a lagoa” que passou a ser o da cidade, juntando o “a” com “lagoa, ficando, Alagoa, elevada à cidade emancipada em 28 de dezembro de 1962. (foto abaixo enviada pelo Rafael Faria, da queijaria Sítio do Morro)
          A cidade preserva a religiosidade, a cultura, a gastronomia, história e tradições de Minas. Seus moradores tem hábitos tipicamente mineiros. Todos se conhecem e boa parte, tem algum tipo de parentesco. Visita que chega vai logo pra cozinha, tomar café, comer pão de queijo e biscoitos assados no forno do fogão a lenha, tomar aquele café coado em coador de pano e claro, comer queijo.

          Casario colonial bem preservado, ruas calçadas com paralelepípedos. Os poucos carros que circulam em suas estreitas ruas, dividem espaço com as tradicionais charretes ou pessoas montadas em cavalo, pela cidade. Em Alagoa, os dias da semana parecem com os domingos. Dias calmos, sossegados, e tranquilos, rompidos apenas pelo barulho dos sinos da Matriz. (fotografia acima e abaixo de autoria de Marlon Arantes)
          Cidades assim, geralmente passam despercebidas, mas Alagoa é diferente, por um detalhe que a torna famosa e conhecida em Minas, no Brasil e no mundo inteiro: o seu queijo, cuja receita é preservada há mais de 100 anos. Um queijo especial, de sabor único, só encontrado no município e em nenhum outro lugar. 
          No final do século XIX e início do século XX, chegaram ao Brasil centenas de milhares de imigrantes europeus. Alguns desses imigrantes, em especial, dinamarqueses e italianos, vieram para o Sul de Minas.
          Entre esses imigrantes, chegou a Alagoa, Paschoal Poppa, com sua esposa Luiza Altomare Poppa. De origem familiar queijeira, o casal conhecia muito bem a arte de fazer queijos. Perceberam a semelhança do clima das montanhas da Mantiqueira, a qualidade da água e da terra, que permitia uma pastagem de qualidade, além da geologia e da altitude, com as terras italianas. Semelhanças essas que, aliada aos conhecimentos dos italianos sobre a produção de queijos e vontade de, literalmente, pôr a mão na massa, são fatores primordiais para se produzir queijos de qualidade.
          Poppa começou a desenvolver sua receita, inspirada no queijo Parmesão, de Parma, na Itália. Embora tenha percebido semelhanças com o clima italiano, há uma grande diferença entre semelhança e ser igual. Isso porque, em se tratando de queijos, o que define a qualidade, aparência, cor, textura e sabor dos queijos, além da pastagem, manejo de gado, clima e qualidade da água, são as bactérias benéficas presentes no leite e os fungos que se formam durante a maturação e não propriamente dito, uma receita. (na foto abaixo, enviada pelo produtor Renato, a Fazenda Bela Vista, onde se produz o queijo Bela Vista)
          Queijo é um alimento vivo e cada região tem bactérias e fungos lácteos próprios, sendo formados de acordo com as características climáticas da região, bem como a qualidade e manejo do gado. Não é receita que dá textura, cor, característica, aparência e sabor aos queijos e sim bactérias e fungos, formadas durante o preparado e maturação dos queijos.
          Por esse motivo que o queijo feito em Alagoa é o Queijo de Alagoa, com identidade, peculiaridade, com características únicas e próprias, porque as bactérias e fungos presentes nesse queijo, são características de Alagoa, presentes nesta região somente e em nenhuma outra região, por isso é queijo é único.
          Com sua receita, Poppa começou com uma pequena queijaria. em sua propriedade. O negócio foi crescendo, o queijo foi caindo no gosto dos moradores da região. Em parceria como o produtor rural João Luís da Fonseca, construiu três laticínios no município, aumentando a produção e abrindo novos mercados na região, bem como tornando o queijo popular, atraindo o interesse de outros produtores em produzir queijos. Poppa passou sua receita para Gumercindo Ferreira Pinto, que ensinou a seus filhos, passando de pai para filho, de laticínio para laticínio, de família para família, até os dias de hoje. O mesmo aconteceu com outras famílias, que aprenderam a receita de Paschoal Poppa e começaram a fazer queijos e continuam até hoje.
          Aos poucos o Queijo Artesanal de Alagoa foi saindo das divisas alagoense e alcançando outras cidades da região, inclusive cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, na divisa com Minas Gerais. No início, os queijos eram levados por tropeiros, em lombos de burros, cortando a Serra da Mantiqueira. (na foto abaixo, enviada pelo Renato, queijos da Fazenda Bela Vista)
          Assim surgia o Queijo Artesanal de Alagoa, um queijo único no mundo, com sabor inigualável. Hoje, o Queijo Artesanal de Alagoa é a principal identidade gastronômica da cidade.
          Experimentei o Queijo Artesanal de Alagoa e constatei que ele tem um nível maior de umami. Esse nome tem origem japonesa e significa delicioso, saboroso. É o chamado “quinto sabor”, que alguns alimentos especiais, proporcionam e nos fazem descobrir. Alimentos umami se caracterizam por dar água na boca, além de salivar, ao olhar. É aquele alimento que colocamos na boca e demoramos um pouco para engolir, para aproveitar mais o sabor e querer comer mais.
          No caso do Queijo Artesanal de Alagoa, um sabor a mais, diferente e único que desperta o quinto sabor (umami) das pessoas, agradando e aguçando os mais exigentes paladares.
          Seu sabor único e inigualável e seu terroir próprio, são os motivos de tanto sucesso. Terroir (pronuncia-se “terruá) é uma palavra francesa que define um conjunto de características próprias do produto de um determinado lugar, que faz com que a produção local seja única. Em Minas pronunciamos “Trem-ruá”, nominação dada pelo Mestre Queijeiro Túlio Madureira, do Serro MG. 
          No caso de Alagoa, é a combinação das montanhas, pastagens, clima, água, solo, manejo do gado e evidentemente, bactérias e fungos, que resultam no “trem-ruá” próprio e único do Queijo Artesanal de Alagoa. (na foto acima enviada pelo Rafael Faria, Queijo Artesanal de Alagoa Sítio do Morro)
          A centenária receita é guardada com carinho pelos alagoense. A mesma receita pode ser feita em outras cidades, outras regiões com leite de qualidade, mas nunca vai ser igual ao queijo feito em Alagoa, como citei acima, devido às bactérias e fungos, presentes nas regiões, no caso de Alagoa, são bactérias e fungos naturais da região.
          Tem como levar uma receita para outra região ou mesmo fazer a mesma receita em outro país, mas levar fungos e bactérias junto com a receita, é impossível. Pode fazer a mesma receita, seguindo tudo à risca, mas a ausência das bactérias e fungos que caracterizam o queijo, fará que o sabor, textura e até a cor, sejam diferentes, pode até lembrar ou parecer, mas igual, com certeza, nunca será. É isso que define o terroir ou o nosso trem-ruá.
          Das queijarias de Alagoa, dezenas de produtores preservam a tradição da produção de queijo em família e a receita original e centenária do Queijo Artesanal de Alagoa. Mesmo com as atuais exigências legais e sanitárias, dos maquinários modernos usados para fazer os queijos hoje, do trabalho que dá fazer, aguardar a maturação e comercializar os queijos, continuam a produzir um queijo de altíssima qualidade, mantendo o sabor único, tradicional e original dos queijos, desde 1920.
          Ainda tem as famílias alagoenses que produzem seus queijos da forma tradicional, exatamente como no século passado, totalmente artesanal. (na foto abaixo do Jerez Costa, o Queijo D´Alagoa, do produtor Osvaldo Filho)
          O começo da produção do queijo artesanal começa já na pastagem. Tem que ser capim de qualidade, bem como a água, tem que ser limpa e pura, preferencialmente, água vinda direto da mina. Pastagem e água de má qualidade, interferem no sabor do leite, e como consequência, no sabor do queijo.
          O queijo é feito com leite cru, fervido no fogão a lenha. O fermento sai da própria produção que sobra do produto. Os vasilhames usados para produzir o fermento não são lavados com detergentes, para não alterar o ácido e prejudicar a formação do fermento, que é feito num dia e usado no dia seguinte.
          Em seguida o queijo é colocado em gamelas bem limpas, de madeira de pinho, ótimas para conservar melhor o queijo, além de fazer com que a massa absorva a cor da madeira, dando ao queijo uma cor amarela, e ainda, ajuda na maturação. Resumidamente, esse é o processo de produção do Queijo Artesanal de Alagoa.
          O queijo está presente na vida do povo mineiro desde o século XVIII. É uma das principais identidades de Minas Gerais e Alagoa tornou-se uma das principais regiões queijeiras do Estado, justamente pela qualidade de seus queijos, reconhecida e premiados em nível estadual, nacional e internacional. 
          Destaques para os queijos da Fazenda Bela Vista, do produtor Renato, medalha de ouro no último concurso internacional do Mondial Du Fromage, a copa do mundo dos queijos, realizado na França em 2019, além do Queijo D´Alagoa, do produtor Osvaldo Filho, medalhas de prata e bronze, no mesmo concurso. O mesmo queijo, do Osvaldinho, como é conhecido, foi eleito o Queijo do Ano em 2018, em São Paulo. (na foto acima, enviada pelo Osvaldo Filho, o Queijo D´Alagoa, marcando presença em París/França)
          Outros produtores do município, vem entrando no mundo dos queijos artesanais mineiros e se destacando pela qualidade e sabor, como o queijo artesanal Sítio do Morro, da família do produtor Rafael Faria.
          O Queijo Artesanal de Alagoa é tão especial e importante para Minas que a região foi identificada e reconhecida pelo Governo de Minas Gerais, através do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER/MG), órgãos ligados à Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa/MG), como região produtora de queijo artesanal, através das portarias 1985 e 1986, anunciada em junho de 2019.
          Nesse mesmo dia, além do reconhecimento como região produtora de “Queijo Artesanal de Alagoa”, foram reconhecidas as cidades de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto, no Sul de Minas, como produtoras de “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.
          Tanto o Queijo Artesanal de Alagoa, bem como o “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”, tem características, peculiaridades e identidades próprias, que os diferem do Queijo Minas Artesanal (QMA), produzidos nas atuais 7 regiões queijeiras mineiras que são: Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes e Serro. Os queijos das regiões QMA são produzidos com o pingo, ao contrário dos queijos da região queijeira de Alagoa e da Serra da Mantiqueira de Minas, que utilizam fermento natural, além de aquecer o leite durante o processo de produção. A similaridade é que todas essas regiões, usam o leite cru na produção dos queijos. 
          Segundo dados de 2019, da Emater/MG, em Alagoa existem 139 queijarias artesanais, com uma produção anual de 58,4 mil toneladas de queijo, sendo vendidos na região, presentes ainda em pontos de vendas e algumas queijarias, como a Queijo D´Alagoa (na foto acima enviada pelo Osvaldo Filho, se destaca pela venda de seus queijos em loja física e online, com entrega pelos correios.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Santana do Riacho: porta de entrada para a Serra do Cipó

(Por Arnaldo Silva) Considerada a porta de entrada para a Serra do Cipó, a 750 metros acima do nível do mar, está Santana do Riacho, distante 120 km de Belo Horizonte, ao norte da capital, na região Central, com acesso pela MG-010. 
          O município faz divisa com Congonhas do Norte, Santana do Pirapama, Baldim, Jaboticatubas, Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar. Conta atualmente com cerca de 4.500 habitantes apenas, que vivem da agricultura, além de contar com um comércio variado, da mineração e extração de pedras preciosas, como o mármore, e de ter uma rede de prestação de serviços muito abrangente e eficiente. (na foto acima de Raul Moura, a prática de canoagem no Rio Cipó, tendo Santana do Riacho ao fundo. Abaixo, também de Raul Moura, a entrada da cidade)
          A cidade é charmosa, elegante, com ótima estrutura para receber os turistas, com uma excelente rede hoteleira e gastronômica, além de contar com boa estrutura urbana e atividades culturais, religiosas e folclóricas durante o ano.
          Entre essas atividades, destaque para o Carnaval, a Festa de Santa Ana, em 26 de julho, as Festas Juninas, a Festa de Santa Terezinha. Além disso, no mês de julho acontece tradicionalmente, o Festival Gastronômico Sabores do Cipó, uma mostra da culinária apresentada pelos restaurantes locais, além da cultura, turismo e tradições da região do Cipó, mostrando a maravilhosa cozinha mineira, acompanhada de cervejas e vinhos artesanais. Tudo de primeira. 
          O artesanato é outro atrativo para os turistas. Rico e variado, além de muito criativo, expressa a vida e sentimento do povo riachense, através do bordado, trabalhos com couro, arte em materiais recicláveis, bijuterias, artesanato em madeira, além de outras criações dos artesãos locais. (foto acima de Suelen Rezende)
          Santana do Riacho tem origem no século XVIII, tendo se desenvolvido na agricultura desde essa época, por suas terras férteis. Para trabalhar na agricultura, foram chegando gente de várias regiões, dando origem a um povoado a partir de 1744. 
          povoado cresceu, foi elevado a freguesia à distrito no século XIX e por fim, à cidade emancipada em 30 de dezembro de 1962. Com vocação para a agricultura, Santana do Riacho desenvolveu a vocação para o turismo ecológico, já que a cidade está situada na Serra do Cipó, uma das mais espetaculares e deslumbrantes paisagens naturais de Minas Gerais. Sua vegetação é formada por 84% de campos rupestres, 8% do bioma Cerrado e também, 8% do bioma Mata Atlântica. (na foto acima, de Tom Alves/@tomalvesfotografia, a Cachoeira Grande, um dos mais belos cenários de Santana do Riacho e abaixo, vegetação nativa da Serra do Cipó)
          Conta com diversas nascentes, rios como o Parauninha e Cipó, cânions, cachoeiras, trilhas, montanhas e uma impressionante e rica flora nativa, como sempre-vivas, bromélias, copaíbas, limãozinho, quaresmeiras, pau-pombo, canelas-de-ema, samambaiaçus, cactos, dentre outras variedades e diversos animais de nossa fauna como como o lobo-guará, cachorro-vinagre, tamanduá-bandeira, veado-campeiro, onça-parda, gato-maracajá, sagui, jaguatirica, sanhaço, sapo-de-pijama, râ-diurna, dentre outros. Para proteger todas essas belezas naturais, foi criado em 1972, o Parque Nacional da Serra do Cipó. 
          Além das belezas naturais da Serra do Cipó, do charme e elegância da cidade, do lendário Juquinha, que dá “boas vindas” ao visitantes com sua estátua na entrada da cidade e no topo da Serra do Cipó, os distritos de Serra do Cipó e Lapinha da Serra, são outros grandes atrativos de Santana do Riacho.
          Lapinha da Serra é uma charmosa vila colonial do século XVIII, com seu cume, o Pico do Breu, que está a 1.687 metros de altitude, sendo esse um dos grandes atrativos do distrito, além das cachoeiras em redor, como da Conversa, do Rapel, do Paraíso, do Jurutu, do Lajeado, do Soberbo, do Bicame, além da beleza do Rio Cipó que serpenteia a região. (foto acima do Tom Alves/tomalves.com.br, a estátua do Juquinha e abaixo, de Marcelo Santos, o distrito de Lapinha da Serra)
          Já a vila Serra do Cipó é a principal porta de entrada para o Parque Nacional da Serra do Cipó. Além do charme da pequena vila, o visitante encontra lugares propícios para escaladas, como morros e montanhas, além de cânions, cachoeiras que formam piscinas de águas cristalinas, como as cachoeiras do Sobrade de Cima, das Andorinhas, do Gavião, de Congonhas, do Tombador e do Travessão. No distrito Serra do Cipó, o turista conta com uma ótima estrutura, com pousadas e restaurantes de primeira, além de áreas para camping. 
          Conhecer Santana do Riacho, os distritos de Serra do Cipó e Lapinha da Serra, além de desfrutar todo o aconchego que a cidade oferece, tem as belezas e atrativos naturais da Serra do Cipó. Sem dúvida, um lugar que vale a pena conhecer, estar e vivenciar. Quem vem á Santana do Riacho, volta, não uma vez, mas várias vezes. A região é incrível, com belezas impactantes.

domingo, 8 de novembro de 2020

O forno feito de barro, água e açúcar

(Por Arnaldo Silva) Desde a descoberta do fogo, na Idade da Pedra, o homem vem aprimorando as formas de preparar seus alimentos. O primitivo fogão de pedras evoluiu para os fogões a lenha que temos hoje, muito mais sofisticados e mais eficientes, bem como, temos os fogões a gás, que vem evoluindo a cada dia, com avanços tecnológicos impressionantes. 
          O fogão a lenha e o forno de barro, são criações universais, há milhares de anos, presentes no mundo inteiro. Em Minas, tanto o fogão a lenha, quanto o forno de barro, faz parte da identidade, tradição e cultura mineira, e claro, o sabor dos tradicionais pratos mineiros, tem ligações diretas com o fogão a lenha e o forno de barro. Esses dois, estão presentes nas cozinhas do interior mineiro. (na foto acima de Lucas Gonçalves Queirós, tradicional forno de barro, em São José do Jacuri MG)
          Mesmo com as novas tecnologias dos fogões e fornos hoje, como os fornos elétricos, a gás e micro-ondas, o mineiro não dispensa um fogão a lenha e muito menos, o preparo de suas quitandas no velho, rústico e tradicional, forno de barro. 
          É fato que os fornos e fogões mais rústicos, evoluíram, em relação aos de séculos anteriores, e obviamente, de milhares de anos atrás, quando o homem passou a cozinhar seus alimentos e descobriu também que o fogo, além de cozinhar, podia assar os alimentos. (foto acima de Edson Borges em Felício dos Santos MG)
          Para assar, usavam a argila que retiravam do fundo dos rios e colocavam no chão em forma de círculo, para isolar o fogo e evitar que ele se apagasse. O alimento a ser assado era colocado no centro. Com o passar do tempo, o homem foi aprendendo a trabalhar melhor a argila e usar pedras para fazer fogões e fornos, para assar e cozinhar seus alimentos. 
          Para chegar à atual evolução que temos hoje dos fornos de barro e a gás, bem como dos fogões, foram mais de 5 mil anos. Os primeiros registros da existência de forno nos moldes parecidos que temos hoje, vem da antiga região da Mesopotâmia, hoje formada pelo Iraque, Kuwait e Síria. (quitandas feitas em forno de barro, fotografada pelo Edson Borges em Felício dos Santos MG)
          Fazer um forno de barro hoje, um fogão com forno, parece ser bem simples, mas a humanidade levou cerca de 5 mil anos para chegar a esse estágio hoje. Mesmo com toda a evolução que temos atualmente, com fornos industriais e domésticos super modernos, o velho, rústico e antigo forno de barro, ainda é o preferido, principalmente pelos mineiros. 
          Nos quintais mineiros, o forno de barro está presente, praticamente feito da mesma forma que há séculos. O que mudou, é que ao invés de usar pedras, usa-se tijolos e a tampa da entrada é de chapa de aço. A base do forno é mais trabalhada, com revestimento, bem como usa-se açúcar cristal na mistura do barro. (fotografia acima de Sônia Fraga em São Tiago MG)
          Isso mesmo, açúcar, que é misturado ao barro, para dar firmeza, tornando-o mais resistente ao calor das chamas, evitando assim as trincas nas paredes do forno. 
          Seja em qualquer país do mundo, essa forma de fazer os fornos é a mesma. O que mudou são os materiais usados hoje, mais resistentes, tornando os fornos mais bonitos e duráveis, graças ao maior conhecimento da humanidade, atualmente. Mas a ideia original, de como assar os alimentos, continua do mesmo jeito.
          Quanto maior o forno, mais calor interno, podendo chegar a uma temperatura de 1000º C, fazendo com que as quitandas assem bem rápido, por isso sua eficiência e grande economia. 
          A lenha é colocada no interior do forno para queimar e com a ajuda de uma colher de ferro, as chamas são espalhadas para os cantos, distribuindo o calor para o interior de todo o forno. Quando estão em brasa, colocasse as fôrmas no centro, tampa-se o forno e deixa os alimentos assando. As chamas não devem ficar acesas com os alimentos, para evitar que queimem. (foto acima de Márcia Rodrigues em Felício dos Santos MG)
Como fazer o forno de barro com açúcar 
- Para cada 20 quilos de barro, deve se misturar 1 quilo de açúcar com o barro, dissolvê-los na água e amassar a mistura, de preferência com os pés, até que fique uma passa densa e homogênea. (na foto acima de Ernani Calazans, de Araçuaí MG, Vale do Jequitinhonha, o barro mais usado na fabricação de fornos) 
- Preparado a massa, monta-se uma base quadrada de mais ou menos 1,30 metros de diâmetro, com tijolos ou pedras assentadas com cimento e se preferir, revestidas com pedra ardósia. A altura ideal é 80 centímetros do solo.
- Sobre a base, espalhe uma densa camada de barro misturado com açúcar e um pouco de água, para virar uma massa. Soque bem a massa.
- Passe-a sobre a base uma densa camada de barro e comece a assentar os tijolos em forma circular, com diâmetro de 1,20 metros, deixando espaço nas bordas da base.
- Deixe um espaço de mais ou menos 30 centímetros, que será a entrada para a lenha e das fôrmas.
- Em forma circular, vá colocando os tijolos, a massa, tijolos e ao mesmo tempo, passando a massa na parede inferior, tipo um reboco.
-  Espere secar e passe novamente o barro, deixando secar mais uma vez e por fim, passe a terceira camada, continuando o assentamento dos tijolos e barreando por três vezes o interior, até o topo do forno.
- A partir da terceira ou quarta camada de tijolos, vá afunilando a base, até o topo ficar em forma que lembre a metade de um ovo, tipo chaminé. A altura do forno é de mais ou menos 80 centímetros, de altura. (foto acima de Ernani Calazans em Araçuaí MG)
- Todo o interior do forno deve ser bem preenchido com o barro e com a massa bem socada mesmo
Tem fornos que não tem a chaminé, porque fazem a abertura do outro lado, a porta de entrada, de mais ou menos 20 centímetros, mas o mais comum, é usar uma chaminé no topo do forno. Se for deixar a outra porta no fundo, tampe a parte superior com tijolos e barro.
- Concluída essa etapa, passa-se o barro na parte exterior do forno, deixando secar.
- Ao secar, aparecerão rachaduras, devendo passar outra camada de barro e açúcar, aguardando a secagem e por fim, aplicando a terceira camada.
- O acabamento final pode ser feito com caiação do exterior do forno, ou mesmo, o uso de tabatinga, um barro na coloração branca, muito comum no Vale do Jequitinhonha.
- Antes de usar o forno, deve se colocar lenha dentro do forno, queimar, tampar o forno e deixar a lenha ardendo em chamas por várias horas, até que o topo da fornalha comece a ficar vermelho. 
          Por fim, limpe o forno e já pode usá-lo para assar pães, bolos, roscas, biscoitos e várias outras quitandas.
          Não esqueça de manter a porta do forno fechada, quando estiver assando, para evitar que o calor do forno saia e provoque ausência de calor no interior, prejudicando o preparo das quitandas.
          Agora é só aproveitar as delícias que saem dos nossos fornos de barro e tomar com café, como estes biscoitos de polvilho, preparado pela mãe de Márcia Rodrigues em Felício dos Santos MG

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Arroz com costelinha na beira do Rio São Francisco

(Por Arnaldo Silva) Viver já é bom, imagina viver em Minas e na beira do Rio São Francisco. É um privilégio! São centenas de rios, milhares de cachoeiras espalhadas por Minas Gerais e o mineiro não perde tempo. Fim de semana ou em feriados, está lá, na beira dos rios, pescando e principalmente, fazendo o tradicional piquenique em família. 
          Foi o que fez Maria Mineira, autora das fotos que ilustram a matéria, de São Roque de Minas e família, na beira das águas limpas do Rio São Francisco, já próximo a Vargem Bonita. É na região onde estão as nascentes que formam o Rio São Francisco, com as águas correndo limpas e cristalinas. Ótimo para passar o dia, nadar, brincar, praticar esportes e claro, cozinhar. 
          Maria Mineira preparou um legítimo arroz mineiro com costelinha de porco, ao ar livre, feito num fogão de pedras, num caldeirão de ferro. Não tem coisa mais mineira e deliciosa que isso. 
Vamos aprender a fazer esse arroz com costelinha:
INGREDIENTES
. 2 quilos de costelinha de porco cortadas em pedaços miúdos
. 2 copos (requeijão) de arroz
. 4 dentes de alho picados
. 5 copos (americano) de água quente
. 2 folhas de louro
. 1 cebola grande picada em pedacinhos
. Sal a seu gosto
. 1/2 copo (americano) de óleo
MODO DE PREPARO
- Ferva a água e reserve
- No fogão a lenha, coloque o caldeirão, despeje o óleo e frite um pouco as costelinhas.
- Em seguida, acrescente o sal, o alho, a folha de louro, a cebola e mexa bem por 1 minuto.
- Agora, coloque o arroz e mexa até misturar bem, refogando por uns 3 minutos.
- Despeje aos poucos a água fervente, acerte o sal e tampe.
- Numa panela de ferro e em fogão de pedra, o cozimento é bem rápido. Fique sempre atento para caso a água secar e queimar o arroz. Se precisar, coloque mais água, até que o arroz esteja bem cozidinho.
- Acompanha uma salada de tomate com repolho e uma limonada ou laranjada, bem gelada.
          Depois do almoço, o bom é relaxar, deitar numa rede e curtir a som da natureza, ouvindo a sinfonia do vento, o barulho da correnteza das águas e a suavidade da sinfonia dos pássaros.
          Agora, na foto acima, prestem atenção num detalhe: sacos plásticos pendurados nas árvores. Quando vamos passear ou acampar na natureza, levamos comidas e bebidas. Se levamos, podemos trazer de volta as embalagens, nas mesmas sacolas que vieram. Foi o que foi feito. Deixaram no lugar apenas suas pegadas e tiraram apenas fotografias
          Garrafas, latas, plásticos, papel, todo o lixo que produziram, foi recolhido e colocado nas mesmas sacolas que vieram, para ser descartado corretamente, na cidade. Nada de usar a natureza, curtir, aproveitar e deixar rastros de sujeira e destruição. Outros irão usar, até mesmo quem sujou. É simples, se trouxe comida, pode muito bem trazer de volta, o lixo. A natureza agradece. 

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