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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Aprendendo a amadurecer queijo

(Por Arnaldo Silva) A relação de mineiro com queijo vem de mais de 300 anos. Queijo não é apenas uma iguaria sobre a mesa. Para o mineiro, queijo é tradição, é raiz, é a fina identidade da nossa culinária. Pra quem produz queijo artesanal, aquele que vem de gerações é algo mais que isso. Faz parte da história de vida da família e sem exagero algum, faz parte da família.
     Meus pais, por exemplo, foram sustentadas com a venda de queijos que meus avós faziam, tradição passada por seus pais, meus bisavós e por ai vai. Por isso o queijo faz parte de nossas raízes e de nossas famílias. O queijo sustentou e ainda sustenta famílias e movimenta a economia das cidades mineiras.
 
     Seja qual tipo de queijo for. Aliás, é bom que saibam que Queijo de Minas não é apenas o queijo branco, chamado frescal. Esse é apenas mais um dos vários tipos de queijos que temos em Minas Gerais, de acordo com o tremruá (terroir, no francês) que é a característica de cada queijo, de acordo com sua região geográfica. Nenhum queijo é igual, cada um tem o seu tremruá próprio. Os maturados mais famosos são o Queijo Canastra, Queijo do Serro, o Araxá e o da Serra do Salitre, identificado com uma casca resinosa nas cores preta, amarela e vermelha. (na foto acima, queijos Canastra do Mestre Queijeiro Roberto Soares de São Roque de Minas)
          
Vou tentar explicar sobre isso para que entendam e conheçam as diferenças de cada queijo, seu sabor, textura, aroma e modo de amadurecê-lo. Queijo é igual vinho, quanto mais velho melhor, por isso se harmonizam tanto. Como diz aqui em Minas, queijo é igual à vida, quanto mais se vive, melhor é. Isso mesmo, quanto mais tempo maturado, mais valorizado e mais saboroso é o queijo. (foto acima queijo do Rancho 4R em São Roque de Minas, feito pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares)
     Pra isso que a cura do queijo é importante. O processo de cura é simplesmente retirar os líquidos como água, soro e gordura de um queijo fresco, de modo que ele envelheça. É pegar aquele queijo branquinho, fresquinho e envelhecê-lo. Ou seja, mudar toda a característica do queijo como peso, aroma, cor e sabor. 
     Na maturação, uma camada de bolor e fermento aparece em torno do queijo. Isso faz com que o queijo perca umidade e com o tempo, tamanho. 
     É na maturação que o queijo desenvolve suas características próprias, dependendo da região e do clima, pode tornar-se macio, mais picante e até um pouco adocicado. Quanto mais tempo maturando acredite, mais personalidade terá o queijo. É personalidade única, nunca existirá um queijo igual ao outro. A maturação define a personalidade de cada queijo. Quanto mais velho o queijo ficar, mais saboroso ficará e mais nutritivo também.
     Um queijo pode curar por 30, 60, 90, 120, 180, 365 dias e por até dois anos. (na foto acima do Lucas Rodrigues, Queijo Canastra do Dinho em Piumhi MG com 1 ano de maturação) Quanto mais tempo maturado, mais saboroso é e mais valorizado no mercado também. Nesta foto abaixo, de Sônia Fraga, em São Roque de Minas, com queijos Canastra, maturados por um ano. O preço não é esse mais, está um pouco defasado já que a foto é do ano passado. (na foto abaixo, tradicional queijo com resina da Serra do Salitre, da Fazenda Pavão, produzido pela família do "Seu" João Melo)
      Curar queijo não é um bicho de sete cabeças e nem requer técnicas industriais, ao contrário, é artesanal e feita do mesmo jeito desde a invenção do queijo, há milhares de anos. Em Minas, a técnica da cura artesanal tem quase 300 anos. (na foto abaixo da Nilza Leonel, o Queijo Turvo Grande, de Materlândia, Região Queijeira do Serro MG
     A técnica é simples. Primeiro você vai comprar um queijo fresco de sua preferência.
     Como curar é secar, deixe o seu queijo num lugar arejado, abrigado da luz e da umidade, numa tábua de cozinha. Isso porque tábua absorve bem a umidade. Existem em lojas especializadas, como “casas do fazendeiro”, caixas próprias para maturação. São feitas de madeira e tem telas em redor, que impedem a passagem de insetos e permite a ventilação. São baratas, vale a pena comprar uma caixa dessas. Se não conseguir comprar, use então uma tábua de cozinha e cubra o queijo com uma tela que impeça a entrada de insetos, mas da ventilação. (na foto abaixo, queijos do Roberto Soares de São Roque de Minas)
     Feito isso, vire o queijo a cada dois dias. Durante o processo uma camada de mofo branco surgirá na casca do queijo. É esse é o início do desenvolvimento da personalidade do queijo. 
     Perceberá que a cada dia o seu queijo ficará mais seco e sua personalidade se desenvolvendo como cor, casca mais dura, sabor, picância, etc., de acordo com as características de produção e fatores climáticos da sua região. A cura se dará pelo tempo que julgar melhor. Meus queijos curam por 30 dias.     
     Vale lembrar que queijo curado não deve ir para geladeira, isso porque receberá muita umidade. Esta umidade modificará toda característica adquirida pelo queijo na maturação.
Queijo com furo e queijo sem furo 
     Outro detalhe que intriga muita gente e sobre os furos no interior do queijo. (foto acima do queijo Roça da Cidade de São Roque de Minas) A dúvida é: por que alguns queijos tem tantos furos e outros nenhum ou quase nenhum? A maioria dos queijos industrializados tem massa firme, bem composta. Já os queijos artesanais não, ao longo da maturação vai apresentando muitos furos em sua massa. Isso acontece porque durante a ordenha manual estão presentes nos currais, latões e baldes, pequenas partículas de feno e alguns outros materiais presentes no ar se misturam ao leite. (foto abaixo queijos feitos pelo Roberto Soares de São Roque de Minas)
     Essas partículas são tão minúsculas que não são percebidas. Essas partículas agem durante a maturação do queijo, enfraquecendo a estrutura da coalhada, acumulando gás bacteriano e assim formando os buracos nos queijos. Essas bactérias, benéficas, dão sabor e status ao queijo. Um dos mais famosos queijos do mundo que é todo cheio de furinhos, é o famoso queijo Suíço. Já com os queijos industrializados esse processo não acontece devido a todo processo industrial que o leite passa, por isso a massa desses queijos são bem densas e uniformes, praticamente sem nenhum furinho.   
     É só isso. Simples não. Eu faço queijos ou compro queijos frescos de regiões diferentes para curar, assim tenho essa delícia com aroma, sabor, cores e texturas diferentes em casa. Vale a pena curar seu próprio queijo. 
Como escolher queijo
     Mas se a correria do dia a dia te impede de curar seu queijo, compre um queijo curado, mas preste atenção nessas dicas para comprar um queijo Mineiro legítimo e de qualidade, observando essas características abaixo. Isso porque existem queijos que se passam por originais sem o serem. Aprenda a identificar os principais queijos mineiros:
     Se for comprar um queijo do Serro preste atenção em sua casca. (na foto acima de Túlio Madureira) Nos mercados que vendem queijos, algumas amostras cortadas ficam expostas. O queijo do Serro tem a casca fina e bem rígida e sua massa é bem compacta.
      Já o Canastra (na foto acima do Queijo Roça da Cidade) tem o aroma suave. Se o queijo estiver com a casca rachada e pontos de mofo em tons avermelhados, não compre. O mofo do Canastra é branco e sua casca tem o tom amarelo bem firme. 
     O queijo Araxá (na foto acima de Luis Leite) apresenta uma tonalidade amarelo claro, com casca bem lisa, sem nenhuma fissura. A massa é bem compacta e sem furinhos no interior. 
     O Queijo da Serra do Salitre se caracteriza por uma cobertura de resina, podendo ser preta, vermelha ou mesmo, amarela. Essa resina protege o queijo e quanto mais maturado for esse queijo, mais intenso será seu sabor. A massa é compacta e bem firme. 
          Pra encerrar nossa matéria sobre maturação, você vai entender a linguagem do queijeiro.(foto acima de Queijo D´Alagoa/Divulgação) É comum quem é mestre em queijos falar meia cura, afinação, mofo branco, queijo azul, curado, etc. Quem não é do ramo, fica perdido em meio a tantas palavras, mas pra não te deixar boiando em palavras, está aqui para entender a linguagem dos queijeiros:
Meia cura: Nome pelo qual são conhecidos os típicos queijos de Minas, que maturam de 12 a 30 dias (depende do produtor e do tamanho da peça).
Afinação: Palavra que vem do francês affinage: maturar um queijo até que atinja o ponto ótimo e adequado ao gosto ‘do dono’.
Mofo branco: Categoria que abarca todos os queijos que formam aquela capa branca aveludada – um fungo benigno, que se forma de dentro para fora.
Azul: São os queijos inoculados com um bolor que cresce dentro da massa – como o stilton, o gorgonzola e o roquefort.
Curado: Maduro. Pode ter sido amadurecido por até dois anos. É naturalmente mais seco e quebradiço, e mais salgado também.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Cidades mineiras no topo do turismo no Brasil

(Por Arnaldo Silva) De acordo com a categorização feita pelo Ministério do Turismo, que identifica o desempenho dos municípios que constam no Mapa do Turismo Brasileiro, Tiradentes e Monte Verde, Belo Horizonte, Uberlândia e Poços de Caldas (na foto abaixo do Luis Leite, a Rodoviária de Poços de Caldas).
          Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, tem como origem imigrantes vindos da Letônia, que deixaram em Minas um pouco da Europa, na cultura, culinária e arquitetura, combinados com o clima frio da região, que lembra muito as paisagens europeias. (na foto abaixo, de Ricardo Cozzo, vista parcial de Monte Verde)
          Já Tiradentes, é uma das mais ricas cidades na arte barroca no Brasil, além de sua excelente estrutura para receber os turista. Tiradentes e Monte Verde chegaram ao topo do turismo nacional, na classificação A em 2018. (na foto abaixo da Elvira Nascimento, Tiradentes MG)

          Em 2019, foi a vez de Poços de Caldas, no Sul de Minas, Belo 
Horizonte e Uberlândia, serem alçadas a categoria A. O objetivo dessa categorização dos municípios é valorizar o setor e facilitar o direcionamento de investimentos.
          A classificação do desempenho do turismo nas cidades brasileiras são divididas em letras que vão de A a E, levando-se em conta o número de empregos gerados, estabelecimentos formais de hospedagem, arrecadação de impostos federais, e estimativas de fluxo de turismo domésticos e internacional. 
          Os municípios que estão na letra A, estão no topo. Essa classificação serve como base para os municípios pleitearem verbas federais de incentivos ao turismo, destinada proporcionalmente aos municípios classificados entre as letras A e D.
              Dos 853 municípios mineiros, 471 estão classificados, segundo dados do Ministério do Turismo, além de Tiradentes, está o cantinho da Europa em Minas, a charmosa e atraente Monte Verde (na foto acima de Ricardo Cozzo). Em 2019, Belo Horizonte, Poços de Caldas, no Sul de Minas e Uberlândia, no Triângulo Mineiro subiram para a categoria A.
          Belo Horizonte, (na foto acima de Elvira Nascimento), dispensa comentários, é a Capital de Minas, com uma excelente rede gastronômica e hoteleira, dezenas de parques, praças, teatros, monumentos, igrejas e arquitetura variada. É uma das principais cidades do mundo. 
           Poços de Caldas, (na foto acima de Luis Leite, o portal de entrada da cidade), é uma das mais importantes estâncias hidrominerais de Minas Gerais. Cidade charmosa, arborizada, com ótimas opções de turismo, hospedagem e gastronomia. Além das suas águas sulfurosas, minerais, radioativas e medicinais, é uma cidade muito procurada por turistas em busca de saúde, sossego, cultura e bem estar.
          Uberlândia, (na foto acima da Cris Ferreira), dispensa comentários. A maior cidade do interior mineiro e uma das maiores do Brasil, é uma das mais desenvolvidas e ricas cidades do país, com ótima estrutura para o turismo, principalmente o turismo de negócios.


As belezas do Vale da Gurita em Delfinópolis

(Por Arnaldo Silva) Delfinópolis é uma encantadora e charmosa cidade, se destacando em Minas por suas belezas naturais, principalmente, cachoeiras. O município fica na Região Sudoeste de Minas Gerais, a 430 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com os municípios de Cássia, Ibiraci, Passos, Sacramento, São João Batista do Glória e São Roque de Minas. Segundo o IBGE, conta em 2022 com 8.393 habitantes. (na foto acima do Felipe Brazão/@fbimangensareas, a Cachoeira do Zé Carlinhos)
          Delfinópolis é um verdadeiro paraíso para o ecoturismo. É um presente de Deus para Minas Gerais. É uma cidade tranquila, pacata, rica em cultura e belezas naturais. A cidade é para quem quer descansar, curtir a natureza, cachoeiras e relaxar completamente. Município com muitas pousadas, restaurantes e atrativos turísticos sendo hoje uma rota crescente de trilheiros e admiradores da natureza.(na foto acima e abaixo, do Wallace Melo, capelas do Vale da Gurita)
          Faz parte do circuito turístico Nascentes das Gerais, tendo como principais atrações turísticas o Complexo do Claro, um conjunto de cachoeiras localizadas próximas ao centro da cidade, o Parque Nacional da Serra da Canastra, que ocupa boa parte de seu território, o Vale da Babilônia e o Vale da Gurita, pouco conhecido, mas um lugar onde estão concentradas paisagens e cachoeiras deslumbrantes. Todas as cachoeiras do Vale da Gurita podem ser visitadas num único só dia. 
          Além da beleza sem igual, o Vale do Gurita oferece uma ótima estrutura para o visitante com guias, pousadas e restaurantes da Dona Doca, da Cachoeira do Ouro, da Cachoeira do Melado e Lar da Serra. (fotos acima e abaixo do Wallace Melo)
          Pelas trilhas de Delfinópolis é difícil não encontrar uma cascata ou uma cachoeira. Não se sabe ao certo quantas são, mas está entre 150 a 200 cachoeiras. Pode ser considerada a cidade das cachoeiras. E como são belas essas cachoeiras. São impactantes!
Para conhecer a região de Delfinópolis, sugiro um 4x4 já que estradas são terras, passando por córregos e matas. Um carro comum terá dificuldades pelo caminho. Veículos com guias especializados são encontradas na cidade. Melhor usar esses serviços.
Mas vale a pena. São tantas paisagens e tantas cachoeiras que não dá para mostrar todas aqui, claro, por isso o foco é o Vale da Gurita, um lugar de gente pacata, simples, que fazem de tudo para agradar a todos e mostrar o melhor da Gurita, que são suas cachoeiras e culinária com restaurantes e pousadas e queijaria que produz um queijo de primeira.
E não é um queijo comum não. O queijo do Vale da Gurita, do produtor Arnaldo Ribeiro, ganhou medalha de prata no Mondial Du Fromage na França em 2017. Esse concurso internacional é considerado a copa do mundo dos queijos. No último concurso, em junho de 2019, o mesmo queijo foi premiado com a medalha super ouro. É hoje um dos melhores queijos do Brasil e do mundo, reconhecido internacionalmente. O queijo do Vale da Gurita tem um sabor suave e levemente picante. A qualidade do queijo vem de um conjunto de fatores como manejo do gado, pastagens de qualidade, clima e qualidade do leite do gado Caracu e Girolando. O leite desse gado tem maior teor de gordura, caracterizando o sabor diferente e especial do queijo. Na maturação, uma leve cor dourada predomina, com cobertura de mofo branco, que dá o sabor do queijo, considerado único. Só tem no Vale da Gurita. Por isso o queijo é especial e merecedor das medalhas em concursos nacionais e internacionais conquistadas.
Cachoeira do Zé Carlinhos 
          Agora vamos às cachoeiras. A mais interessante, em minha opinião, é a do Zé Carlinhos (na foto acima do Wallace Melo). Fica a 33 km do Centro de Delfinópolis, numa propriedade particular, com acesso aberto a visitantes, com pagamento de uma taxa por pessoa. A Cachoeira do Zé Carlinhos chama atenção pela beleza e perfeição da natureza. A queda é pequena, mas em seu entorno, as águas formam um poço circular, com bancos de areia rodeada por uma paisagem nativa impressionante.
Complexo da Maria Concebida
          Chamada de Fazenda das Águas Quentes é uma das mais visitadas da região, graças as suas águas quentes. (foto acima de Conceição Luz) A temperatura da água chega a 30º. Um convite ao relaxamento e sossego total, num lugar tranquilo e de muita paz. Fica a 22 km do Centro de Delfinópolis, em propriedade particular, com taxa de visitação por pessoa. 
Para chegar até o complexo, passará por essa ponte de tábuas, suspensa por cabos de aço, na foto acima do Wallace Melo.
A Cachoeira do Ouro
Esse complexo, distante 35 km do Centro da cidade, é formado por várias cachoeiras, com ótima estrutura para receber os visitantes, inclusive restaurante com comida caseira deliciosa. É o restaurante da Doca. Suas águas e todo o ambiente em redor, com pequenos poços, são propícios para hidromassagem natural e relaxamento. 
Por fim, um convite a todos para conhecerem Delfinópolis e toda sua beleza natural, cultural e gastronômica, principalmente o Vale da Gurita, um lugar único em Minas. (foto acima de Wallace Melo) Seus poucos moradores tem orgulho de viverem no Vale e nem pensam em sair de lá. O Vale da Gurita, além de belezas naturais, tem história e muita cultura, preservada há mais de século como a Folia de Reis e Folia das Almas,manifestadas entre dezembro e janeiro.
Como chegar: Chegando à cidade, o visitante deve procurar o Centro de Apoio ao Turista que fica na Av. Antenor Pereira de Morais, 330. O telefone é (35) 3525-1662.
Distâncias: De Capitólio até Delfinópolis são 126 km pela MG 050 e BR 464; São Paulo: 420 km pela BR 381 e até Perdões MG, pegando a MG 050; Belo Horizonte: 401 km pegando a BR 381, até Perdões, entrando na MG 050.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Se Minas não tem mar, que mar tem?

(Por Arnaldo Silva) Litoral, mar de água salgada, isso não tem em Minas não, mas mar tem sim, mesmo distante 600 km do litoral mais próximo. Mar de água doce, com direito a praias e dezenas de cachoeiras.
          O nosso mar é o Lago de Furnas, imenso lago que abrange 34 municípios mineiros: Aguanil, Alfenas, Alpinópolis, Alterosa, Areado, Boa Esperança, Cabo Verde, Camacho, Campo Belo, Campo do Meio, Campos Gerais, Cana Verde, Candeias, Capitólio, Carmo do Rio Claro, Conceição da Aparecida, Coqueiral, Cristais, Divisa Nova, Elói Mendes, Fama, Formiga, Guapé, Ilicínea, Juruaia, Machado, Muzambinho, Nepomuceno, Paraguaçu, Perdões, Pimenta, Poço Fundo, Ribeirão Vermelho, São João Batista do Glória, São José da Barra, Serrania, Três Pontas e Varginha. (na foto acima e abaixo do Djalma Xavier, o Lago de Furnas em Campo do Meio MG)
          É o maior lago artificial do mundo, com 1.406,26 quilômetros quadrados. Por isso é chamado de mar, o "Mar de Minas".
Capitólio, a Rainha do Lago de Furnas
          Entre as 34 cidades banhadas pelo Mar de Minas, Capitólio se destaca. Distante 276 km de Belo Horizonte, às margens da MG 050, no Oeste de Minas, a cidade e sua deslumbrante paisagem chama a atenção. São cachoeiras, cânions com água verde esmeralda, que permite passeios de escuna, lanchas, barcos e chalanas, além de impressionantes mirantes e belezas espetaculares. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc, Capitólio MG)
          Outro destaque de Capitólio é o bairro Escarpas do Lago (na foto acima de Deocleciano Mundim). Além da beleza da arquitetura do bairro, está localizada em sua orla a maior marina de água doce da América Latina. Práticas de esportes como wakeboard, stand up,
paddle, esqui e Jet ski são bastante comuns no local.                O turista ainda pode se deliciar com a beleza das cachoeiras, como a Lagoa Azul, com suas águas cristalinas e bem limpas que deságuam na represa de Furnas. É a mais procurada, dentre tantas cachoeiras.       
          Fica às margens da MG 050. É da Lagoa Azul que partem as escunas para navegar pelos cânions e lago. (na foto acima do Marcelo Santos)
          Têm ainda a Trilha do Sol e as quedas do Grito e do Poço Dourado, passeios imperdíveis. Quem gosta de uma boa caminhada, pode subir até o Morro do Chapéu, a 1293 metros de altura, próximo ao km 312 da MG 050. 
          A vista dos cânions e municípios em redor é espetacular (na foto acima do Douglas Arouca). Ao subir até o morro, recomenda-se atenção para quem chegar ao topo do mirante, já que não existe grade e nem cerca de proteção. É bom tomar cuidado com as selfies.
Passeio pela Serra da Canastra 
          Para aproveitar mais a natureza, o turista pode tem como opção conhecer a Serra da Canastra, já que há vários acessos ao Parque Nacional da Serra da Canastra.(foto acima de Douglas Arouca) Na cidade existem várias pessoas que levam os visitantes a Serra da Canastra em 4x4.
          Outra dica é experimentar a excelente culinária local, principalmente os pratos feitos com peixes de água doce, como tilápia e traíra (na foto acima da Aline Marques do Cantinho de Minas, em São João Batista do Glória MG), além do tradicional frango caipira. 
          Além das belezas naturais, as cidades do Lago de Furnas são belíssimas e bem estruturadas para receberem turistas com vários atrativos naturais e urbanos, bares, lanchonetes, restaurantes, pousadas e hotéis para todos os gostos e bolsos. (na foto acima da Nilza Leonel, o Lago de Furnas em Santo Hilário, distrito de Pimenta MG)
COMO CHEGAR
          Partindo de Belo Horizonte pela BR-381, Fernão Dias, siga por 23 quilômetros. Pela BR-262, siga por 20 quilômetros. MG-050, siga por 280 quilômetros. MG-837, Azarias J. Lemos, siga por 820 metros já estará em Capitólio e da cidade, pode ir por terra ou navegar de barco pelas cidades do Lago de Furnas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Jabuticaba de Sabará ganha Selo de Origem

(Por Arnaldo Silva) Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte é reconhecida como a terra da jabuticaba no Brasil. A árvore é cultivada em mais de 15 mil domicílios da cidade. A fruta é tão importante que desde 1987 é realizado o Festival da Jabuticaba, geralmente no final de novembro e inicio de dezembro. É um dos mais importantes eventos do calendário gastronômico de Minas Gerais com a presença milhares de turistas vindos de várias partes de Minas e do Brasil, atraídos pelas delicias oriundas da fruta, produzidos em Sabará. (foto abaixo da fanpage Sabará & Sabor - Restaurante e Alambique Jotapê em Pompéu, distrito de Sabará MG)
          O festival explora a fruta e o visitante tem à mostra, todos os derivados da jabuticaba, bem como o artesanato local, que é exposto nos dias do festival, bem como a opção de conhecer os vários pontos da cidade. Sabará é uma das mais antigas cidades históricas de Minas Gerais, guardando tesouros da arte barroca mineira dos séculos 18 e 19, como obras do Mestre Aleijadinho, que morou na cidade e do Mestre Ataíde.
          Cuidar de jabuticaba, transformá-la em sucos, vinhos, licores, geleias, molhos, cascas cristalizadas, sorvetes, mostarda de jabuticaba, etc., é uma arte. A arte da culinária, uma vocação mineira. Por isso, quem trabalha com a jabuticaba em Sabará é chamado de artesão ou artesã. São artistas na arte da culinária com jabuticaba. São 14 derivados da jabuticaba produzidos no município. A Prefeitura incentiva, doando mudas e oferecendo descontos para quem tem pés de jabuticabas em seus quintais. 
          Com o objetivo de fortalecer os pequenos negócios locais e valorizar a gastronomia local um grupo de artesãs ligadas Associação dos produtores de Derivados de Jabuticaba de Sabará (Asprodejas), requereu junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o reconhecimento de Sabará como a legítima produtora de cinco derivados da jabuticaba: geleia, compota, licor, casca de jabuticaba cristalizada e molho de jabuticaba. O pedido foi aceito em 2018 pelo INPI e os cinco produtos citados, oriundos da jabuticaba, agora tem o selo Identidade Geográfica (IG) de Indicação de Procedência. Os produtos derivados da jabuticaba em Sabará agora fazem parte do mapa de Identidade Geográfica do IBGE.
          O objetivo desse selo é reconhecer a origem de um produto característico de um determinado local, atribuir reputação, originalidade e identidade própria, ou seja, o nome está restrito ao detentor do selo de Indicação de Procedência e ao município de origem. No caso de Sabará, o nome “jabuticaba de Sabará” é restrito aos produtores e prestadores de serviço da região. Isso evita que outras pessoas tentem vender os itens com o mesmo nome em outras localidades e sem pertencerem à cidade.
          O Selo de Identidade de Procedência fortalece os produtores artesanais de Sabará, além de favorecer maior divulgação dos produtos locais, atraindo mais turistas para a cidade e mais clientes, abrindo mais mercados em Minas Gerais e em estados brasileiros, aumentando assim a renda, a geração de empregos e arrecadação do município.
Os produtos com Identificação Geográfica em Minas Gerais
          Atualmente no Brasil são 62 produtos que tem o registro de Indicação Geográfica reconhecidos pelo Instituto Nacional de Propriedade. Minas Gerais tem 10, desses 62 produtos que são: o café do Cerrado Mineiro, o café da região da Serra da Mantiqueira, o queijo Minas Artesanal do Serro, o artesanato em estanho de São João Del Rei MG, o queijo Canastra, a cachaça de Salinas MG, o biscoito de São Tiago, a própolis verde de uma região que abrange 102 municípios mineiros e agora os derivados da jabuticaba de Sabará MG.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

12 principais identidades mineiras - Primeira parte

(Por Arnaldo Silva) Onde o mineiro estiver ele carrega consigo as nossas identidades. Seja no jeito de falar, de e expressar ou nos gostos, principalmente, culinários. Em termos de comida, o mineiro é exigente.
          O mineiro sabe perfeitamente identificar um queijo mineiro de verdade. Se o pão de queijo não é de Minas Gerais, só de olhar ele já sabe. Nem precisa experimentar. Se a comida é realmente mineira, feita de acordo com as tradições culinárias de Minas, ele percebe facilmente. Isso se chama identidade com Minas Gerais, coisa que só mineiro entende. Está na alma mineira. (na foto acima do Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, uma tradicional venda antiga no povoado da Garça em Bom Despacho MG)
Quem é mineiro é facilmente identificado por essas identidades.
01 - Uai
           Dificilmente mineiro não fala Uai, mesmo o mais erudito dos mineiros, vez ou outra deixa escapar um uai. Isso porque o Uai está na nossa raiz, na nossa origem, no nosso mineirês desde o século 19. Uai é nossa identidade. Mineiro que se preze e valoriza suas origens, fala uai com muito orgulho.
02 - Trem 
          Em Minas trem é tudo e tudo é um trem, mas um trem não é literalmente, um trem. Pode ser uma comida, uma rua, uma casa, uma roupa, uma árvore, um ônibus, um carro, um avião, um computador... Em Minas a palavra trem significa tudo que o mineiro gosta, não gosta ou não sabe bem o que é. (foto acima de César Reis)
03 - Queijo 
          Queijo corre nas veias do mineiro desde o século 18. É tradição mineira fazer queijo. Seja fresco o curado, no café ou no preparo das quitandas, mineiro, Minas e queijo tem tudo a ver. (foto do Queijo Roça da Cidade de São Roque de Minas/Divulgação)
04 - Pão de Queijo
          Do queijo surgiu uma das mais deliciosas quitandas do mundo. O nosso pão de queijo. Mineiro nunca fala “pão de queijo mineiro” porque o pão de queijo é mineiro. Se existe outro tipo de pão de queijo sem ser o mineiro, é cópia mal feita. O mundo todo sabe que pão de queijo é de Minas Gerais, a mais fina identidade mineira, tão importante quanto nosso uai. Falou em Minas, vem logo à mente, pão de queijo. (Foto acima de Regina´s Farm/Fazendinha da Regina) 
05 - Biscoito de queijo
          Só perde para o pão de queijo em termos de tradição e identidade mineira. Qual mineiro não gosta de biscoito? O preferido e tradicional é sem dúvida o biscoito de queijo. Com café coado à beira do fogão, num coador de pano... Hum... nem se fala. 
06 - Fogão a lenha
          No interior mineiro o fogão a lenha ainda está presente nas cozinhas, como há séculos. Dizem que não existe unanimidade, mas em se tratando de fogão a lenha, com certeza, todos afirmam que a comida tem um sabor diferente da feita no fogão a gás. É sem dúvida, a comida mais gostosa. Essa é a única unanimidade que eu conheço. Ainda mais aquela comida feita em panelas de ferro ou de pedra sabão. A figura do mineiro proseando a beira de um fogão a lenha é real, tradicional e comum até os dias de hoje no nosso interior, seja na zona rural ou na cidade. Na minha casa na cidade, tenho fogão a lenha e forno de barro.
07 - Forno de barro
           Por falar em forno de barro, esse não falta nos quintais dos sítios e fazendas de Minas. Na cidade também. Para assar broas, pão de queijo, biscoitos, roscas e rosquinhas são os preferidos. Junto com o fogão a lenha, é nossa identidade gastronômica, valoriza nossa rica culinária e nosso jeito mineiro de ser. (foto acima de Nilza Leonel)
07 - Artesanato mineiro
          A vocação mineira pelas artes vem desde os tempos antigos e o talento mineiro para o artesanato é reconhecido internacionalmente. O artesanato mineiro é uma das mais importantes identidades de Minas Gerais, principalmente o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha, na foto, de Ernani Calazans, artesanato da artesã Alice Costa, de Minas Novas, que dá identidade a Minas e ao Brasil.  
08 - Namoradeira de janela
          Nos tempos antigos as moças mineiras que queriam se casar, não saiam para as ruas ou bailes para procurar pretendentes. Era tradição ficar encostada nas janelas de suas casas a espera de um bom pretendente. Se o rapaz se interessasse pela moça, procurava o pai e pedia a dama em namoro. A arte replicou essa tradição do século 19 em Minas, criando as famosas namoradeiras de janela, hoje decorando janelas de boa parte das casas mineiras. (foto acima de Sônia Fraga em Ouro Preto MG)
09 - Panelas em pedra sabão
          Pedra sabão é uma rocha abundante em Minas, principalmente na região do quadrilátero ferrífero, onde está Ouro Preto e Ouro Branco, onde se concentra boa parte das rochas de pedra sabão no Brasil. Além do artesanato variado que a pedra sabão origina, as panelas feitas com a rocha estão presentes nas cozinhas mineiras desde os tempos do Brasil Colônia. São panelas maravilhosas, perfeitas para o cozimento e o sabor da comida é outra coisa. Deliciosa mesmo. (foto acima do Chico do Vale)
10 - Oratório
          Antigamente existiam muitas comunidades rurais e os padres tinham dificuldades em dar atenção a todos. A fé e religiosidade do povo mineiro sempre foram fortes e mesmo na ausência da Igreja em suas comunidades, não deixavam de manifestar sua fé. Assim surgiram as rezas semanais do terço, cada semana numa casa diferente, onde todos da comunidade compareciam, já que não tinha como ter missa todos os domingos. Em cada casa tinha um pequeno oratório, onde as famílias rezavam. A prática de ter um oratório em casa existe até os dias de hoje. Faz parte das tradições mineiras e demonstração de fé do nosso povo. A simplicidade da fé e religiosidade do mineiro é uma forte identidade mineira. (foto acima de Ane Souz no Museu do Oratório de Ouro Preto MG)
11 - Carne na lata
         Conservar a carne do porco na banha é uma prática existente em Minas desde o final do século XVII. Com a chegada dos bandeirantes ao território mineiro, em busca de ouro, surgiu a necessidade de armazenar alimentos, já que o território era imenso e as viagens longas. Assim surgiu a carne na lata, presente até os dias de hoje em nossas mesas, não por falta de geladeira para conservar as carnes, mas porque é uma das nossas identidades e a carne armazenada na lata na banha é muito saborosa. (fotografia acima de Arnaldo Quintão em Itabira MG)
          Outro costume que hoje quase ninguém se lembra, era a forma de gelar cerveja no século passado. No interior mal tinha energia elétrica naqueles tempos, quem dera geladeira. Mas tinham quem não dispensava uma cervejinha de vez em quando. A forma de mantê-la fria era bem simples. Pegavam as garrafas e as enterravam nos bancos de areia às margens dos rios e ribeirões. Assim elas ficavam frias e dependendo da época, como no inverno, bem geladas. Interessante não? 
12 - O toque do sino
           Mais de 70% do patrimônio histórico nacional está em Minas Gerais, principalmente igrejas. São milhares de igrejas por todo o estado. As igrejas mais antigas têm duas torres, cada uma com um campanário para sino. As mais modernas, uma torre apenas. Isso fez com que nosso estado fosse considerado a terra dos sinos. Tocar sino é uma arte. O sineiro é um artista que entende e muito de música. O badalar dos sinos é Identidade mineira e a profissão de sineiro, valorizada e reconhecida. Tanto é que o badalar dos sinos em Minas é Patrimônio Imaterial do Estado, reconhecido pelo Iepha. (foto de César Reis em Tiradentes MG)
Essa é a primeira parte de duas reportagens sobre as identidades mineiras. São 24 ao todo. Vejam também a segunda parte.

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